domingo, agosto 29, 2004
Da série talvez
Talvez chore, quando o último pelo for raspado e as dores de cabeça se tornem inanição.
Talvez grite, quando a porta bater de repente e eu esteja fazendo coisas inconfessáveis.
Talvez goze, quando seus olhos abrirem em sorrisos multiplicados pelos espelhos.
Talvez volte, quando você finalmente molhar seu travesseiro por outro.
Talvez minta, quando seus lábios pedirem por migalhas e sua língua afinal sangre.
Talvez chore, quando o último pelo for raspado e as dores de cabeça se tornem inanição.
Talvez grite, quando a porta bater de repente e eu esteja fazendo coisas inconfessáveis.
Talvez goze, quando seus olhos abrirem em sorrisos multiplicados pelos espelhos.
Talvez volte, quando você finalmente molhar seu travesseiro por outro.
Talvez minta, quando seus lábios pedirem por migalhas e sua língua afinal sangre.
quarta-feira, agosto 25, 2004
Eu prometo que o papo não vai acabar em pizza. E o mês não terminará em lágrimas. Ontem já sonhava com tudo. Hoje penso antes de mentir. Agora é sempre um segundo depois de perceber que era isso que eu não queria, que você desejava, aquilo que nos faria rir de mãos dadas e olhos esticados. Mas a língua vadia escapa dos dentes e você escuta um sim quando a verdade era um inexorável não.
sexta-feira, agosto 20, 2004
Prosas cariocas
Contrato assinado e lançamentos marcados (dia 15/9, às 20h na Travessa de Ipanema e 18/9, às 19h, na Primavera dos Livros, no Jockey). Rufam os tambores.
Contrato assinado e lançamentos marcados (dia 15/9, às 20h na Travessa de Ipanema e 18/9, às 19h, na Primavera dos Livros, no Jockey). Rufam os tambores.
quinta-feira, agosto 19, 2004
To google
O Google lançou as ações na Nasdaq (bolsa de empresas de tecnologia) e adivinhem? Super alta. Também, pudera. O "império Google" hoje em dia é muito mais que o sistema de busca quase absoluto no mercado, com direito até a neologismo americano (to google).
O Orkut, por exemplo, é do Google. Não sabiam? E o Blogger? Quem arrisca? Pois é. Se tivesse dinheiro, também compraria ações deles.
*"NOVA YORK - As ações do Google, o mais popular site de buscas do mundo, começaram a ser cotadas no mercado eletrônico da Nasdaq nesta quinta-feira a US$ 135,91 com alta de 60% em relação ao preço de venda ao público, que era de US$ 85. A estréia da empresa no mercado era aguardada com muita expectativa, especialmente por se tratar de um dos principais lançamentos, desde o estouro da chamada "bolha tecnológica".
As ações do Google começaram a ser negociada na Nasdaq por volta do meio-dia sob o código "GOOG" e registraram seu primeiro preço em US$ 135,91. Pouco minutos depois, o papel já acusava alta de 3,68%, atingindo US$ 140.91."
*Fonte:EFE
O Google lançou as ações na Nasdaq (bolsa de empresas de tecnologia) e adivinhem? Super alta. Também, pudera. O "império Google" hoje em dia é muito mais que o sistema de busca quase absoluto no mercado, com direito até a neologismo americano (to google).
O Orkut, por exemplo, é do Google. Não sabiam? E o Blogger? Quem arrisca? Pois é. Se tivesse dinheiro, também compraria ações deles.
*"NOVA YORK - As ações do Google, o mais popular site de buscas do mundo, começaram a ser cotadas no mercado eletrônico da Nasdaq nesta quinta-feira a US$ 135,91 com alta de 60% em relação ao preço de venda ao público, que era de US$ 85. A estréia da empresa no mercado era aguardada com muita expectativa, especialmente por se tratar de um dos principais lançamentos, desde o estouro da chamada "bolha tecnológica".
As ações do Google começaram a ser negociada na Nasdaq por volta do meio-dia sob o código "GOOG" e registraram seu primeiro preço em US$ 135,91. Pouco minutos depois, o papel já acusava alta de 3,68%, atingindo US$ 140.91."
*Fonte:EFE
terça-feira, agosto 17, 2004
Não reparem, estou doente
Eu tenho medo de dormir. Só fecho os olhos quando você me sopra um silêncio eterno que vai me vigiar.
Adormeço e você chora baixinho e eu nem ao menos consigo te pedir desculpas por tudo, tanta coisa.
E cada palavra é um último suspiro, precedido e sucedido de uma pausa ofegante.
Com a cama bastante arrumada, coberto até o pescoço, os últimos segundos da vida que se esvaem na mais perfeita ordem.
Os olhos voltam a se abrir e você se apressa em enxugar as lágrimas que não vejo. Sinto sua voz chorando e ela diz que ficarei bem. Ficaremos, eu digo. Ou penso em dizer.
Você aperta meus dedos, a mão se encolhe, não sinto mais dor, apenas um espasmo muscular. Acho que gostaria que você soubesse disso.
Mas não é um sinal tão bom, você sabe. E neste momento a única coisa que pode nos salvar é justamente um sinal. Mas não esse tremor suado. Não essas paredes brancas. Não esse fim com hora marcada. Agora.
Eu tenho medo de dormir. Só fecho os olhos quando você me sopra um silêncio eterno que vai me vigiar.
Adormeço e você chora baixinho e eu nem ao menos consigo te pedir desculpas por tudo, tanta coisa.
E cada palavra é um último suspiro, precedido e sucedido de uma pausa ofegante.
Com a cama bastante arrumada, coberto até o pescoço, os últimos segundos da vida que se esvaem na mais perfeita ordem.
Os olhos voltam a se abrir e você se apressa em enxugar as lágrimas que não vejo. Sinto sua voz chorando e ela diz que ficarei bem. Ficaremos, eu digo. Ou penso em dizer.
Você aperta meus dedos, a mão se encolhe, não sinto mais dor, apenas um espasmo muscular. Acho que gostaria que você soubesse disso.
Mas não é um sinal tão bom, você sabe. E neste momento a única coisa que pode nos salvar é justamente um sinal. Mas não esse tremor suado. Não essas paredes brancas. Não esse fim com hora marcada. Agora.
Tarde, muito tarde, depois daquilo tudo que nunca de fato existiu. Escrever é relatar a existência. Documentar é mediar a verdade. Queime, rasgue, apague. Não analisemos aquilo que ainda não aconteceu.
segunda-feira, agosto 16, 2004
EPM = 4
A gripe olímpica me pegou.
A gripe olímpica me pegou.
sexta-feira, agosto 13, 2004
Porque o mundo não vai pra frente
Meu amigo Gustavo Marques me enviou esta barbaridade. Olimpíada normalmente gera momentos bonitos, em que o esporte consegue superar animosidades históricas, mas não é esse o caso de um iraniano muito cabeça dura:
"Iraniano abandona jogos após cair na chave de israelense
Das agências internacionais
Em Atenas (Grécia)
O iraniano Arash Miresmaeili, bicampeão mundial de judô, decidiu nesta sexta-feira abandonar as Olimpíadas ao saber que iria lutar contra um atleta israelense na primeira rodada da categoria meio-leves (até 66 kg).
Desde a revolução islâmica, ocorrida no Irã em 1979, o país não reconhece o direito de existência do Estado de Israel. Pelo sorteio das chaves, realizado na manhã desta sexta-feira, Miresmaeili enfrentaria o israelense Ehud Vaks em sua primeira luta no domingo, dia 15.
Miresmaeili foi o quinto colocado nas Olimpíadas de Sydney-2000 e conquistou o título mundial de 2001 e 2003, chegando a Atenas como grande favorito ao ouro.
O presidente da União Asiática de Judô, Hirofumi Otsuji, confirmou a desistência de Miresmaeili. De acordo com as regras do COI e da Federação Internacional de Judô, o atleta também deve deixar a Vila Olímpica e corre o risco de não participar das cerimônias de abertura e encerramento.
Mirismaeili havia sido escolhido para carregar a bandeira do Irã durante o desfile das delegações."
Meu amigo Gustavo Marques me enviou esta barbaridade. Olimpíada normalmente gera momentos bonitos, em que o esporte consegue superar animosidades históricas, mas não é esse o caso de um iraniano muito cabeça dura:
"Iraniano abandona jogos após cair na chave de israelense
Das agências internacionais
Em Atenas (Grécia)
O iraniano Arash Miresmaeili, bicampeão mundial de judô, decidiu nesta sexta-feira abandonar as Olimpíadas ao saber que iria lutar contra um atleta israelense na primeira rodada da categoria meio-leves (até 66 kg).
Desde a revolução islâmica, ocorrida no Irã em 1979, o país não reconhece o direito de existência do Estado de Israel. Pelo sorteio das chaves, realizado na manhã desta sexta-feira, Miresmaeili enfrentaria o israelense Ehud Vaks em sua primeira luta no domingo, dia 15.
Miresmaeili foi o quinto colocado nas Olimpíadas de Sydney-2000 e conquistou o título mundial de 2001 e 2003, chegando a Atenas como grande favorito ao ouro.
O presidente da União Asiática de Judô, Hirofumi Otsuji, confirmou a desistência de Miresmaeili. De acordo com as regras do COI e da Federação Internacional de Judô, o atleta também deve deixar a Vila Olímpica e corre o risco de não participar das cerimônias de abertura e encerramento.
Mirismaeili havia sido escolhido para carregar a bandeira do Irã durante o desfile das delegações."
quinta-feira, agosto 12, 2004
Personagens olímpicos I - seleção de futebol do Iraque
Um dia antes do nada, nasce o primeiro personagem olímpico digno de nota. O nasce, no caso, não é exagerado para um grupo de atletas que até meses atrás era espencado quando perdia - a federação de futebol era comandada por um dos filhos mortos de Saddam - e recebia bombas e tiros dos americanos.
Na véspera da abertura da Olimpíada, o Iraque derrotou a seleção portuguesa (sem Felipão no comando) por 4 a 2. O defensor Jabbar começou fazendo um gol contra, e imaginem o que deve ter passado pela cabeça do coitado (açoites, cárcere, decaptação?), mas depois os iraquianos deram um show de habilidade e, mesmo sem qualquer noção tática, passearam em campo.
Nas arquibancadas, pelo menos 500 compatriotas que deixaram o país há dois anos para buscar uma nova vida longe da guerra permanente. A cada gol, um torcedor não se continha e invadia o campo. Impulsividade amplamente justificável, mesmo sabendo das questões de segurança - afinal, EUA tremei, são árabes iraquianos tão perto dos atletas.
Com a bela vitória, a trupe de Mohammed, os filhos de Maomé, são os primeiros personagens olímpicos e xodós. Torcemos para que os iraquianos - que em plena Guerra contra o Irã disputaram a Copa de 1986 - não se deslumbrem e evitem o ouro argentino.
Um dia antes do nada, nasce o primeiro personagem olímpico digno de nota. O nasce, no caso, não é exagerado para um grupo de atletas que até meses atrás era espencado quando perdia - a federação de futebol era comandada por um dos filhos mortos de Saddam - e recebia bombas e tiros dos americanos.
Na véspera da abertura da Olimpíada, o Iraque derrotou a seleção portuguesa (sem Felipão no comando) por 4 a 2. O defensor Jabbar começou fazendo um gol contra, e imaginem o que deve ter passado pela cabeça do coitado (açoites, cárcere, decaptação?), mas depois os iraquianos deram um show de habilidade e, mesmo sem qualquer noção tática, passearam em campo.
Nas arquibancadas, pelo menos 500 compatriotas que deixaram o país há dois anos para buscar uma nova vida longe da guerra permanente. A cada gol, um torcedor não se continha e invadia o campo. Impulsividade amplamente justificável, mesmo sabendo das questões de segurança - afinal, EUA tremei, são árabes iraquianos tão perto dos atletas.
Com a bela vitória, a trupe de Mohammed, os filhos de Maomé, são os primeiros personagens olímpicos e xodós. Torcemos para que os iraquianos - que em plena Guerra contra o Irã disputaram a Copa de 1986 - não se deslumbrem e evitem o ouro argentino.
Hexa mais perto
Infelizmente, Zinedine Zidane anunciou que abandonou a seleção francesa. O mestre - que fez dois gols contra o Brasil na final de 1998 - não disputará a Copa do Mundo de 2006, na Alemanha.
O caminho ficou bem mais fácil para o escrete canarinho, mas o futebol perdeu um dos poucos craques não brasileiros do esporte. Resta apreciar a beleza e a classe de Zidane no Real até 2007. Depois, só em vt.
Infelizmente, Zinedine Zidane anunciou que abandonou a seleção francesa. O mestre - que fez dois gols contra o Brasil na final de 1998 - não disputará a Copa do Mundo de 2006, na Alemanha.
O caminho ficou bem mais fácil para o escrete canarinho, mas o futebol perdeu um dos poucos craques não brasileiros do esporte. Resta apreciar a beleza e a classe de Zidane no Real até 2007. Depois, só em vt.
quarta-feira, agosto 11, 2004
Finalistas do Portugal Telecom
Anunciaram os dez finalistas do Portugal Telecom, o prêmio da grana preta. Novamente, a Companhia das Letras foi a única editora com mais de uma indicação (quatro). Entre eles, meu predileto: Sergio Sant'anna e seu gorila.
Nada contra o Bernardo Carvalho, ótimo escritor, mas esse prêmio merece parar em outra conta corrente.
*
"Um hotel paulistano na avenida Faria Lima abrigou ontem, 10 de agosto, a nata da crítica literária brasileira. A partir das 9h30 da manhã, reuniu-se no local o Júri Nacional do Prêmio Portugal Telecom com a missão de escolher os 10 finalistas que concorrerão ao prêmio máximo de R$ 100 mil e aos prêmios de R$ 30 mil e R$ 20 mil para o segundo e terceiro lugares respectivamente.
Entre os 20 integrantes deste Júri estavam personalidades literárias como Alfredo Bosi, Flora Sussekind, José Castello, Moacyr Scliar e Nelly Novaes Coelho. A missão foi concluída às 16h30 com o anúncio dos 10 finalistas. Coube também ao Júri Nacional escolher cinco de seus membros para, junto com a Comissão Artística, formar o Júri Final. Entre os dez finalistas, apenas duas obras ? Geografia Íntima do Deserto e A Margem do Rio Móvel ? não estavam na lista indicativa de 30 obras.
A seguir a lista de finalistas do Prêmio Portugal Telecom:
Augusto Campos, por Não - Poemas (Perspectiva)
Bernardo Carvalho, por Mongólia (Companhia das Letras)
Chico Burque, por Budapeste (Companhia das Letras)
Décio Pignatari, por Céu de Lona (Travessa dos Editores)
Luis Antonio de Assis Brasil, por A Margem Imóvel do Rio (L&PM)
Manoel de Barros, por Memórias Inventadas: A Infância (Planeta)
Marcelo Mirisola, por Bangalô (Editora 34)
Micheliny Verunschk, por Geografia Íntima do Deserto (Landy)
Paulo Henrique Brito, por Macau (Companhia das Letras)
Sérgio Sant'anna, por Vôo na Madrugada (Companhia das Letras)
O Júri Final, que escolherá as três melhores obras no dia 9 de novembro, será composto por Antonio Carlos Secchin, Flávio Loureiro Chaves, Hildeberto Barbosa, Luiz Costa Lima e Regina Zilberman, além dos cinco membros da Comissão Artística (Beatriz Resende, Fábio Lucas, Cristóvão Tezza, Florisvaldo Mattos e Manuel da Costa Pinto)."
*Fonte: Publish News
Anunciaram os dez finalistas do Portugal Telecom, o prêmio da grana preta. Novamente, a Companhia das Letras foi a única editora com mais de uma indicação (quatro). Entre eles, meu predileto: Sergio Sant'anna e seu gorila.
Nada contra o Bernardo Carvalho, ótimo escritor, mas esse prêmio merece parar em outra conta corrente.
*
"Um hotel paulistano na avenida Faria Lima abrigou ontem, 10 de agosto, a nata da crítica literária brasileira. A partir das 9h30 da manhã, reuniu-se no local o Júri Nacional do Prêmio Portugal Telecom com a missão de escolher os 10 finalistas que concorrerão ao prêmio máximo de R$ 100 mil e aos prêmios de R$ 30 mil e R$ 20 mil para o segundo e terceiro lugares respectivamente.
Entre os 20 integrantes deste Júri estavam personalidades literárias como Alfredo Bosi, Flora Sussekind, José Castello, Moacyr Scliar e Nelly Novaes Coelho. A missão foi concluída às 16h30 com o anúncio dos 10 finalistas. Coube também ao Júri Nacional escolher cinco de seus membros para, junto com a Comissão Artística, formar o Júri Final. Entre os dez finalistas, apenas duas obras ? Geografia Íntima do Deserto e A Margem do Rio Móvel ? não estavam na lista indicativa de 30 obras.
A seguir a lista de finalistas do Prêmio Portugal Telecom:
Augusto Campos, por Não - Poemas (Perspectiva)
Bernardo Carvalho, por Mongólia (Companhia das Letras)
Chico Burque, por Budapeste (Companhia das Letras)
Décio Pignatari, por Céu de Lona (Travessa dos Editores)
Luis Antonio de Assis Brasil, por A Margem Imóvel do Rio (L&PM)
Manoel de Barros, por Memórias Inventadas: A Infância (Planeta)
Marcelo Mirisola, por Bangalô (Editora 34)
Micheliny Verunschk, por Geografia Íntima do Deserto (Landy)
Paulo Henrique Brito, por Macau (Companhia das Letras)
Sérgio Sant'anna, por Vôo na Madrugada (Companhia das Letras)
O Júri Final, que escolherá as três melhores obras no dia 9 de novembro, será composto por Antonio Carlos Secchin, Flávio Loureiro Chaves, Hildeberto Barbosa, Luiz Costa Lima e Regina Zilberman, além dos cinco membros da Comissão Artística (Beatriz Resende, Fábio Lucas, Cristóvão Tezza, Florisvaldo Mattos e Manuel da Costa Pinto)."
*Fonte: Publish News
FLICODUT
Mandei minha contribuição para o FLICODUT(o Festival Literário de Contos com até Duzentos Toques), projeto idealizazdo e posto em prática pelo rei do Sesc, mestre Henrique Rodrigues.
Não bastando fazer um continho com 200 toques, este tem que ter a palavra toque em seu corpo. É engraçado. Confira lá.
Mandei minha contribuição para o FLICODUT(o Festival Literário de Contos com até Duzentos Toques), projeto idealizazdo e posto em prática pelo rei do Sesc, mestre Henrique Rodrigues.
Não bastando fazer um continho com 200 toques, este tem que ter a palavra toque em seu corpo. É engraçado. Confira lá.
Veredas da Literatura
Ontem era o último dia de envio da sinopse e do material de ficcão para o Veredas da Literatura. Conheço o texto de boa parte dos 57 participantes da Oficina do Milton Hatoun e tenho certeza que a decisão do júri para conceder as duas bolsas será difícil.
Boa sorte a todos. Independente do resultado, que a galera continue escrevendo e tocando seus projetos individuais e em conjunto.
Ontem era o último dia de envio da sinopse e do material de ficcão para o Veredas da Literatura. Conheço o texto de boa parte dos 57 participantes da Oficina do Milton Hatoun e tenho certeza que a decisão do júri para conceder as duas bolsas será difícil.
Boa sorte a todos. Independente do resultado, que a galera continue escrevendo e tocando seus projetos individuais e em conjunto.
segunda-feira, agosto 09, 2004
Meet me in Montauk...
"Esse MUITO é de alguém que não passa cartas a limpo."
"Foi assim, você saberia se um dia lesse essa carta, que a nossa falta de comunicação ganhou ares oficiais. Eu li sua carta e preferi não ter lido, escolhi não ter recebido, carimbei de volta o silêncio final."
"Foi assim, você saberia se um dia lesse essa carta, que a nossa falta de comunicação ganhou ares oficiais. Eu li sua carta e preferi não ter lido, escolhi não ter recebido, carimbei de volta o silêncio final."
domingo, agosto 08, 2004
Prosas cariocas - Uma nova cartografia do Rio
Ontem, o projeto que estávamos tratando em certo segredo finalmente veio à tona. Marcelo Moutinho e eu tivemos a idéia de fazer um livro onde cada conto retratasse um bairro carioca, escrito por jovens autores do Rio. Procuramos a Casa da Palavra e, depois de algumas reuniões, fechamos o livro, os escritores, o prefaciador (ainda em segredo) e outros detalhes mais. Como saiu no Prosa e Verso, do Globo, uma nota falando do livro, ele agora pode se tornar público:
"Prosas cariocas, da Zona Sul à Zona Norte
O Rio, fonte inesgotável para a literatura, inspira os novos contistas que vão mostrar um pouco de seu talento no livro
"Prosas cariocas - Uma nova cartografia do Rio", organizado por Flavio Izhaki e Marcelo Moutinho. A coletânea está sendo editada pela Casa da Palavra e será lançada na época da Primavera dos Livros, a bienal cult dos pequenos e médios editores, no Jockey Club, na Gávea. Participam, além de Moutinho e Izhaki, outros 14 autores, entre eles Adriana Lisboa, J.P. Cuenca, Juva Batella, Bianca Ramoneda, Antonia Pellegrino, Augusto Sales, Mara Coradello, Sidney Silveira. Cada conto se passa num bairro diferente da cidade. "Vamos fazer um certo barulho", promete Moutinho."
Além dos citados na nota, teremos as ilustres presenças de Henrique Rodrigues, Mariel F. dos Reis, Ana Beatriz Guerra, Miguel Conde e Marcelo Alves.
Ontem, toda essa trupe se juntou - pela primeira vez - para tirarmos as fotos de divulgação do livro, que serão postadas aqui, em outros blogs e nos jornais brevemente.
O lançamento oficial deverá ser em meados de setembro (data a confirmar), na semana anterior a Primavera dos Livros. Esperemos...
Ontem, o projeto que estávamos tratando em certo segredo finalmente veio à tona. Marcelo Moutinho e eu tivemos a idéia de fazer um livro onde cada conto retratasse um bairro carioca, escrito por jovens autores do Rio. Procuramos a Casa da Palavra e, depois de algumas reuniões, fechamos o livro, os escritores, o prefaciador (ainda em segredo) e outros detalhes mais. Como saiu no Prosa e Verso, do Globo, uma nota falando do livro, ele agora pode se tornar público:
"Prosas cariocas, da Zona Sul à Zona Norte
O Rio, fonte inesgotável para a literatura, inspira os novos contistas que vão mostrar um pouco de seu talento no livro
"Prosas cariocas - Uma nova cartografia do Rio", organizado por Flavio Izhaki e Marcelo Moutinho. A coletânea está sendo editada pela Casa da Palavra e será lançada na época da Primavera dos Livros, a bienal cult dos pequenos e médios editores, no Jockey Club, na Gávea. Participam, além de Moutinho e Izhaki, outros 14 autores, entre eles Adriana Lisboa, J.P. Cuenca, Juva Batella, Bianca Ramoneda, Antonia Pellegrino, Augusto Sales, Mara Coradello, Sidney Silveira. Cada conto se passa num bairro diferente da cidade. "Vamos fazer um certo barulho", promete Moutinho."
Além dos citados na nota, teremos as ilustres presenças de Henrique Rodrigues, Mariel F. dos Reis, Ana Beatriz Guerra, Miguel Conde e Marcelo Alves.
Ontem, toda essa trupe se juntou - pela primeira vez - para tirarmos as fotos de divulgação do livro, que serão postadas aqui, em outros blogs e nos jornais brevemente.
O lançamento oficial deverá ser em meados de setembro (data a confirmar), na semana anterior a Primavera dos Livros. Esperemos...
sexta-feira, agosto 06, 2004
Los Hermanos Metal
Eu adoro Los Hermanos, muita gente sabe disso. Sempre ouvia nas entrevistas que eles tinham certa influência de rock pesado, mas nos cds não conseguia dimensionar muito bem isso.
Pois ontem estava fuçando o site da banda e resolvi ouvir as duas fitas demos. É muito diferente, senhoras e senhoras, e olha que estou falando essencialmente das mesmas letras e arranjos.
Só que em "Barbara", uma das minhas músicas preferidas do primeiro cd, está na demo Amor e Folia (jan/98) com guirarra de metal poderosa. Mal se ouve a voz do Camelo.
Na outra demo, Chora (out/98), o hit "Quem Sabe", que também viria a compor o primeiro cd, está pessimamente mal cantada pelo Amarante. É chocante como ele melhorou e aprimorou seu estilo de cantar. Hoje ele manda muito bem, mas nessa demo...parece eu cantando. Dá pena.
Para quem gosta, vale a pena a visita.
Eu adoro Los Hermanos, muita gente sabe disso. Sempre ouvia nas entrevistas que eles tinham certa influência de rock pesado, mas nos cds não conseguia dimensionar muito bem isso.
Pois ontem estava fuçando o site da banda e resolvi ouvir as duas fitas demos. É muito diferente, senhoras e senhoras, e olha que estou falando essencialmente das mesmas letras e arranjos.
Só que em "Barbara", uma das minhas músicas preferidas do primeiro cd, está na demo Amor e Folia (jan/98) com guirarra de metal poderosa. Mal se ouve a voz do Camelo.
Na outra demo, Chora (out/98), o hit "Quem Sabe", que também viria a compor o primeiro cd, está pessimamente mal cantada pelo Amarante. É chocante como ele melhorou e aprimorou seu estilo de cantar. Hoje ele manda muito bem, mas nessa demo...parece eu cantando. Dá pena.
Para quem gosta, vale a pena a visita.
Coleguinha olímpico
Amanhã meu amigo Vitor Sérgio Rodrigues embarca para fazer a cobertura da Olimpíada pelo Lance. Taí um cara batalhador, boa gente e que sabe tudo de esportes. Lá pelos idos de 2001, quando trabalhamos na Globo.com, dividíamos a mesma mesa, em períodos diferentes do dia.
Ambos estagiários começando, afoitos para mostrar serviço. O Vitor trabalhava de manhã, eu à noite. O problema era que ele jamais se contentou em trabalhar as horas necessárias, sempre invadia a tarde toda, deixava a cadeira quente, o computador cansado.
Mesmo assim, mal nos víamos e só passamos a ser amigos quando trabalhamos no ano seguinte na Top Sports. O Vitor é bom, muito bom, ótimo e vai dar um show de cobertura em Atenas. Com direito até a blog oficial no Lance, que divulgarei quando estiver no ar.
Boa viagem, seus companheiros de 3desetembro estarão aqui torcendo por você.
Amanhã meu amigo Vitor Sérgio Rodrigues embarca para fazer a cobertura da Olimpíada pelo Lance. Taí um cara batalhador, boa gente e que sabe tudo de esportes. Lá pelos idos de 2001, quando trabalhamos na Globo.com, dividíamos a mesma mesa, em períodos diferentes do dia.
Ambos estagiários começando, afoitos para mostrar serviço. O Vitor trabalhava de manhã, eu à noite. O problema era que ele jamais se contentou em trabalhar as horas necessárias, sempre invadia a tarde toda, deixava a cadeira quente, o computador cansado.
Mesmo assim, mal nos víamos e só passamos a ser amigos quando trabalhamos no ano seguinte na Top Sports. O Vitor é bom, muito bom, ótimo e vai dar um show de cobertura em Atenas. Com direito até a blog oficial no Lance, que divulgarei quando estiver no ar.
Boa viagem, seus companheiros de 3desetembro estarão aqui torcendo por você.
quinta-feira, agosto 05, 2004
Nas frestas do quase e do nunca, o talvez. Peço socorro em letras vermelhas e azuis. Palavras demais serão movediças. Jogo de sentidos, brincadeira de gente grande.
quarta-feira, agosto 04, 2004
Parte de alguma coisa...
...Se pelo menos uma letrinha estivesse borrada com lágrimas eu poderia suscitar alguma coisa, mas não. Você sempre passou suas cartas a limpo. Você sempre me enviou sentimentos exatos, sem transbordar afeto pelos olhos e letras.
...Se pelo menos uma letrinha estivesse borrada com lágrimas eu poderia suscitar alguma coisa, mas não. Você sempre passou suas cartas a limpo. Você sempre me enviou sentimentos exatos, sem transbordar afeto pelos olhos e letras.
Quantas medalhas?
A revista Sports Ilustrated divulgou sua clássica previsão de medalhas para as Olimpíadas. Em 2000, a publicação afirmou que o Brasil ganharia cinco ouros (futebol masculino, tênis (Guga), hipismo (Rodrigo Pessoa), iatismo (Robert Scheidt) e vôlei de praia feminino (Adriana Behar e Shelda)).
Como quase todos se lembram, o Brasil não ganhou nenhum ouro.
Dessa vez, a Sports Ilustrated previu quatro ouros para o Brasil (vôlei masculino, Scheidt, Daiane e vôlei de praia masculino (Ricardo e Emanuel)).
Será que dessa vez acertam?
A revista Sports Ilustrated divulgou sua clássica previsão de medalhas para as Olimpíadas. Em 2000, a publicação afirmou que o Brasil ganharia cinco ouros (futebol masculino, tênis (Guga), hipismo (Rodrigo Pessoa), iatismo (Robert Scheidt) e vôlei de praia feminino (Adriana Behar e Shelda)).
Como quase todos se lembram, o Brasil não ganhou nenhum ouro.
Dessa vez, a Sports Ilustrated previu quatro ouros para o Brasil (vôlei masculino, Scheidt, Daiane e vôlei de praia masculino (Ricardo e Emanuel)).
Será que dessa vez acertam?
terça-feira, agosto 03, 2004
Mitos esportivos dos anos 80 - derrocada em três atos
Os anos 80 foram conhecidos mundialmente como a década perdida. Não tiveram a aura política dos anos 60, muito menos a libertária dos 70. Porém, ultimamente estão na moda. Explicar o porquê disso seria uma tarefa para um trabalho sociológico, o que não cabe aqui, mas suspeito que tenha ligação com a infância perdida de cada um de nós que tem entre 20 e 30 e poucos.
Mas essa coluna visa pensar outro fenômeno dos anos 80 - os astros esportivos e suas derrocadas. A televisão começou nos anos 40 nos EUA, 50 no Brasil (com a Tupi do Chatô - para alguma coisa a faculdade serviu), mas apenas na década de 80 chegou ao patamar similar ao que temos hoje, com o endeusamento de atletas como mitos.
Escolhi falar sobre três deles - na minha opinião, os mais relevantes dos anos 80. A trajetória destes é conhecida pelos fãs de esporte, mas lendo "os finais" dos três juntos podemos suscitar questionamentos interessantes. São eles, os eleitos: Maradona, futebol, Mike Tyson, boxe, e Magic Johnson, basquete.
A derrocada de cada um deles representa um aspecto do desbunde coletivo que foi a década de 80. Comecemos pelo mais próximo da nossa realidade de "país do futebol": Maradona. Assim como os dois colegas de artigo, teve a infância pobre, mas cedo já brilhava na Argentina - foi campeão mundial júnior em 1979 - e rapidamente adquiriu status de gênio em seu país natal, tanto que era mais valorizado que os jogadores que foram campeões da Copa de 1978.
Logo a Argentina ficou pequena, e depois de uma passagem rápida pelo Barcelona, "El Pibe" desembarcou em Nápoles, cidade meridional da Itália com um time de pouca tradição, mas muita torcida. Em cinco anos, de 1986 até 1990, levou a limitada seleção Argentina ao título de 1986 - numa competição que hoje é lembrada como a Copa de Maradona - o Napoli a dois títulos italianos e uma Copa da Uefa, e los hermanos até a final da Copa de 1990, mesmo com um time claudicante.
Esses anos fizeram de Maradona um mito na Argentina e Itália e um ídolo mundial no futebol. Mas também trouxeram as drogas junto. Cercado de bajuladores que o consideravam divino - "la mano de Díos" é mais do que uma expressão de ocasião -, Maradona praticamente perdeu noção da sua condição de humano. Entrou fundo nas drogas, especialmente a cocaína, e iniciou sua viagem sem retorno.
Hoje, dizem, sem dinheiro, sem amigos verdadeiros e sem a família, despedaçada pelos anos difíceis, vive o epílogo de sua vida em Cuba. A coração e pulmão já foram para o espaço e, sinceramente, Maradona pode morrer a qualquer instante.
Falamos das drogas, continuemos então nossa tríade com a violência. Ninguém exprime melhor essa condição do que Mike Tyson. O mesmo roteiro de Maradona...infância pobre, mitificação ainda juvenil (foi o campeão mais jovem dos pesados) e a educação de que os punhos cerrados eram o segredo da vida.
Tyson foi derrubando seus adversários na prepotência, esqueceu os treinos e partiu para a diversão: comprou tigres, mulheres e mansões, até que foi derrubado por James Buster Douglas, numa luta caça-níquel no Japão.
Caia a áurea de invencível, mas não o mito. Muita gente viu aquilo como uma obra do acaso - um descuido; Tyson também. Mas nos anos seguintes vieram uma mulher que o acusou de estupro - e ele seguiu rindo para a cadeia, Holyfield e Holyfield de novo - e sua finada orelha - e o entre-e-sai da cadeia, e o sobe e derruba das lutas compradas e a perda das mansões até que, neste fim de semana, falido, Tyson perdeu mais uma vez - provavelmente não a última, embora ele não perceba que sua derrota derradeira já aconteceu.
Drogas, violência e? Sexo, claro. Quem viu o filme Cazuza sabe que no final da década de 80 a AIDS ainda era uma ameaça nebulosa. Certa vez Wilt Chamberlain, um dos maiores jogadores de basquete de todos os tempos, declarou ter dormido com mais de 3000 mulheres na vida. O número absurdo tem fundamento, já que na NBA se viaja todos os dias e os hotéis são verdadeiros oásis para orgias em cada cidade. Magic com certeza contraiu o vírus HIV em uma dessas experiências extraconjugais.
O homem do sorriso de 1 milhão de dólares chocou o mundo ao anunciar a aposentadoria forçada em 1991. Foi bem acolhido e ainda foi votado e jogou o All Star Game daquela temporada, 1992, e ganhou o ouro olímpico em Barcelona.
Tentou a carreira de técnico, dirigente e até jogador novamente. Não conseguiu acompanhar o ritmo da NBA e ainda sofreu com o preconceito - Karl Malone chegou a declarar, em sua ignorância texana, que tinha medo de atuar contra Magic. Hoje é um embaixador do esporte e da saúde, mas sabe que perdeu boa parte da carreira para a doença.
Os anos 80 criaram e despedaçaram mitos com uma força que nunca vimos antes. Psicologicamente, todos os grandes astros mostraram-se fracos e sucumbiram à facilidade do estrelato. Nenhum dos três maiores ídolos de uma geração conseguiu terminar a carreira com o brilhantismo que começou. E, para falar a verdade, nesta altura do campeonato, como os fatos aqui narrados demonstram, ainda têm sorte por estarem vivos.
Os anos 80 foram conhecidos mundialmente como a década perdida. Não tiveram a aura política dos anos 60, muito menos a libertária dos 70. Porém, ultimamente estão na moda. Explicar o porquê disso seria uma tarefa para um trabalho sociológico, o que não cabe aqui, mas suspeito que tenha ligação com a infância perdida de cada um de nós que tem entre 20 e 30 e poucos.
Mas essa coluna visa pensar outro fenômeno dos anos 80 - os astros esportivos e suas derrocadas. A televisão começou nos anos 40 nos EUA, 50 no Brasil (com a Tupi do Chatô - para alguma coisa a faculdade serviu), mas apenas na década de 80 chegou ao patamar similar ao que temos hoje, com o endeusamento de atletas como mitos.
Escolhi falar sobre três deles - na minha opinião, os mais relevantes dos anos 80. A trajetória destes é conhecida pelos fãs de esporte, mas lendo "os finais" dos três juntos podemos suscitar questionamentos interessantes. São eles, os eleitos: Maradona, futebol, Mike Tyson, boxe, e Magic Johnson, basquete.
A derrocada de cada um deles representa um aspecto do desbunde coletivo que foi a década de 80. Comecemos pelo mais próximo da nossa realidade de "país do futebol": Maradona. Assim como os dois colegas de artigo, teve a infância pobre, mas cedo já brilhava na Argentina - foi campeão mundial júnior em 1979 - e rapidamente adquiriu status de gênio em seu país natal, tanto que era mais valorizado que os jogadores que foram campeões da Copa de 1978.
Logo a Argentina ficou pequena, e depois de uma passagem rápida pelo Barcelona, "El Pibe" desembarcou em Nápoles, cidade meridional da Itália com um time de pouca tradição, mas muita torcida. Em cinco anos, de 1986 até 1990, levou a limitada seleção Argentina ao título de 1986 - numa competição que hoje é lembrada como a Copa de Maradona - o Napoli a dois títulos italianos e uma Copa da Uefa, e los hermanos até a final da Copa de 1990, mesmo com um time claudicante.
Esses anos fizeram de Maradona um mito na Argentina e Itália e um ídolo mundial no futebol. Mas também trouxeram as drogas junto. Cercado de bajuladores que o consideravam divino - "la mano de Díos" é mais do que uma expressão de ocasião -, Maradona praticamente perdeu noção da sua condição de humano. Entrou fundo nas drogas, especialmente a cocaína, e iniciou sua viagem sem retorno.
Hoje, dizem, sem dinheiro, sem amigos verdadeiros e sem a família, despedaçada pelos anos difíceis, vive o epílogo de sua vida em Cuba. A coração e pulmão já foram para o espaço e, sinceramente, Maradona pode morrer a qualquer instante.
Falamos das drogas, continuemos então nossa tríade com a violência. Ninguém exprime melhor essa condição do que Mike Tyson. O mesmo roteiro de Maradona...infância pobre, mitificação ainda juvenil (foi o campeão mais jovem dos pesados) e a educação de que os punhos cerrados eram o segredo da vida.
Tyson foi derrubando seus adversários na prepotência, esqueceu os treinos e partiu para a diversão: comprou tigres, mulheres e mansões, até que foi derrubado por James Buster Douglas, numa luta caça-níquel no Japão.
Caia a áurea de invencível, mas não o mito. Muita gente viu aquilo como uma obra do acaso - um descuido; Tyson também. Mas nos anos seguintes vieram uma mulher que o acusou de estupro - e ele seguiu rindo para a cadeia, Holyfield e Holyfield de novo - e sua finada orelha - e o entre-e-sai da cadeia, e o sobe e derruba das lutas compradas e a perda das mansões até que, neste fim de semana, falido, Tyson perdeu mais uma vez - provavelmente não a última, embora ele não perceba que sua derrota derradeira já aconteceu.
Drogas, violência e? Sexo, claro. Quem viu o filme Cazuza sabe que no final da década de 80 a AIDS ainda era uma ameaça nebulosa. Certa vez Wilt Chamberlain, um dos maiores jogadores de basquete de todos os tempos, declarou ter dormido com mais de 3000 mulheres na vida. O número absurdo tem fundamento, já que na NBA se viaja todos os dias e os hotéis são verdadeiros oásis para orgias em cada cidade. Magic com certeza contraiu o vírus HIV em uma dessas experiências extraconjugais.
O homem do sorriso de 1 milhão de dólares chocou o mundo ao anunciar a aposentadoria forçada em 1991. Foi bem acolhido e ainda foi votado e jogou o All Star Game daquela temporada, 1992, e ganhou o ouro olímpico em Barcelona.
Tentou a carreira de técnico, dirigente e até jogador novamente. Não conseguiu acompanhar o ritmo da NBA e ainda sofreu com o preconceito - Karl Malone chegou a declarar, em sua ignorância texana, que tinha medo de atuar contra Magic. Hoje é um embaixador do esporte e da saúde, mas sabe que perdeu boa parte da carreira para a doença.
Os anos 80 criaram e despedaçaram mitos com uma força que nunca vimos antes. Psicologicamente, todos os grandes astros mostraram-se fracos e sucumbiram à facilidade do estrelato. Nenhum dos três maiores ídolos de uma geração conseguiu terminar a carreira com o brilhantismo que começou. E, para falar a verdade, nesta altura do campeonato, como os fatos aqui narrados demonstram, ainda têm sorte por estarem vivos.
Nulo?
E a eleição para a prefeitura do Rio? A coisa tá negra. Apesar de ser filosoficamente contra, estou pensando em anular o voto.
E a eleição para a prefeitura do Rio? A coisa tá negra. Apesar de ser filosoficamente contra, estou pensando em anular o voto.
segunda-feira, agosto 02, 2004
Quando crescer...
...quero ser Charlie Kaufman.
...quero ser Charlie Kaufman.
Pipi Show
No sábado, pela primeira vez li em voz alta publicamente um texto meu. Não é uma situação em que me sinta confortável - por isso mesmo foi providencial o pano preto que me separava dos ouvintes.
Confesso que precisei tomar uns bons copos de cerveja para encarar a empreitada, mas valeu a pena. Definitivamente eu não levo jeito para isso, mas na expectativa de ficar um leitor "menos pior", posso tentar novamente na próxima edição do Pipi Show Literário.
Obrigado, Mara, pelo convite.
Vou postar aqui embaixo o texto que li primeiro no sábado. É uma brincadeira com o "novíssimo" escritor lendo seu texto em público (by the way, não foi feito para a ocasião):
Bocejos
Longe do refugio seguro da sua cabeça, sem a bendita intermediação da tela do computador, o novíssimo escritor sofre ao ler seu conto em voz alta para o pequeno público, mas consegue. Sim, consegue. Em um só fôlego, sem abrir as narinas para respirar, sem levantar a cabeça para assentir, comendo vírgulas, pontos finais e parágrafos, afoito, indefeso, consegue.
Colhe aplausos, passivos, educados, com apenas uma mão estalando na outra, não provoca cochichos, comentários, em branco, inerte, sorri, mesmo assim, cansado, músculos rijos, com a raiz do couro cabeludo suada, "tá quente aqui", passa o microfone adiante, poderia ir para casa, mas fica.
Fica, refestelado na cadeira, isso, refestelado, olhando, ouvindo, observando, retornando a sua condição de escritor, aquele que observa, minúcias, nuances, tremores, relances.
Um bocejo o desafia, logo na segunda fileira, uma senhora, professora primária com dois livros de amor escritos e guardados dentro de sua gaveta, escondidos do novo amante, do ex-marido, ignorados pela irmã, rejeitados, em segredo, sempre, por duas grandes editoras. Boceja.
Bocejo. Bocejo não, bocejo não, pensa o escritor. Bocejo sim, bocejo sim. Bocejo sim, a estudante de letras, bocejo sim, o engenheiro de som, bocejo sim, o economista, namorado da jornalista, bocejo sim, a jornalista, bocejo sim, o vendedor de seguros, bocejo sim, o pai da escritora, que lê, cabeça baixa, comendo vírgulas, pontos finais e parágrafos.
Bocejo sim, a sala inteira, um grande bocejar, onda semi-silenciosa, educada, salutar, indefensável, prenunciadora, desmoralizante.
A novíssima escritora termina a leitura, levanta a cabeça, com a raiz do couro cabeludo suada, "tá quente aqui", colhe aplausos, efusivos, é a última a falar, provoca cochichos, "vambora daqui", comentários, "até que enfim", e sorri.
Foi o melhor momento da vida dela. Juro.
No sábado, pela primeira vez li em voz alta publicamente um texto meu. Não é uma situação em que me sinta confortável - por isso mesmo foi providencial o pano preto que me separava dos ouvintes.
Confesso que precisei tomar uns bons copos de cerveja para encarar a empreitada, mas valeu a pena. Definitivamente eu não levo jeito para isso, mas na expectativa de ficar um leitor "menos pior", posso tentar novamente na próxima edição do Pipi Show Literário.
Obrigado, Mara, pelo convite.
Vou postar aqui embaixo o texto que li primeiro no sábado. É uma brincadeira com o "novíssimo" escritor lendo seu texto em público (by the way, não foi feito para a ocasião):
Bocejos
Longe do refugio seguro da sua cabeça, sem a bendita intermediação da tela do computador, o novíssimo escritor sofre ao ler seu conto em voz alta para o pequeno público, mas consegue. Sim, consegue. Em um só fôlego, sem abrir as narinas para respirar, sem levantar a cabeça para assentir, comendo vírgulas, pontos finais e parágrafos, afoito, indefeso, consegue.
Colhe aplausos, passivos, educados, com apenas uma mão estalando na outra, não provoca cochichos, comentários, em branco, inerte, sorri, mesmo assim, cansado, músculos rijos, com a raiz do couro cabeludo suada, "tá quente aqui", passa o microfone adiante, poderia ir para casa, mas fica.
Fica, refestelado na cadeira, isso, refestelado, olhando, ouvindo, observando, retornando a sua condição de escritor, aquele que observa, minúcias, nuances, tremores, relances.
Um bocejo o desafia, logo na segunda fileira, uma senhora, professora primária com dois livros de amor escritos e guardados dentro de sua gaveta, escondidos do novo amante, do ex-marido, ignorados pela irmã, rejeitados, em segredo, sempre, por duas grandes editoras. Boceja.
Bocejo. Bocejo não, bocejo não, pensa o escritor. Bocejo sim, bocejo sim. Bocejo sim, a estudante de letras, bocejo sim, o engenheiro de som, bocejo sim, o economista, namorado da jornalista, bocejo sim, a jornalista, bocejo sim, o vendedor de seguros, bocejo sim, o pai da escritora, que lê, cabeça baixa, comendo vírgulas, pontos finais e parágrafos.
Bocejo sim, a sala inteira, um grande bocejar, onda semi-silenciosa, educada, salutar, indefensável, prenunciadora, desmoralizante.
A novíssima escritora termina a leitura, levanta a cabeça, com a raiz do couro cabeludo suada, "tá quente aqui", colhe aplausos, efusivos, é a última a falar, provoca cochichos, "vambora daqui", comentários, "até que enfim", e sorri.
Foi o melhor momento da vida dela. Juro.