<$BlogRSDUrl$>

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Sávio mal chegou, vai embora.

Eu que esperei uma década pelo retorno, para poder gritar "Ê ô, ê ô, o Sávio é o Terror", vou ter que mudar a rima para traidor. A palavra é forte, mas não exagerada. O atacante voltou depois de uma, duas gerações, jogando mal, se enrolando com a bola, ficando a maioria dos seis meses que esteve na Gávea no departamento médico.

Nos aúreos tempos, apenas Ronald, um medíocre lateral-direito com o corpo cheio de manchas de vitiligo, que começou no Americano e depois foi para o Fluminense, conseguia pará-lo. Garrincha também tinha seu Ronald, que se chamava Jordan, um defensor canhoto do Flamengo que parava o Mané. Meu pai sempre me contou essa história (depois de publicado este texto, meu pai ligou para dizer que o Jordan não pava o Garricha, ele apenas tentava parar o Garrincha).

Mas para Sávio, nesses 11 jogos (nenhum gol) do retorno, parece que as equipes adversárias eram formadas por 11 Ronalds. Suas atuações foram constrangedoras e a torcida, mesmo os fãs da minha geração, já pensavam em ensaiar vaias. Mas para quê, se ano que vem, este ano, a Libertadores tão sonhada chegaria e Sávio estaria enfim adaptado, pronto para entortar os marcadores e cruzar para Obina ou Nilmar!, Nilmar!, marcar.

Mas Sávio vai embora, por duas mariolas e quatro bananadas (no Flamengo ele ganhava duas mariolas e duas goiabadas); jogar no Real Sociedad, que, com todo respeito, é um Paysandu da Espanha, penúltimo colocado do campeonato de lá.

Vai, Sávio, e avisa para todos os rubro-negros da Europa que nenhum precisa mais voltar para o Flamengo. Chega de sonhar com retornos triunfantes de Leonardo, Zinho, Bebeto e quejandos enquanto a realidade nos mostra um bando de velhinhos, reservas no exterior, reservas aqui, que no campo não são mais o que eram.

Vai, Sávio, traidor, e avisa que as lembranças que temos de Júlio César, Juan, Athirson podem ser bonitas, mas não os queremos de volta nunca mais.

Zico foi, voltou, nos deu um Brasileiro, Júnior foi, voltou, nos deu um Brasileiro, vocês, não, são profissionais, precisam colocar a bananada na merendeira das crianças.

Talvez a verdade seja que em se tratando de Flamengo eu ainda seja a criança que ia no Maracanã no domingo à tarde com o pai, ver o time de 87 ganhar a Copa União. Porque em outros aspectos da vida, eu jamais acreditaria na fábula do filho pródigo que retorna para casa. Lavoura Arcaica que o diga, meu próprio livro, idem.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?