segunda-feira, novembro 27, 2006
Henrique Rodrigues revela sua Musa Diluída nesta terça-feira, na Travessa, às 19h30. Como elogio de amigo perde peso, cedo a palavra para Italo Moriconi, na orelha do livro:
...Não posso no espaço de uma sucinta apresentação indicar a grande variedade de remissões a poetas e poemas do passado nos textos de Henrique Rodrigues, assim como a sofisticação, inclusive filosófica, com que os temas vão se bifurcando e retornando, estabelecendo diálogos e encaixes entre poemas situados em pontos diferentes do livro...
sexta-feira, novembro 17, 2006
Major galopante
Suderj informa:
Entra Puskas no time do céu (tá bom, eu não acredito em céu, mas whatever):
Agora a linha de frente está formada com: Zizinho, Didi, Puskas, Garrincha e Leonidas.
Suderj informa:
Entra Puskas no time do céu (tá bom, eu não acredito em céu, mas whatever):
Agora a linha de frente está formada com: Zizinho, Didi, Puskas, Garrincha e Leonidas.
quinta-feira, novembro 16, 2006
O faz-tudo, de Bernard Malamud
As teorias sobre o que separa um grande, ótimo livro de um clássico são vastas e baseadas em argumentos além do achismo em que geralmente me apóio. O vermelho e o negro, de Stendhal, definitivamente, é um clássico da Literatura, com o chamado L maiúsculo, embora sua estrutura seja folhetinesca. Mas é no personagem, Julien Sorel, que está o além do romance, a formação e a queda de uma pessoa escrutinadas em um calhamaço de páginas.
Outros livros são grandes, ótimos, e cito mais uma vez A história do amor, de Nicole Krauss, que li este ano após a Flip, na qual a jovem autora americana compareceu. Mas talvez por fragmentar demais o foco não consiga transcender, embora comova, ensine, entretenha, e tudo mais que um bom livro deve alcançar.
Pegue um faz-tudo judeu na Russia czarista de 1911, tire da rede de proteção furada de um shtetl - prestes a ser mais uma vez transposta por uma dezena de pogroms - e jogue numa Kiev anti-semita em ebulição. Esse faz-tudo, sem nenhum dinheiro no bolso, salva a vida de um senhor rico logo em uma de suas primeiras noites na cidade. Como agradecimento, recebe um emprego de um supervisor na olaria deste velho - que anda com um broche dos Centúrias Negras, organização anti-semita da época.
Iákov Bok tem medo, fome e não informa que é judeu, pelo contrário, inventa um sobrenome russo, um passado de camponês, e acaba aceitando o emprego, mesmo que esse seja em um bairro que em judeus não tem permissão para morar ou trabalhar.
Tudo vai relativamente bem até que um menino russo cristão é encontrado morto numa caverna, exangue, com o corpo todo furado. A inexorável acusação cai sobre Bok. Logo descobrem que ele é judeu e o sentenciam ao confinamento sem chance de absolvição. A acusação é estapafúrdia: ele teria matado o menino para drenar seu sangue num suposto ritual judaico para fabricação de matzos para o Pessach. As provas não existem, são invenções e crendices, as testemunhas forjadas entre pessoas assustadas de um país pobre a beira do caos, politicamente instável um punhado de anos antes da Revolução.
Imaginem o esfacelamento físico e moral de K. no Processo kafkiano e adicione, multiplique. Bernard Malamud foi adiante: tortura física - agressões, envenenamento, revistas humilhantes seis vezes ao dia, cela gelada, úmida, na Ucrânia congelada - mental - o acusam de magia negra, desrespeito aos rituais cristãos, o trancam numa solitária sem contato com o exterior por anos, dizem que ele vai apodrecer ali sem sequer ser julgado.
Malamud explora a semi-ignorância do faz-tudo para esmiuçar as religiões. Este não é um livro sobre o judaísmo. Bok sempre se mostra descrente com a religião, qualquer delas, declara-se um livre-pensador, jamais se adaptou a própria aldeia natal. Em sua solidão ele repetidamente mostra os vácuos do judaísmo, as interpretações nefandas do cristianismo a partir de leituras equivocadas do Novo testamento. O autor nos dá uma aula de história, de moral (e da falta dela), e por meio daquele restolho de gente que vira Bok consegue roçar os grandes temas como Mann fez em A montanha mágica, mas Malamud também vai além, a destruição e o engrandecimento - a contragosto! - de Iákov Bok é ainda maior que o de Hans Castorp.
Bernard Malamud não escreveu para não esquecer, como Primo Levi. É judeu americano filho de pais russos que emigraram para os EUA no início do século XX. A história é baseada em fatos reais - Iákov Bok existiu como Mendel Beilis. Malamud escreve para lembrar, lembrarmos, com um faz-tudo sem educação é capaz de mostrar a ignorância de uma época, ainda a nossa época, seja Bok, Beilis, um judeu, cristão, negro, homossexual ou qualquer minoria perseguida.
__________
O faz-tudo, de Bernard Malamud, foi reeditado este ano pela Record dentro do projeto Grandes Traduções (a deste livro por Maria Alice Máximo), com posfácio de Moacyr Scliar.
As teorias sobre o que separa um grande, ótimo livro de um clássico são vastas e baseadas em argumentos além do achismo em que geralmente me apóio. O vermelho e o negro, de Stendhal, definitivamente, é um clássico da Literatura, com o chamado L maiúsculo, embora sua estrutura seja folhetinesca. Mas é no personagem, Julien Sorel, que está o além do romance, a formação e a queda de uma pessoa escrutinadas em um calhamaço de páginas.
Outros livros são grandes, ótimos, e cito mais uma vez A história do amor, de Nicole Krauss, que li este ano após a Flip, na qual a jovem autora americana compareceu. Mas talvez por fragmentar demais o foco não consiga transcender, embora comova, ensine, entretenha, e tudo mais que um bom livro deve alcançar.
Pegue um faz-tudo judeu na Russia czarista de 1911, tire da rede de proteção furada de um shtetl - prestes a ser mais uma vez transposta por uma dezena de pogroms - e jogue numa Kiev anti-semita em ebulição. Esse faz-tudo, sem nenhum dinheiro no bolso, salva a vida de um senhor rico logo em uma de suas primeiras noites na cidade. Como agradecimento, recebe um emprego de um supervisor na olaria deste velho - que anda com um broche dos Centúrias Negras, organização anti-semita da época.
Iákov Bok tem medo, fome e não informa que é judeu, pelo contrário, inventa um sobrenome russo, um passado de camponês, e acaba aceitando o emprego, mesmo que esse seja em um bairro que em judeus não tem permissão para morar ou trabalhar.
Tudo vai relativamente bem até que um menino russo cristão é encontrado morto numa caverna, exangue, com o corpo todo furado. A inexorável acusação cai sobre Bok. Logo descobrem que ele é judeu e o sentenciam ao confinamento sem chance de absolvição. A acusação é estapafúrdia: ele teria matado o menino para drenar seu sangue num suposto ritual judaico para fabricação de matzos para o Pessach. As provas não existem, são invenções e crendices, as testemunhas forjadas entre pessoas assustadas de um país pobre a beira do caos, politicamente instável um punhado de anos antes da Revolução.
Imaginem o esfacelamento físico e moral de K. no Processo kafkiano e adicione, multiplique. Bernard Malamud foi adiante: tortura física - agressões, envenenamento, revistas humilhantes seis vezes ao dia, cela gelada, úmida, na Ucrânia congelada - mental - o acusam de magia negra, desrespeito aos rituais cristãos, o trancam numa solitária sem contato com o exterior por anos, dizem que ele vai apodrecer ali sem sequer ser julgado.
Malamud explora a semi-ignorância do faz-tudo para esmiuçar as religiões. Este não é um livro sobre o judaísmo. Bok sempre se mostra descrente com a religião, qualquer delas, declara-se um livre-pensador, jamais se adaptou a própria aldeia natal. Em sua solidão ele repetidamente mostra os vácuos do judaísmo, as interpretações nefandas do cristianismo a partir de leituras equivocadas do Novo testamento. O autor nos dá uma aula de história, de moral (e da falta dela), e por meio daquele restolho de gente que vira Bok consegue roçar os grandes temas como Mann fez em A montanha mágica, mas Malamud também vai além, a destruição e o engrandecimento - a contragosto! - de Iákov Bok é ainda maior que o de Hans Castorp.
Bernard Malamud não escreveu para não esquecer, como Primo Levi. É judeu americano filho de pais russos que emigraram para os EUA no início do século XX. A história é baseada em fatos reais - Iákov Bok existiu como Mendel Beilis. Malamud escreve para lembrar, lembrarmos, com um faz-tudo sem educação é capaz de mostrar a ignorância de uma época, ainda a nossa época, seja Bok, Beilis, um judeu, cristão, negro, homossexual ou qualquer minoria perseguida.
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O faz-tudo, de Bernard Malamud, foi reeditado este ano pela Record dentro do projeto Grandes Traduções (a deste livro por Maria Alice Máximo), com posfácio de Moacyr Scliar.
segunda-feira, novembro 13, 2006
terça-feira, novembro 07, 2006
Eu queria ter a minha vida do papel
Coloque no papel :-)
[#] Marcelo (@) (w) em 08/11/06 16:20
A que coloquei no papel [romance] quero, não, tá doido. Quero a do papel.
Papel de que, quem? Higiênico?
[#] Mimico em 08/11/06 16:39
Metaforas não são contigo, né Mimico (ou mímico?).
Coloque no papel :-)
[#] Marcelo (@) (w) em 08/11/06 16:20
A que coloquei no papel [romance] quero, não, tá doido. Quero a do papel.
Papel de que, quem? Higiênico?
[#] Mimico em 08/11/06 16:39
Metaforas não são contigo, né Mimico (ou mímico?).