domingo, novembro 30, 2003
IMPRESSÕES 5
O cuspe foi direto no meu olho, mas nem pisquei. Fiquei parado, encarando, desafiando. A gosma branca escorreu lentamente pelo rosto, com visco, descendo pela minha bochecha com uma precisão espantosa. Quando a trilha estava na altura do meu pescoço, passando pela minha gravata mal amarrada, limpei o espelho com uma nesga de papel higiênico e joguei minha raiva pela privada.
Todo dia faço isso, como um hábito, ritual tosco, último resquício da minha hombridade perdida para este cargo de executivo de vendas, mentiroso profissional. Despeço-me de tudo aquilo que sempre acreditei, aperto o nó da gravata vermelha, coloco gel no cabelo, o penteio para trás, cuspo no espelho e pronto, já posso partir para mais um dia de trabalho.
O cuspe foi direto no meu olho, mas nem pisquei. Fiquei parado, encarando, desafiando. A gosma branca escorreu lentamente pelo rosto, com visco, descendo pela minha bochecha com uma precisão espantosa. Quando a trilha estava na altura do meu pescoço, passando pela minha gravata mal amarrada, limpei o espelho com uma nesga de papel higiênico e joguei minha raiva pela privada.
Todo dia faço isso, como um hábito, ritual tosco, último resquício da minha hombridade perdida para este cargo de executivo de vendas, mentiroso profissional. Despeço-me de tudo aquilo que sempre acreditei, aperto o nó da gravata vermelha, coloco gel no cabelo, o penteio para trás, cuspo no espelho e pronto, já posso partir para mais um dia de trabalho.
sábado, novembro 29, 2003
Prosa & Verso
O suplemento literário do Globo caiu numa armadilha que ele próprio criou. A editora Cecília Costa inventou o concurso Contos do Rio e bancou o espaço no caderno e a leitura dos quase 4000 contos que chegaram à portaria do jornal. Palmas para ela.
Em recente palestra, também choramingou as mágoas de não receber anúncios nas páginas do suplemento. Pois nesta semana estão lá dois. Ótimo para a saúde financeira do suplemento.
Acontece que, somadas as duas colunas críticas, as colunas de notinhas, lançamentos, agendas e a entrevista, já ocupavam quase um terço das seis páginas do caderno. Com a publicação de um conto por semana, anúncios e a matéria do lançamento do livro da semana na coleção de clássicos do Globo/Folha, o Prosa & Verso ficou tão engessado, que o número de resenhas caiu para menos que cinco por semana.
A única solução possível, e aí está a importância dos anúncios, é pleitear mais duas páginas semanais no suplemento, para que o caderno volte a ter a qualidade que tinha meses atrás, antes disso tudo.
Enquanto isso, o Idéias, mesmo sem dinheiro, voltou a dar uma boa melhorada neste sábado. A resenha sobre um livro que parodia a Revolução dos Bichos, do George Orwell, escrita por um mestrando em literatura comparada da UFRJ, chamado Maurício Gonçalves, está muito boa.
A Ilustrada, caderno de cultura da Folha, está quase totalmente literária aos sábados, e também vem se afirmando semanalmente como um espaço privilegiado para a discussão literária, fato que não era tão bem feito no Mais.
O suplemento literário do Globo caiu numa armadilha que ele próprio criou. A editora Cecília Costa inventou o concurso Contos do Rio e bancou o espaço no caderno e a leitura dos quase 4000 contos que chegaram à portaria do jornal. Palmas para ela.
Em recente palestra, também choramingou as mágoas de não receber anúncios nas páginas do suplemento. Pois nesta semana estão lá dois. Ótimo para a saúde financeira do suplemento.
Acontece que, somadas as duas colunas críticas, as colunas de notinhas, lançamentos, agendas e a entrevista, já ocupavam quase um terço das seis páginas do caderno. Com a publicação de um conto por semana, anúncios e a matéria do lançamento do livro da semana na coleção de clássicos do Globo/Folha, o Prosa & Verso ficou tão engessado, que o número de resenhas caiu para menos que cinco por semana.
A única solução possível, e aí está a importância dos anúncios, é pleitear mais duas páginas semanais no suplemento, para que o caderno volte a ter a qualidade que tinha meses atrás, antes disso tudo.
Enquanto isso, o Idéias, mesmo sem dinheiro, voltou a dar uma boa melhorada neste sábado. A resenha sobre um livro que parodia a Revolução dos Bichos, do George Orwell, escrita por um mestrando em literatura comparada da UFRJ, chamado Maurício Gonçalves, está muito boa.
A Ilustrada, caderno de cultura da Folha, está quase totalmente literária aos sábados, e também vem se afirmando semanalmente como um espaço privilegiado para a discussão literária, fato que não era tão bem feito no Mais.
Chame o Dapieve
Soou como textinho de segundo grau a coluna do Arnaldo Bloch no Segundo Caderno do Globo. Querendo fazer um texto botafoguense ao estilo do colega de espaço Arthur Dapieve, Bloch escreveu na sua coluna um recalquezinho besta contra um amigo rubro-negro.
Eu gosto do que o Arnaldo Bloch escreve. Li seus dois livros - o primeiro, Amanhã a Loucura, bem melhor que o segundo, Talk Show - mas desta feita ele não foi feliz. Tentou colocar uma tessitura irônica, mas fracassou, caindo no revanchismo preso na garganta por um ano de gozações acumuladas. Se não digeriu bem a carne de cachorro, vomite, xingue, chame o Dapieve para escrever o texto...
Soou como textinho de segundo grau a coluna do Arnaldo Bloch no Segundo Caderno do Globo. Querendo fazer um texto botafoguense ao estilo do colega de espaço Arthur Dapieve, Bloch escreveu na sua coluna um recalquezinho besta contra um amigo rubro-negro.
Eu gosto do que o Arnaldo Bloch escreve. Li seus dois livros - o primeiro, Amanhã a Loucura, bem melhor que o segundo, Talk Show - mas desta feita ele não foi feliz. Tentou colocar uma tessitura irônica, mas fracassou, caindo no revanchismo preso na garganta por um ano de gozações acumuladas. Se não digeriu bem a carne de cachorro, vomite, xingue, chame o Dapieve para escrever o texto...
Maldita chuva
Essa chuva fora de hora atrapalhou meu tão esperado fim de semana em Itaipava.
Essa chuva fora de hora atrapalhou meu tão esperado fim de semana em Itaipava.
sexta-feira, novembro 28, 2003
Ópera do Malandro
Mais de um mês depois de comprar os ingressos, hoje irei ao Carlos Gomes assistir o musical escrito pelo Chico. Meus pais viram - em 1978 - e gostaram.
Mais de um mês depois de comprar os ingressos, hoje irei ao Carlos Gomes assistir o musical escrito pelo Chico. Meus pais viram - em 1978 - e gostaram.
O melhor petisco da cidade
Esta é uma opinião particular, mas para mim o Paraíso do Chopp, que fica no Catete, tem o melhor petisco de bar da cidade.
Coisa simples (e um pouco pesada): batata frita, linguiça, cebola e bacon, em uma bandeja muito bem servida, por 10 reais.
Como o chopp do bar também é bom e a Bá mora lá perto, passarei a frequentar o bar cada vez mais.
Esta é uma opinião particular, mas para mim o Paraíso do Chopp, que fica no Catete, tem o melhor petisco de bar da cidade.
Coisa simples (e um pouco pesada): batata frita, linguiça, cebola e bacon, em uma bandeja muito bem servida, por 10 reais.
Como o chopp do bar também é bom e a Bá mora lá perto, passarei a frequentar o bar cada vez mais.
quinta-feira, novembro 27, 2003
Zizinho
Trecho retirado do livro Futebol ao sol e à sombra, do uruguaio Eduardo Galeano:
Gol de Zizinho
Foi no Mundial de 50. Na partida contra a Iugoslávia, Zizinho fez um gol bis.
Esse senhor da graça do futebol tinha feito um gol legítimo, que o juiz anulou injustamente. Então, ele repetiu igualzinho, passo a passo. Zizinho entrou na área pelo mesmo lugar, esquivou-se do mesmo beque iugoslavo com a mesma delicadeza, escapando pela esquerda como tinh afeito antes, e cravou a bola exatamente no mesmo ângulo. Depois chutou-a com fúria, várias vezes, contra rede.
O árbitro compreendeu que Zizinho era capaz de repetir aquele gol dez vezes mais, e não teve outro remédio senão aceitá-lo.
Trecho retirado do livro Futebol ao sol e à sombra, do uruguaio Eduardo Galeano:
Gol de Zizinho
Foi no Mundial de 50. Na partida contra a Iugoslávia, Zizinho fez um gol bis.
Esse senhor da graça do futebol tinha feito um gol legítimo, que o juiz anulou injustamente. Então, ele repetiu igualzinho, passo a passo. Zizinho entrou na área pelo mesmo lugar, esquivou-se do mesmo beque iugoslavo com a mesma delicadeza, escapando pela esquerda como tinh afeito antes, e cravou a bola exatamente no mesmo ângulo. Depois chutou-a com fúria, várias vezes, contra rede.
O árbitro compreendeu que Zizinho era capaz de repetir aquele gol dez vezes mais, e não teve outro remédio senão aceitá-lo.
Eu falei que isso aconteceria um dia
Essa é para os amigos viciados em CM, que, para os leigos, é um jogo de computador de simulação de todas as ligas de futebol do mundo, com times e jogadores reais. Amanhã o Brasil estréia contra o Canadá no Mundial sub-20. Sabem como um dos atletas canadenses procurou sabre mais sobre nossos atletas? Pois é, matéria do site da FIFA e tudo. Grande pauta, por sinal.
"Some search for match videos, others create cunning disguises and spy on their opponents but one player has discovered a novel way of obtaining information on his rivals. When Brazil’s fresh-faced youngsters line up against Canada in Dubai’s opening Group C clash of the FIFA World Youth Championship UAE 2003, little will be unfamiliar to striker Iain Hume. The Canadian number 9 has bought virtually half the young Selecao side playing “International Manager” video game.
“I’ve just signed Dagoberto,” laughs Hume of his purchase of Brazil’s main striking weapon at the finals. “His stats looked good so I thought I’d give him a go. And, to be fair, he’s started off promisingly – he scored in the last game!”
The 20-year-old, whose two goals against the United States in the final CONCACAF qualifying match helped Canada to a 3-2 victory and assured them of a place in the world finals, has already acquired the services of another Brazilian forward Andrezinho of Flamengo and defender Coelho of Corinthians.
“I suppose I do know a bit about them and their strengths but it’s only a game,” he stresses. “I see highlights of the Brazilian league on TV but I haven’t really seen him (Dagoberto) play. Hopefully, he’ll have an off day against us.”
Essa é para os amigos viciados em CM, que, para os leigos, é um jogo de computador de simulação de todas as ligas de futebol do mundo, com times e jogadores reais. Amanhã o Brasil estréia contra o Canadá no Mundial sub-20. Sabem como um dos atletas canadenses procurou sabre mais sobre nossos atletas? Pois é, matéria do site da FIFA e tudo. Grande pauta, por sinal.
"Some search for match videos, others create cunning disguises and spy on their opponents but one player has discovered a novel way of obtaining information on his rivals. When Brazil’s fresh-faced youngsters line up against Canada in Dubai’s opening Group C clash of the FIFA World Youth Championship UAE 2003, little will be unfamiliar to striker Iain Hume. The Canadian number 9 has bought virtually half the young Selecao side playing “International Manager” video game.
“I’ve just signed Dagoberto,” laughs Hume of his purchase of Brazil’s main striking weapon at the finals. “His stats looked good so I thought I’d give him a go. And, to be fair, he’s started off promisingly – he scored in the last game!”
The 20-year-old, whose two goals against the United States in the final CONCACAF qualifying match helped Canada to a 3-2 victory and assured them of a place in the world finals, has already acquired the services of another Brazilian forward Andrezinho of Flamengo and defender Coelho of Corinthians.
“I suppose I do know a bit about them and their strengths but it’s only a game,” he stresses. “I see highlights of the Brazilian league on TV but I haven’t really seen him (Dagoberto) play. Hopefully, he’ll have an off day against us.”
Chat literário
Hoje tem um chat literários com a Marcia Denser e o Ademir Assunção. As informações abaixo vieram por e-mail do site Capitu, que promove o evento:
"Nesta quinta-feira temos o bate-papo acontecendo no Chat Capitu/UOL com a Marcia Denser e o Ademir Assunção. O Ademir é o cara da poesia, da síntese, das coisas peludas. A Marcia é uma gata-nada-mansa-com-a-língua-solta. Vai dar samba!
Bate-papo com Márcia Denser e Ademir Assunção
Quinta-feira, 19 hs"
Hoje tem um chat literários com a Marcia Denser e o Ademir Assunção. As informações abaixo vieram por e-mail do site Capitu, que promove o evento:
"Nesta quinta-feira temos o bate-papo acontecendo no Chat Capitu/UOL com a Marcia Denser e o Ademir Assunção. O Ademir é o cara da poesia, da síntese, das coisas peludas. A Marcia é uma gata-nada-mansa-com-a-língua-solta. Vai dar samba!
Bate-papo com Márcia Denser e Ademir Assunção
Quinta-feira, 19 hs"
Isso não é papel da imprensa
Como sou jornalista e tenho alguns amigos na imprensa esportiva, inclusive no Lance!, gostaria de externar o meu repúdio a ridícula proposta do diário esportivo de promover um jogo entre Palmeiras e Corinthians, na semana que vem, para saber que time é melhor.
Acho uma vergonha um jornal precisar usar de tal expediente para aumentar a sua circulação. Propor um jogo entre duas equipes - ainda mais clubes que não tem nada para definir no campo, já que nem da mesma divisão são - é uma picaretagem digna de um tablóide sensacionalista, o que, na minha visão, o Lance! nunca foi. Mas parece que tem desejo de se tornar, e aliar-se a modinha, comandada por Neves, Avallones, Kajurus e Gilson Ricardos da vida (para citar um nome carioca), de conseguir pontos no ibope ou venda de jornais à qualquer custo, baixando o nível da imprensa esportiva brasileira.
O destaque desta semana tem que ser o inédito título do Cruzeiro, que conquistará brilhantemente o Brasileirão de pontos corridos, que o Lance!, por sinal, sempre defendeu. Palmeiras e Corinthians tem que jogar é no Paulista do ano que vem.
A matéria é tão cretina, que termina chamando o possível jogo de o "duelo do ano". O link da palhaçada está aqui.
Como sou jornalista e tenho alguns amigos na imprensa esportiva, inclusive no Lance!, gostaria de externar o meu repúdio a ridícula proposta do diário esportivo de promover um jogo entre Palmeiras e Corinthians, na semana que vem, para saber que time é melhor.
Acho uma vergonha um jornal precisar usar de tal expediente para aumentar a sua circulação. Propor um jogo entre duas equipes - ainda mais clubes que não tem nada para definir no campo, já que nem da mesma divisão são - é uma picaretagem digna de um tablóide sensacionalista, o que, na minha visão, o Lance! nunca foi. Mas parece que tem desejo de se tornar, e aliar-se a modinha, comandada por Neves, Avallones, Kajurus e Gilson Ricardos da vida (para citar um nome carioca), de conseguir pontos no ibope ou venda de jornais à qualquer custo, baixando o nível da imprensa esportiva brasileira.
O destaque desta semana tem que ser o inédito título do Cruzeiro, que conquistará brilhantemente o Brasileirão de pontos corridos, que o Lance!, por sinal, sempre defendeu. Palmeiras e Corinthians tem que jogar é no Paulista do ano que vem.
A matéria é tão cretina, que termina chamando o possível jogo de o "duelo do ano". O link da palhaçada está aqui.
quarta-feira, novembro 26, 2003
Marcelo Rubens Paiva II
Um dos primeiros posts deste blog foi sobre o Marcelo Rubens Paiva. Acabara de ler o Feliz ano velho e comentava que o autor tinha lançado um novo livro, chamado Malu de bicicleta. Uma das minhas indagações era saber se o escritor teria evoluído ou ficado preso (sem duplo sentido) ao narrador/personagem que ele era antes do acidente.
Ontem recebi o Rascunho, interessante jornal literário de Curitiba, e numa resenha nostálgica, o editor do caderno, Rogério Pereira, analisa não só o novo livro como a carreira literária do Rubens Paiva.
Só vou postar o título e o sub-título, que já bastam para resumir a resenha:
"Que saudade da aurora da minha vida!
Marcelo Rubens Paiva volta à literatura com Malu de bicicleta. Muito sexo e nada mais"
Um dos primeiros posts deste blog foi sobre o Marcelo Rubens Paiva. Acabara de ler o Feliz ano velho e comentava que o autor tinha lançado um novo livro, chamado Malu de bicicleta. Uma das minhas indagações era saber se o escritor teria evoluído ou ficado preso (sem duplo sentido) ao narrador/personagem que ele era antes do acidente.
Ontem recebi o Rascunho, interessante jornal literário de Curitiba, e numa resenha nostálgica, o editor do caderno, Rogério Pereira, analisa não só o novo livro como a carreira literária do Rubens Paiva.
Só vou postar o título e o sub-título, que já bastam para resumir a resenha:
"Que saudade da aurora da minha vida!
Marcelo Rubens Paiva volta à literatura com Malu de bicicleta. Muito sexo e nada mais"
Você é famosa por quê?
Trecho retirado da coluna de hoje do Xéxeo, no Segundo Caderno do Globo:
"A ação está escondida no ainda não descoberto “Pânico na TV”, que vai ao ar aos domingos na Rede TV!, mas é a melhor crítica ao culto à celebridade de 15 minutos já produzida pela TV. O Repórter Vesgo — um dos muitos personagens criados pela turma do “Pânico” — vai às festas, sempre em São Paulo, com a disposição de derrubar todos aqueles que “fazem presença”. É para morrer de rir. Na festa de Sula Miranda, por exemplo, em que todos os convidados vestiam-se de cor-de-rosa (!!!), ele entrevista Jean Massumi, ex-BBB3, deixando claro que não faz idéia de com quem está falando. É constrangedor para a “celebridade” e divertidíssimo para o espectador. Em outra festa, ele dá o microfone para a filha de Helô Pinheiro (como é mesmo o nome dela?) e faz a pergunta crucial: “Você é famosa por quê?” Ninguém sabe o que responder, mas ninguém perde a chance de se dirigir para uma câmera. Um clássico instantâneo."
É só pegar os exemplos que o Xexéo deu na área dele, televisão, e transportar para qualquer outra, como literatura (sim, por que não? afinal até na ABL tem gente que nunca escreveu e foi eleito imortal) ou no futebol. Uma coisa que tá me irritando são esses reservas do Palmeiras tirando onda em todos os programas esportivos. Marcos, Magrão e Vágner Love ainda vá lá, mas Denis, Gláuber, André e Elson...
Trecho retirado da coluna de hoje do Xéxeo, no Segundo Caderno do Globo:
"A ação está escondida no ainda não descoberto “Pânico na TV”, que vai ao ar aos domingos na Rede TV!, mas é a melhor crítica ao culto à celebridade de 15 minutos já produzida pela TV. O Repórter Vesgo — um dos muitos personagens criados pela turma do “Pânico” — vai às festas, sempre em São Paulo, com a disposição de derrubar todos aqueles que “fazem presença”. É para morrer de rir. Na festa de Sula Miranda, por exemplo, em que todos os convidados vestiam-se de cor-de-rosa (!!!), ele entrevista Jean Massumi, ex-BBB3, deixando claro que não faz idéia de com quem está falando. É constrangedor para a “celebridade” e divertidíssimo para o espectador. Em outra festa, ele dá o microfone para a filha de Helô Pinheiro (como é mesmo o nome dela?) e faz a pergunta crucial: “Você é famosa por quê?” Ninguém sabe o que responder, mas ninguém perde a chance de se dirigir para uma câmera. Um clássico instantâneo."
É só pegar os exemplos que o Xexéo deu na área dele, televisão, e transportar para qualquer outra, como literatura (sim, por que não? afinal até na ABL tem gente que nunca escreveu e foi eleito imortal) ou no futebol. Uma coisa que tá me irritando são esses reservas do Palmeiras tirando onda em todos os programas esportivos. Marcos, Magrão e Vágner Love ainda vá lá, mas Denis, Gláuber, André e Elson...
Concurso de micro contos*
Fiquei sabendo ontem, pelo blog do Tony, que o EraOdito, capitaneado pelo escritor Marcelino Freire, lançou um concurso de micro contos. O limite é de 50 letras (não contando aí pontos, vírgulas, espaços e qualquer sinal gráfico).
Para tirar qualquer dúvida, entrem no EraOdito. Alguém vai participar no certame? Inscrições até a próxima segunda.
*esse errezinho salva o cacófato, Marcelo?
Fiquei sabendo ontem, pelo blog do Tony, que o EraOdito, capitaneado pelo escritor Marcelino Freire, lançou um concurso de micro contos. O limite é de 50 letras (não contando aí pontos, vírgulas, espaços e qualquer sinal gráfico).
Para tirar qualquer dúvida, entrem no EraOdito. Alguém vai participar no certame? Inscrições até a próxima segunda.
*esse errezinho salva o cacófato, Marcelo?
terça-feira, novembro 25, 2003
Para a moradora do 707
Um garoto vem andando perpendicularmente na minha direção, olhar inquisidor, corpo atravessado, estuda a possível presa, postura lateral. Estaca na minha frente, camisa nove do Real Madrid, olhar vidrado, punho cerrado, toda a sua pequena coragem reunida na força que faz na mão. Espera que eu pare, me mostre vulnerável, sinta medo.
Ao fundo um rumor de pessoas conversando, bares lotados, e uma luz vermelha oscilante, vindo de uma viatura de polícia encostada em algum lugar próximo. Passo pelo garoto o encarando nos olhos, numa disputa silenciosa, sem vencedores ou perdedores, que termina num vigoroso empate quando ambos dão uma olhadela para trás depois de seguirmos nosso caminho.
Numa Kombi adaptada, quatro pessoas bebem cerveja e comem cachorro quente. Jogam conversa fora na noite quente de sábado, dez horas, tarde para alguns, cedo para a maioria, e esse espaço temporal neutro coloca toda essa gente estranha, que nunca se esbarra, na rua ao mesmo tempo, faminta, sedenta.
Cruzo com um casal de turistas, vermelhos, rosas, caladrilticos, sorrindo no seu par de bermudas de mãos dadas, saindo de buracos na parede, escadas que começam na rua e somem pela escuridão dos hotéis baratos do Catete.
Sim, Catete, a Copacabana dos excluídos. O outro lado da margem. A praia já definitivamente poluída, a sede do Governo onde o ditador se matou, e que agora virou museu e parque para os velhos, muitos, vários, doentes, fazerem tai chi de manhã bem cedo ou bem tarde, às seis e meia da manhã.
O bairro onde mais mendigos dormem na rua do que em qualquer outro lugar do Rio, e as calçadas são infestadas de camelôs, num corredor de quilômetros, vendendo tudo, desde avental e tape-ware até o filme do funk proibidão, nove e noventa, com cenas de sexo explícito em posições que fariam estudantes mochileiros e os turistas sexuais corarem suas bochechinhas rosadas.
O Catete é igual à Copacabana, em dimensões menores, mais miséria reunida, só a pobreza concentrada. Três ruas paralelas: a da praia, a do comércio e a do pé do morro, cortada por um punhado de outras, longas, que obedecem a uma linha hierárquica que fazem os prédios limpos e bonitos da esquina da praia ficarem cada vez mais velhos, sujos e pobres, até o pé do morro, o poleiro da miséria, o contraste inicial do Rio, espremido entre a praia suja, o concreto pesado e a montanha de gente.
Um bairro que começa caótico, no Largo do Machado, entre pombos e carrinhos de pipoca, e termina sujo, na sarjeta, na Glória de travestis e travestis e travestis e policiais a espreita dos carros que param para os travestis e travestis e travestis, sempre ocupados. A Glória é um bairro que só existe à noite. De dia é passagem, uma vista decadente da Zona Sul para o centro da cidade.
O Catete é um inferno, sujo, quente, úmido, mijo, cerveja e esgoto correm silenciosos, irremediáveis, à procura de bueiros escuros, onde os ratos, que um dia mataram o bairro ao forçarem o suicídio do ditador, sorriem satisfeitos.
Ando a passos rápidos, tenho pressa, avanço impiedosamente entre um grupo de empregadinhas domésticas que riem, satisfeitas e quase gostosas em suas mini mini-saias jeans e seus tops sem soutien ou vergonha, mandam-me beijos, passam a língua sobre os lábios, estalam a boca com batons vermelhos, brilhantes, comprados ali mesmo naquelas ruas, algumas horas antes.
A vida se multiplica no bairro, turistas saem das paredes, putas esperam embaixo de marquises, crianças dormem em braços de mulheres com lenços na cabeça, camisinhas usadas estão amassadas no chão, jogadas pelas janelas, coladas as lixeiras. Um vendedor de vinis cochila ao lado de dez metros de todo seu acervo de discos, que todos dão uma olhadela, mas nunca levam. Está no lugar errado, amizade, quem tem vitrola hoje em dia só pode ser colecionador rico, que não passa por aqui nesta hora.
Caminho, sentindo a história de cada uma dessas vidas se prendendo no meu corpo em forma de poeira, sujeira negra que gruda nos pelos, dos braços e nariz, e me obrigam a tomar conhecimento delas e lembrá-las depois, em espirros, pesadelos e imagens que correm na tela do computador.
Entro no edifício Primavera, no bloco que separa a rua principal da do morro, longe da praia, numa escala de pobreza e desamparo que já começa a incomodar. Na entrada uma loja de flores, fechada. Esperando o elevador encontro uma velhinha, aguardando calada o caixão vertical, numa metáfora barata, batida e velha, como ela, prestes a chegar e morrer.
No sétimo andar abro a porta do elevador, e logo a vejo na soleira do apartamento, e são nos seus iluminados olhos verdes que encontro à redenção. São nos seus lábios, grossos, que encontro o calor febril que me levará a delírios longe dali, numa alucinação que me afastará da realidade por vinte ou trinta minutos. São nos seus ombros que choro enquanto ela despenteia meu cabelo.
Um garoto vem andando perpendicularmente na minha direção, olhar inquisidor, corpo atravessado, estuda a possível presa, postura lateral. Estaca na minha frente, camisa nove do Real Madrid, olhar vidrado, punho cerrado, toda a sua pequena coragem reunida na força que faz na mão. Espera que eu pare, me mostre vulnerável, sinta medo.
Ao fundo um rumor de pessoas conversando, bares lotados, e uma luz vermelha oscilante, vindo de uma viatura de polícia encostada em algum lugar próximo. Passo pelo garoto o encarando nos olhos, numa disputa silenciosa, sem vencedores ou perdedores, que termina num vigoroso empate quando ambos dão uma olhadela para trás depois de seguirmos nosso caminho.
Numa Kombi adaptada, quatro pessoas bebem cerveja e comem cachorro quente. Jogam conversa fora na noite quente de sábado, dez horas, tarde para alguns, cedo para a maioria, e esse espaço temporal neutro coloca toda essa gente estranha, que nunca se esbarra, na rua ao mesmo tempo, faminta, sedenta.
Cruzo com um casal de turistas, vermelhos, rosas, caladrilticos, sorrindo no seu par de bermudas de mãos dadas, saindo de buracos na parede, escadas que começam na rua e somem pela escuridão dos hotéis baratos do Catete.
Sim, Catete, a Copacabana dos excluídos. O outro lado da margem. A praia já definitivamente poluída, a sede do Governo onde o ditador se matou, e que agora virou museu e parque para os velhos, muitos, vários, doentes, fazerem tai chi de manhã bem cedo ou bem tarde, às seis e meia da manhã.
O bairro onde mais mendigos dormem na rua do que em qualquer outro lugar do Rio, e as calçadas são infestadas de camelôs, num corredor de quilômetros, vendendo tudo, desde avental e tape-ware até o filme do funk proibidão, nove e noventa, com cenas de sexo explícito em posições que fariam estudantes mochileiros e os turistas sexuais corarem suas bochechinhas rosadas.
O Catete é igual à Copacabana, em dimensões menores, mais miséria reunida, só a pobreza concentrada. Três ruas paralelas: a da praia, a do comércio e a do pé do morro, cortada por um punhado de outras, longas, que obedecem a uma linha hierárquica que fazem os prédios limpos e bonitos da esquina da praia ficarem cada vez mais velhos, sujos e pobres, até o pé do morro, o poleiro da miséria, o contraste inicial do Rio, espremido entre a praia suja, o concreto pesado e a montanha de gente.
Um bairro que começa caótico, no Largo do Machado, entre pombos e carrinhos de pipoca, e termina sujo, na sarjeta, na Glória de travestis e travestis e travestis e policiais a espreita dos carros que param para os travestis e travestis e travestis, sempre ocupados. A Glória é um bairro que só existe à noite. De dia é passagem, uma vista decadente da Zona Sul para o centro da cidade.
O Catete é um inferno, sujo, quente, úmido, mijo, cerveja e esgoto correm silenciosos, irremediáveis, à procura de bueiros escuros, onde os ratos, que um dia mataram o bairro ao forçarem o suicídio do ditador, sorriem satisfeitos.
Ando a passos rápidos, tenho pressa, avanço impiedosamente entre um grupo de empregadinhas domésticas que riem, satisfeitas e quase gostosas em suas mini mini-saias jeans e seus tops sem soutien ou vergonha, mandam-me beijos, passam a língua sobre os lábios, estalam a boca com batons vermelhos, brilhantes, comprados ali mesmo naquelas ruas, algumas horas antes.
A vida se multiplica no bairro, turistas saem das paredes, putas esperam embaixo de marquises, crianças dormem em braços de mulheres com lenços na cabeça, camisinhas usadas estão amassadas no chão, jogadas pelas janelas, coladas as lixeiras. Um vendedor de vinis cochila ao lado de dez metros de todo seu acervo de discos, que todos dão uma olhadela, mas nunca levam. Está no lugar errado, amizade, quem tem vitrola hoje em dia só pode ser colecionador rico, que não passa por aqui nesta hora.
Caminho, sentindo a história de cada uma dessas vidas se prendendo no meu corpo em forma de poeira, sujeira negra que gruda nos pelos, dos braços e nariz, e me obrigam a tomar conhecimento delas e lembrá-las depois, em espirros, pesadelos e imagens que correm na tela do computador.
Entro no edifício Primavera, no bloco que separa a rua principal da do morro, longe da praia, numa escala de pobreza e desamparo que já começa a incomodar. Na entrada uma loja de flores, fechada. Esperando o elevador encontro uma velhinha, aguardando calada o caixão vertical, numa metáfora barata, batida e velha, como ela, prestes a chegar e morrer.
No sétimo andar abro a porta do elevador, e logo a vejo na soleira do apartamento, e são nos seus iluminados olhos verdes que encontro à redenção. São nos seus lábios, grossos, que encontro o calor febril que me levará a delírios longe dali, numa alucinação que me afastará da realidade por vinte ou trinta minutos. São nos seus ombros que choro enquanto ela despenteia meu cabelo.
Hoje pode ter duelo de brasileiros na NBA
Digo pode porque o Nenê está machucado e não atuou nas três últimas partidas do Denver. Já o Leandrinho, ficou fora de meia dúzia de jogos nesta temporada por decisão do técnico do Phoenix.
Mas, se um dos dois jogar, já valerá a pena ficar acordado de madrugada assistindo a ESPN.
Digo pode porque o Nenê está machucado e não atuou nas três últimas partidas do Denver. Já o Leandrinho, ficou fora de meia dúzia de jogos nesta temporada por decisão do técnico do Phoenix.
Mas, se um dos dois jogar, já valerá a pena ficar acordado de madrugada assistindo a ESPN.
Flávio chinelinho
Desde a torção no tornozelo direito que me tirou da disputa pelo tricampeonato nas Olimpíadas do São Vicente, em 96, quando me machuquei jogando bola na véspera do torneio, minha vida esportiva tem sido marcada por uma série inexplicável de temporadas no estaleiro.
Depois de quebrar o braço esquerdo três vezes e torcer cada tornozelo outras três durante meus 24 anos de vida, evoluí para uma contusão bem mais madura: dor nas costas
Já vinha acontecendo com frequência nos últimos meses, mas, obviamente, teria que piorar dentro de um campo de futebol. Ontem, sem qualquer motivo aparente, comecei a sentir uma puta dor nas costas enquanto jogava. Como guerreiro que sou, segui em quadra, aproveitando o corpo quente.
Mas hoje tá foda (mal consigo me levantar) e terei que ficar deitado o dia inteiro para ver se o velhinho aqui melhora.
Desde a torção no tornozelo direito que me tirou da disputa pelo tricampeonato nas Olimpíadas do São Vicente, em 96, quando me machuquei jogando bola na véspera do torneio, minha vida esportiva tem sido marcada por uma série inexplicável de temporadas no estaleiro.
Depois de quebrar o braço esquerdo três vezes e torcer cada tornozelo outras três durante meus 24 anos de vida, evoluí para uma contusão bem mais madura: dor nas costas
Já vinha acontecendo com frequência nos últimos meses, mas, obviamente, teria que piorar dentro de um campo de futebol. Ontem, sem qualquer motivo aparente, comecei a sentir uma puta dor nas costas enquanto jogava. Como guerreiro que sou, segui em quadra, aproveitando o corpo quente.
Mas hoje tá foda (mal consigo me levantar) e terei que ficar deitado o dia inteiro para ver se o velhinho aqui melhora.
segunda-feira, novembro 24, 2003
Hungria
Depois do livro do Chico Buarque, vem aí mais uma atração cultural hungaro-brasileira. O documentário Um Passaporte Húngaro é o próximo na lista de estréias de produções com apoio (e dinheiro) da Rio Filme.
Vai pegar uma boa rebarba na modinha literária que o livro do Chico e a redescoberta de alguns cânones hungaros criou. Eis a sinopse do documentário de 72 minutos:
"Um passaporte húngaro busca descobrir de que é feita a construção de uma identidade: os documentos, a memória, a família, um sobrenome, uma história, uma herança. O que é que significa hoje, na França, ser húngaro? E brasileiro? O que é uma nacionalidade?
Através do pedido de passaporte – o fio condutor do filme – o documentário narra parte da história de uma família, dividida como muitas, entre dois mundos e dois exílios: aquele dos que se foram e aquele dos que ficaram."
Tem uma cara de GNT...
Depois do livro do Chico Buarque, vem aí mais uma atração cultural hungaro-brasileira. O documentário Um Passaporte Húngaro é o próximo na lista de estréias de produções com apoio (e dinheiro) da Rio Filme.
Vai pegar uma boa rebarba na modinha literária que o livro do Chico e a redescoberta de alguns cânones hungaros criou. Eis a sinopse do documentário de 72 minutos:
"Um passaporte húngaro busca descobrir de que é feita a construção de uma identidade: os documentos, a memória, a família, um sobrenome, uma história, uma herança. O que é que significa hoje, na França, ser húngaro? E brasileiro? O que é uma nacionalidade?
Através do pedido de passaporte – o fio condutor do filme – o documentário narra parte da história de uma família, dividida como muitas, entre dois mundos e dois exílios: aquele dos que se foram e aquele dos que ficaram."
Tem uma cara de GNT...
domingo, novembro 23, 2003
Fogão
Parabéns ao Botafogo, time da minha namorada, pelo retorno no campo para a Série A.
Parabéns ao Botafogo, time da minha namorada, pelo retorno no campo para a Série A.
sexta-feira, novembro 21, 2003
Stendhal
Na seção Rato de Livraria do No Mínimo encontra-se uma ótima entrevista do Flávio Pinheiro com o Marcelo Jacques de Moraes, professor da UFRJ especialista em literatura francesa.
O motivo da entrevista é exaltar a qualidade e importância do Vermelho e o Negro, romance do Stendhal, escrito no século XIX e relançado recentemente pela Cosac Naif (574 p. 49 reais).
Para quem não leu o clássico, vale a pena se aventurar pela formação de Julien Sorel, um dos personagens mais fascinantes da literatura francesa. Nas palavras do Marcelo Jacques, de quem aliás já assisti uma palestra (se não me engano sobre Diderot) num curso de Literatura Francesa que fiz por 5 reais no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, Julien Sorel é um personagem apaixonante:
"Mas o que é particularmente interessante em Julien, na hipocrisia que norteia sua ascensão social, é que ele é uma espécie de personagem-ator que encarna vários outros personagens da literatura, que funcionam para ele como modelos, de acordo com os obstáculos com que se defronta. Assim reencontramos, por exemplo, Tartufo, o Visconde Valmont, Saint-Preux, Dom Juan. Entretanto, essa hipocrisia, essa falta de espontaneidade, jamais nos leva a desprezar, ridicularizar ou deplorar o personagem, ao contrário, ele tende a ter toda a nossa simpatia."
Na seção Rato de Livraria do No Mínimo encontra-se uma ótima entrevista do Flávio Pinheiro com o Marcelo Jacques de Moraes, professor da UFRJ especialista em literatura francesa.
O motivo da entrevista é exaltar a qualidade e importância do Vermelho e o Negro, romance do Stendhal, escrito no século XIX e relançado recentemente pela Cosac Naif (574 p. 49 reais).
Para quem não leu o clássico, vale a pena se aventurar pela formação de Julien Sorel, um dos personagens mais fascinantes da literatura francesa. Nas palavras do Marcelo Jacques, de quem aliás já assisti uma palestra (se não me engano sobre Diderot) num curso de Literatura Francesa que fiz por 5 reais no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, Julien Sorel é um personagem apaixonante:
"Mas o que é particularmente interessante em Julien, na hipocrisia que norteia sua ascensão social, é que ele é uma espécie de personagem-ator que encarna vários outros personagens da literatura, que funcionam para ele como modelos, de acordo com os obstáculos com que se defronta. Assim reencontramos, por exemplo, Tartufo, o Visconde Valmont, Saint-Preux, Dom Juan. Entretanto, essa hipocrisia, essa falta de espontaneidade, jamais nos leva a desprezar, ridicularizar ou deplorar o personagem, ao contrário, ele tende a ter toda a nossa simpatia."
Se eu fosse o Parreira...
Tá, o Parreira é teimoso, feio, azedo e cabeça dura, mas é um técnico campeão. Sem dúvida é mais indicado para o cargo que ocupa do que qualquer um de nós que está aqui lendo esse post, embora alguns discordem.
Além de tirar o Lúcio assim que ele começou a fazer as palhaçadas e ousar mais nas substituições, principalmente quando trocou seis por meia dúzia depois da virada, eu queria comentar um equivoco que acho vem matando o Brasil nos dois últimos jogos: os laterais.
Não é segredo para ninguém que o Brasil tem tido tanto sucesso nos últimos dez anos, retomando a hegemonia no futebol, por causa da qualidade e da liberdade com que jogam os laterais. Tanto isso é fato que o Felipão armou aquele esquema com três zagueiros principalmente para maximizar o poderio sem descuidar da defesa.
Acontece, que sem o Roberto Carlos e com um Cafu decadente (ainda bom, mas bastante decadente), a Seleção não tira quase nada de produtivo das constantes idas ao ataque dos seus laterais. O problema é que a defesa ficou muito exposta para:
1) os cruzamentos do Peru no primeiro jogo, quando os meias e alas da equipe do Autuori sempre tinham liberdade para jogar a bola na área.
2) não tínhamos zagueiros suficientes para cobrir os quatro atacantes que o Uruguai deixou lá adiantados contra o Brasil. Com um dos laterais ainda voltando para a defesa, o zagueiro do seu lado saia para cobri-lo, enquanto o outro zagueiro saía para cobrir seu parceiro atrapalhado e o lateral do outro lado ia para o meio e aí ficava tudo errado e continuava sobrando gente livre, por isso o Dida cismou de jogar sempre adiantado, querendo ajudar na linha.
E o que o Parreira deveria ter feito?
Acho que se prendêssemos os laterais, os zagueiros e o Gilberto Silva, ou seja, deixando cinco fixos na defesa, não teríamos tomado nenhum gol da equipe do Rio da Prata. Tenho absoluta certeza disso.
E com a defesa sólida, poderíamos adiantar os dois meias defensivos (Juninho Pernambucano, por favor, e o da esquerda, que poderia ser até o Alex no lugar do Zé Roberto) e com esses cinco liquidaríamos o jogo.
Lembrando que isso é minha solução para o jogo contra o Uruguai, pois o adversário veio para cima com quatro jogadores fixos, e não para partidas onde o outro time fique encolhido.
Se alguém acha alguma coisa pode comentar aí abaixo.
Tá, o Parreira é teimoso, feio, azedo e cabeça dura, mas é um técnico campeão. Sem dúvida é mais indicado para o cargo que ocupa do que qualquer um de nós que está aqui lendo esse post, embora alguns discordem.
Além de tirar o Lúcio assim que ele começou a fazer as palhaçadas e ousar mais nas substituições, principalmente quando trocou seis por meia dúzia depois da virada, eu queria comentar um equivoco que acho vem matando o Brasil nos dois últimos jogos: os laterais.
Não é segredo para ninguém que o Brasil tem tido tanto sucesso nos últimos dez anos, retomando a hegemonia no futebol, por causa da qualidade e da liberdade com que jogam os laterais. Tanto isso é fato que o Felipão armou aquele esquema com três zagueiros principalmente para maximizar o poderio sem descuidar da defesa.
Acontece, que sem o Roberto Carlos e com um Cafu decadente (ainda bom, mas bastante decadente), a Seleção não tira quase nada de produtivo das constantes idas ao ataque dos seus laterais. O problema é que a defesa ficou muito exposta para:
1) os cruzamentos do Peru no primeiro jogo, quando os meias e alas da equipe do Autuori sempre tinham liberdade para jogar a bola na área.
2) não tínhamos zagueiros suficientes para cobrir os quatro atacantes que o Uruguai deixou lá adiantados contra o Brasil. Com um dos laterais ainda voltando para a defesa, o zagueiro do seu lado saia para cobri-lo, enquanto o outro zagueiro saía para cobrir seu parceiro atrapalhado e o lateral do outro lado ia para o meio e aí ficava tudo errado e continuava sobrando gente livre, por isso o Dida cismou de jogar sempre adiantado, querendo ajudar na linha.
E o que o Parreira deveria ter feito?
Acho que se prendêssemos os laterais, os zagueiros e o Gilberto Silva, ou seja, deixando cinco fixos na defesa, não teríamos tomado nenhum gol da equipe do Rio da Prata. Tenho absoluta certeza disso.
E com a defesa sólida, poderíamos adiantar os dois meias defensivos (Juninho Pernambucano, por favor, e o da esquerda, que poderia ser até o Alex no lugar do Zé Roberto) e com esses cinco liquidaríamos o jogo.
Lembrando que isso é minha solução para o jogo contra o Uruguai, pois o adversário veio para cima com quatro jogadores fixos, e não para partidas onde o outro time fique encolhido.
Se alguém acha alguma coisa pode comentar aí abaixo.
quinta-feira, novembro 20, 2003
Ler também é um exercício
Depois de uma série de jogadores lendo trechos da Bíblia e de livros de auto-ajuda, não é que o Diego, meia do Santos e da Seleção, leu Sinfonia em Branco, da Adriana Lisboa, no intervalo do jogo.
Bem legal!
Depois de uma série de jogadores lendo trechos da Bíblia e de livros de auto-ajuda, não é que o Diego, meia do Santos e da Seleção, leu Sinfonia em Branco, da Adriana Lisboa, no intervalo do jogo.
Bem legal!
quarta-feira, novembro 19, 2003
Um texto inacabado
Fechou a porta do banheiro do bar, uma cabine simples, apenas a privada, sem papel higiênico, pia ou espelho. Encostou-se na cabine e deixou o corpo cair, devagar, até quase encostar no chão. Um cheiro fétido e uma sensação de náusea fez aumentar a vontade de vômito, que saiu como um spray, num jorro quente, único, estrondoso, acertando parcialmente a privada, mas resvalando também na cerâmica.
Leia o resto aqui.
Fechou a porta do banheiro do bar, uma cabine simples, apenas a privada, sem papel higiênico, pia ou espelho. Encostou-se na cabine e deixou o corpo cair, devagar, até quase encostar no chão. Um cheiro fétido e uma sensação de náusea fez aumentar a vontade de vômito, que saiu como um spray, num jorro quente, único, estrondoso, acertando parcialmente a privada, mas resvalando também na cerâmica.
Leia o resto aqui.
Sartre
Estava dando uma olhadinha no Art & Letters Daily e logo vi uma chamada para uma matéria sobre o Sartre. O texto diz que a devoção aos estudos do filósofo francês continua crescente, mesmo 23 anos após sua morte, e que, estranhamente, ele é mais estudado nos EUA do que na França, seu país natal, o que quase chega a ser uma heresia para alguém que defendia tanto o marxismo.
Sobre o filósofo Sartre, eu não sou muito chegado, porque meu negócio é literatura. Mas é dele um dos meus livros favoritos - senão O FAVORITO - Idade da Razão. Pena que ele tenha "parado" de escrever boa literatura depois daquele livro - já que os anteriores O Muro e A Náusea também são excelentes - para produzir algo tão ilegível quanto Sursis.
Estava dando uma olhadinha no Art & Letters Daily e logo vi uma chamada para uma matéria sobre o Sartre. O texto diz que a devoção aos estudos do filósofo francês continua crescente, mesmo 23 anos após sua morte, e que, estranhamente, ele é mais estudado nos EUA do que na França, seu país natal, o que quase chega a ser uma heresia para alguém que defendia tanto o marxismo.
Sobre o filósofo Sartre, eu não sou muito chegado, porque meu negócio é literatura. Mas é dele um dos meus livros favoritos - senão O FAVORITO - Idade da Razão. Pena que ele tenha "parado" de escrever boa literatura depois daquele livro - já que os anteriores O Muro e A Náusea também são excelentes - para produzir algo tão ilegível quanto Sursis.
Vai voltar quando?
O Pentimento, blog cult do amigo e escritor Marcelo Moutinho, está fervilhando. Embora o dono do blog esteja em recesso, devido a excesso de trabalho e algumas chateações com opiniões alheias, os leitores fieis não abandonaram o blog. Já são 41 comentários desde segunda, perguntando quando o escriba voltará a postar.
No post de até breve ele prometeu que segunda era o provável dia. Cobraremos, Marcelo.
O Pentimento, blog cult do amigo e escritor Marcelo Moutinho, está fervilhando. Embora o dono do blog esteja em recesso, devido a excesso de trabalho e algumas chateações com opiniões alheias, os leitores fieis não abandonaram o blog. Já são 41 comentários desde segunda, perguntando quando o escriba voltará a postar.
No post de até breve ele prometeu que segunda era o provável dia. Cobraremos, Marcelo.
Mais um link de literatura
O gaúcho Caco Belmonte, com seu blog Cacos, é o mais novo integrante da galeria de links de literatura na barra direita.
O Cacos é só uma pequena parte do site do Belmonte, (que, aviso para os cariocas, nada tem a ver com o famoso bar da Praia do Flamengo), onde encontramos contos inéditos dele.
O gaúcho Caco Belmonte, com seu blog Cacos, é o mais novo integrante da galeria de links de literatura na barra direita.
O Cacos é só uma pequena parte do site do Belmonte, (que, aviso para os cariocas, nada tem a ver com o famoso bar da Praia do Flamengo), onde encontramos contos inéditos dele.
terça-feira, novembro 18, 2003
Melhor notícia do dia
Flamengo pode ficar sem Felipe até o fim do ano
Volta para Bacalholândia, chinelinho desgraçado!
Flamengo pode ficar sem Felipe até o fim do ano
Volta para Bacalholândia, chinelinho desgraçado!
Hackers no Bohemias?
Olha que bizarro esse post do Bucht Cassidy & Sundance Kid abaixo. Juro que não escrevi nada disso em inglês. Quem leu o post antes tá de prova.
Não vou apagar só para deixar essa bizarrice no ar. Eu, hein!
Olha que bizarro esse post do Bucht Cassidy & Sundance Kid abaixo. Juro que não escrevi nada disso em inglês. Quem leu o post antes tá de prova.
Não vou apagar só para deixar essa bizarrice no ar. Eu, hein!
Brasil e Holanda: cinco anos depois
Texto que estará no Blig Sports nesta quarta:
Quando Taffarel levantou as mãos aos céus, com os indicadores apontando para cima, o Brasil acabava de ter eliminado a Holanda numa das partidas mais emocionantes da Copa de 98. Pouco mais de cinco anos depois, ao ver as duas equipes em campo neste fim de semana, em partidas por eliminatórias para competições importantes – a Holanda na repescagem da Eurocopa e o Brasil já em busca da vaga na próxima Copa - me causou espanto que as duas equipes são praticamente as mesmas daquele longínquo dia de 98.
A trajetória das duas seleções, neste cinco anos, porém, foi bastante diversa. O Brasil gramou nas eliminatórias, mas acabou campeão da Copa. Já a Holanda não passou pelas eliminatórias européias ao perder, na repescagem, para o Eire. Nesta Eurocopa, a equipe laranja vai indo pelo mesmo caminho, depois de não conseguir a classificação na fase de grupos e ser derrotada por uma equipe britânica – desta vez a Escócia – na primeira partida da repescagem.
Portanto, o Brasil nestes cinco anos perdeu sua partida seguinte, para a França, como todos sabemos, mas manteve a base – Cafu, Roberto Carlos, Rivaldo e Ronaldo - e conquistou o penta. E a Holanda, mesmo com toda carga de decepção seguida, entrou em campo contra a Escócia com a maioria da equipe que foi eliminada pelo Brasil em 98: Van der Saar, Frank de Boer, Stam, Cocu, Davids, Seedorf, Overmars (sim, ele ainda é titular da Holanda) e Kluivert.
Um time manteve a base vencedora, os supracitados mais Dida, então reserva de Taffarel, Emerson, que entrou naquele jogo, e Zé Roberto, que faz função similar a que Leonardo, também um lateral-esquerdo de origem, desempenhou contra a Holanda. Mas será que não estamos jogando por demais similar aquela equipe?
Além de Dida e Zé Roberto por Taffarel e Leonardo, adiante Rivaldo para o lugar do veterano Bebeto e coloque o novato Kaká no posto ocupado pelo então jovem pernambucano, a chamada ligação do meio-campo com o ataque. Emerson é a versão piorada de volante falastrão que era Dunga, já em decadência em 98 depois de anos de futebol japonês. O calado Gilberto Silva no lugar do religioso César Sampaio. Para completar, um maluco na zaga (Júnior Baiano e Lúcio) e um zagueiro que fez uma Copa excelente (Aldair em 94 e Roque Júnior em 2002), mas nem antes nem depois foi essa sumidade toda.
O esquema de jogo? Igual. Pronto, leitores e leitoras do Blig Sports, jogamos como em 98, com Zagallo no banco falando para Parreira “não mexe ainda não”, como brilhantemente flagrou e disse (no ar) o repórter Tino Marcos.
Tirando Kaká, esse time é igual ao de 98, só saindo deles jogadores que se aposentaram – Taffarel, Baiano, Aldair, Dunga, César Sampaio e Bebeto – e, mesmo assim, sendo substituídos por jogadores, em sua maioria, com características parecidas e que já estavam na Seleção naquela época.
Na minha opinião, Rivaldo, Roberto Carlos, Cafu e Ronaldo estariam entre os 22 maiores se fosse feita uma Seleção Brasileira de Copas, mas não é hora de ousar um pouco mais, aproveitar a maravilhosa geração que pinta aí e espera uma chance, liberar pelo menos um meia efetivo para o ataque e guardar Cafu para outra ocasião?
Amigos, nossa equipe tem média de 28,2 anos, e isso é muito, muitíssimo, ainda mais sabendo que a competição que nos importa só acontecerá daqui a três anos, quando, se mantido o time, teríamos uma base de 31,2 anos. Uma barbaridade.
Jogarmos com atletas que em sua maioria já estavam na Seleção em 98 é desprezar uma geração, no mínimo, tão talentosa quanto aquela que nos levou a duas finais de Copa do Mundo (98 e 2002). Diego, os dois Alex, Robinho, Renato, Luís Fabiano, Adriano e muitos outros devem ser figuras mais efetivas em nossa Seleção, e não apenas simples coadjuvantes, que nem no banco ficam.
Não corremos o risco de virar um Holanda, apesar da coincidência dos dois técnicos nacionais serem o mesmo da chata Copa de 94 – Parreira e Dick Aadvocat – porque nossos jogadores são bem melhores e se nos safamos em 2001/2 nos safaremos sempre, mas não convém abusar. Caso contrário não conseguiremos o hexa em 2006. E cá para nós, olhando as outras seleções, tá molinho, molinho.
Texto que estará no Blig Sports nesta quarta:
Quando Taffarel levantou as mãos aos céus, com os indicadores apontando para cima, o Brasil acabava de ter eliminado a Holanda numa das partidas mais emocionantes da Copa de 98. Pouco mais de cinco anos depois, ao ver as duas equipes em campo neste fim de semana, em partidas por eliminatórias para competições importantes – a Holanda na repescagem da Eurocopa e o Brasil já em busca da vaga na próxima Copa - me causou espanto que as duas equipes são praticamente as mesmas daquele longínquo dia de 98.
A trajetória das duas seleções, neste cinco anos, porém, foi bastante diversa. O Brasil gramou nas eliminatórias, mas acabou campeão da Copa. Já a Holanda não passou pelas eliminatórias européias ao perder, na repescagem, para o Eire. Nesta Eurocopa, a equipe laranja vai indo pelo mesmo caminho, depois de não conseguir a classificação na fase de grupos e ser derrotada por uma equipe britânica – desta vez a Escócia – na primeira partida da repescagem.
Portanto, o Brasil nestes cinco anos perdeu sua partida seguinte, para a França, como todos sabemos, mas manteve a base – Cafu, Roberto Carlos, Rivaldo e Ronaldo - e conquistou o penta. E a Holanda, mesmo com toda carga de decepção seguida, entrou em campo contra a Escócia com a maioria da equipe que foi eliminada pelo Brasil em 98: Van der Saar, Frank de Boer, Stam, Cocu, Davids, Seedorf, Overmars (sim, ele ainda é titular da Holanda) e Kluivert.
Um time manteve a base vencedora, os supracitados mais Dida, então reserva de Taffarel, Emerson, que entrou naquele jogo, e Zé Roberto, que faz função similar a que Leonardo, também um lateral-esquerdo de origem, desempenhou contra a Holanda. Mas será que não estamos jogando por demais similar aquela equipe?
Além de Dida e Zé Roberto por Taffarel e Leonardo, adiante Rivaldo para o lugar do veterano Bebeto e coloque o novato Kaká no posto ocupado pelo então jovem pernambucano, a chamada ligação do meio-campo com o ataque. Emerson é a versão piorada de volante falastrão que era Dunga, já em decadência em 98 depois de anos de futebol japonês. O calado Gilberto Silva no lugar do religioso César Sampaio. Para completar, um maluco na zaga (Júnior Baiano e Lúcio) e um zagueiro que fez uma Copa excelente (Aldair em 94 e Roque Júnior em 2002), mas nem antes nem depois foi essa sumidade toda.
O esquema de jogo? Igual. Pronto, leitores e leitoras do Blig Sports, jogamos como em 98, com Zagallo no banco falando para Parreira “não mexe ainda não”, como brilhantemente flagrou e disse (no ar) o repórter Tino Marcos.
Tirando Kaká, esse time é igual ao de 98, só saindo deles jogadores que se aposentaram – Taffarel, Baiano, Aldair, Dunga, César Sampaio e Bebeto – e, mesmo assim, sendo substituídos por jogadores, em sua maioria, com características parecidas e que já estavam na Seleção naquela época.
Na minha opinião, Rivaldo, Roberto Carlos, Cafu e Ronaldo estariam entre os 22 maiores se fosse feita uma Seleção Brasileira de Copas, mas não é hora de ousar um pouco mais, aproveitar a maravilhosa geração que pinta aí e espera uma chance, liberar pelo menos um meia efetivo para o ataque e guardar Cafu para outra ocasião?
Amigos, nossa equipe tem média de 28,2 anos, e isso é muito, muitíssimo, ainda mais sabendo que a competição que nos importa só acontecerá daqui a três anos, quando, se mantido o time, teríamos uma base de 31,2 anos. Uma barbaridade.
Jogarmos com atletas que em sua maioria já estavam na Seleção em 98 é desprezar uma geração, no mínimo, tão talentosa quanto aquela que nos levou a duas finais de Copa do Mundo (98 e 2002). Diego, os dois Alex, Robinho, Renato, Luís Fabiano, Adriano e muitos outros devem ser figuras mais efetivas em nossa Seleção, e não apenas simples coadjuvantes, que nem no banco ficam.
Não corremos o risco de virar um Holanda, apesar da coincidência dos dois técnicos nacionais serem o mesmo da chata Copa de 94 – Parreira e Dick Aadvocat – porque nossos jogadores são bem melhores e se nos safamos em 2001/2 nos safaremos sempre, mas não convém abusar. Caso contrário não conseguiremos o hexa em 2006. E cá para nós, olhando as outras seleções, tá molinho, molinho.
359 online
A última edição da 359 Online está no ar com um material de primeiríssima. Convidados especiais como o escritor Moacyr Scliar e o cineasta Carlos Gerbase deram as caras no site gaúcho.
Meu amigo, Nestor Tipa Júnior, editor da 359, escreveu uma matéria interessante com um gaúcho que lançou um livro sobre o período que passou preso no Carandiru. Sei que este é um tema recorrente e o livro, provavelmente, não passará de mais um relato antropológico mal escrito, mas a matéria vale a pena, com destaque para essas aspas:
"Quando eu fui preso, já na primeira semana, eu me senti um estranho no ninho porque dentro da cadeia eu não podia falar porque eu tinha uma boca e a boca tem dentes. Aí os caras lá dentro diziam 'tu não fala, não abre a boca', porque eu tenho dentes, e isso excita".
A última edição da 359 Online está no ar com um material de primeiríssima. Convidados especiais como o escritor Moacyr Scliar e o cineasta Carlos Gerbase deram as caras no site gaúcho.
Meu amigo, Nestor Tipa Júnior, editor da 359, escreveu uma matéria interessante com um gaúcho que lançou um livro sobre o período que passou preso no Carandiru. Sei que este é um tema recorrente e o livro, provavelmente, não passará de mais um relato antropológico mal escrito, mas a matéria vale a pena, com destaque para essas aspas:
"Quando eu fui preso, já na primeira semana, eu me senti um estranho no ninho porque dentro da cadeia eu não podia falar porque eu tinha uma boca e a boca tem dentes. Aí os caras lá dentro diziam 'tu não fala, não abre a boca', porque eu tenho dentes, e isso excita".
segunda-feira, novembro 17, 2003
Butch Cassidy & Sundance Kid
Quem não conhece Bucht Cassidy & Sundance Kid, filmaço de 1969, estrelado por Paul Newman e Robert Redford, ainda não viu uma das mais belas cenas da história do cinema, quando Butch (Paul Newman) anda de bicicleta com uma música linda (rain keeps fallin on my heate the ice pack. But anywho... the plan was to get lots of wonderful sleep. This was not to be.
So I started out the shopping excursion on less than a full tank, let's say. And while Plinko hates big citites, I generally do not. I generally like them quite a bit. In small doses. The lack of parking in the cool neighborhood was a bit annoying, but before we went to Chicago we stopped at Bayshore in Milwaukee and I fell in love again with a shop where my aunt bought me my once favorite dress (and the unhealthy affection for velvet began), so I was already enjoying the day. Then we made it to downtown chi-town and it wasn't too long before I was beginning to feel...smothered. Too many people, not enough sleep,
Quem não conhece Bucht Cassidy & Sundance Kid, filmaço de 1969, estrelado por Paul Newman e Robert Redford, ainda não viu uma das mais belas cenas da história do cinema, quando Butch (Paul Newman) anda de bicicleta com uma música linda (rain keeps fallin on my heate the ice pack. But anywho... the plan was to get lots of wonderful sleep. This was not to be.
So I started out the shopping excursion on less than a full tank, let's say. And while Plinko hates big citites, I generally do not. I generally like them quite a bit. In small doses. The lack of parking in the cool neighborhood was a bit annoying, but before we went to Chicago we stopped at Bayshore in Milwaukee and I fell in love again with a shop where my aunt bought me my once favorite dress (and the unhealthy affection for velvet began), so I was already enjoying the day. Then we made it to downtown chi-town and it wasn't too long before I was beginning to feel...smothered. Too many people, not enough sleep,
Invasões Bárbaras e Padre Amaro
Vi dois filmes que valem a pena neste fim de semana: Invasões Bárbaras e O Crime do Padre Amaro. O primeiro é bem melhor que o segundo, embora Eça de Queiros prove cada vez mais que é eterno.
Sobre o filme de Dennys Arcand é tão difícil falar. É um filme humano, trata da morte, amizade e do fim das utopias redentoras para os esclarecidos, o que talvez seja o recado do filme, uma maturidade que parece que nunca chega, mas que nos empurra, talvez inconscientemente, para a resposta do sentido da vida, como em certo momento o personagem principal da película pergunta: gostaria de saber qual o sentido da vida?
Não existe uma resposta, obviamente, ninguém achou que eu aqui iria responder a perguntar que nenhum ser humano conseguiu.
Mas para ele, o sentido da sua vida foram aqueles pequenos momentos, fotogramas de lembranças, uma coxa bonita de uma mulher, o sorriso de outra, o amor velado dele pelo filho e do filho por ele, os amigos, amigos mesmos, aqueles mais próximos, que têm muita história juntos - poucas coisas são mais prazerosas do que relembrar histórias entre amigos.
Invasões Bárbaras não é um primor de filmagem, não tem aquele roteiro espetacular, todo trançado, que nos leva a um desenlace fenomenal, mas vem caminhando, assim como não quer nada, com boas discussões, cenas de dez minutos seguidas por impressões de dez segundos, e nos conquista. Faz chorar, sentir.
Impressões diferentes sobre o filme aqui e aqui.
Vi dois filmes que valem a pena neste fim de semana: Invasões Bárbaras e O Crime do Padre Amaro. O primeiro é bem melhor que o segundo, embora Eça de Queiros prove cada vez mais que é eterno.
Sobre o filme de Dennys Arcand é tão difícil falar. É um filme humano, trata da morte, amizade e do fim das utopias redentoras para os esclarecidos, o que talvez seja o recado do filme, uma maturidade que parece que nunca chega, mas que nos empurra, talvez inconscientemente, para a resposta do sentido da vida, como em certo momento o personagem principal da película pergunta: gostaria de saber qual o sentido da vida?
Não existe uma resposta, obviamente, ninguém achou que eu aqui iria responder a perguntar que nenhum ser humano conseguiu.
Mas para ele, o sentido da sua vida foram aqueles pequenos momentos, fotogramas de lembranças, uma coxa bonita de uma mulher, o sorriso de outra, o amor velado dele pelo filho e do filho por ele, os amigos, amigos mesmos, aqueles mais próximos, que têm muita história juntos - poucas coisas são mais prazerosas do que relembrar histórias entre amigos.
Invasões Bárbaras não é um primor de filmagem, não tem aquele roteiro espetacular, todo trançado, que nos leva a um desenlace fenomenal, mas vem caminhando, assim como não quer nada, com boas discussões, cenas de dez minutos seguidas por impressões de dez segundos, e nos conquista. Faz chorar, sentir.
Impressões diferentes sobre o filme aqui e aqui.
domingo, novembro 16, 2003
Hipótese
Teria Parreira sido consultado na ocasião em que o Corinthians escolheu Júnior como sucessor de Geninho?
A perseguição de Casagrande ao técnico da Seleção pareceu exagerada. Coisa de desavença pessoal mesmo.
Teria Parreira sido consultado na ocasião em que o Corinthians escolheu Júnior como sucessor de Geninho?
A perseguição de Casagrande ao técnico da Seleção pareceu exagerada. Coisa de desavença pessoal mesmo.
sexta-feira, novembro 14, 2003
Quinta de chopp e literatura
Ontem conheci duas pessoas interessantíssimas tomando um choppinho "de grátis" na Lapa. Com o Sales, editor da Paralelos, não pude conversar muito. Fica para uma outra oportunidade.
Conversei mais longamente com o Marcelo e com o Mariel Reis, um cara espetacular que encarna aquela mítica figura da pessoa que leu todos os livros. Sério, o cara leu tudo. E, pelo que contou, utilizando o método mais simples - vai biblioteca e lê toda a obra de um escritor, depois de outro, outro.
Foi um papo muito interessante. O Mariel tem uma cabeça diferente, acha que existe muita precipitação literária entre os jovens escritores, muitos publicam rápido demais, no afã de se tornarem logo escritores legitimados.
Não vai aí da minha parte uma crítica a A ou B, até porque eu acho que me enquadraria nesta galera descrita pelo Mariel - se um dia vier a publicar um livro. Mas é um caso a se pensar.
Outro tema interessante foi um que propus sobre o papel do editor na literatura contemporânea. A mítica figura de um Enio Silveira, que sentava junto com o autor, cortava frases e parágrafos, burilava um texto, sofria o livro junto com o escritor, está em extinção. Publica-se rápido demais, basta uma chancela de um escritor conhecido e um pagamento de uma parte da edição que o livro já vai para gráfica.
Bom, são temas que geram muitas discussões e que ficarão para outros chopps que hão de vir.
Ontem conheci duas pessoas interessantíssimas tomando um choppinho "de grátis" na Lapa. Com o Sales, editor da Paralelos, não pude conversar muito. Fica para uma outra oportunidade.
Conversei mais longamente com o Marcelo e com o Mariel Reis, um cara espetacular que encarna aquela mítica figura da pessoa que leu todos os livros. Sério, o cara leu tudo. E, pelo que contou, utilizando o método mais simples - vai biblioteca e lê toda a obra de um escritor, depois de outro, outro.
Foi um papo muito interessante. O Mariel tem uma cabeça diferente, acha que existe muita precipitação literária entre os jovens escritores, muitos publicam rápido demais, no afã de se tornarem logo escritores legitimados.
Não vai aí da minha parte uma crítica a A ou B, até porque eu acho que me enquadraria nesta galera descrita pelo Mariel - se um dia vier a publicar um livro. Mas é um caso a se pensar.
Outro tema interessante foi um que propus sobre o papel do editor na literatura contemporânea. A mítica figura de um Enio Silveira, que sentava junto com o autor, cortava frases e parágrafos, burilava um texto, sofria o livro junto com o escritor, está em extinção. Publica-se rápido demais, basta uma chancela de um escritor conhecido e um pagamento de uma parte da edição que o livro já vai para gráfica.
Bom, são temas que geram muitas discussões e que ficarão para outros chopps que hão de vir.
Notas esportivas
Manchete do jornal O Povo desta sexta-feira:
Ronaldo promete "sacodir" o Peru
Dá vontade de ficar parado ao lado da banca esperando quem compra um jornal com essa manchete.
Enquanto isso, os "sacodidos" fazem mandinga na porta do estádio para o Ronaldo jogar mal. Cuspiram na foto dele e tudo. Quanto desespero!
No Flu, dos amigos Emiliano, Cauê, Gustavo, Marcelo etc., o treino de amanhã foi cancelado para os jogadores aproveitarem a abertura da nova boate do Baixinho. Uma coisa é certa: Renight Gaúcho deve ser querido pelos boleiros. Esta noite deve ser o papo da semana nas Laranjeiras. Se bobear tem até aposta para ver quem pega mais mulher.
Que nenhum repórter chato venha falar de rebaixamento neste fim de semana.
Manchete do jornal O Povo desta sexta-feira:
Ronaldo promete "sacodir" o Peru
Dá vontade de ficar parado ao lado da banca esperando quem compra um jornal com essa manchete.
Enquanto isso, os "sacodidos" fazem mandinga na porta do estádio para o Ronaldo jogar mal. Cuspiram na foto dele e tudo. Quanto desespero!
No Flu, dos amigos Emiliano, Cauê, Gustavo, Marcelo etc., o treino de amanhã foi cancelado para os jogadores aproveitarem a abertura da nova boate do Baixinho. Uma coisa é certa: Renight Gaúcho deve ser querido pelos boleiros. Esta noite deve ser o papo da semana nas Laranjeiras. Se bobear tem até aposta para ver quem pega mais mulher.
Que nenhum repórter chato venha falar de rebaixamento neste fim de semana.
quinta-feira, novembro 13, 2003
Aula de jornalismo esportivo
Quem quiser ler um jornalismo esportivo diferente, com altas doses de ironia e ótimos títulos e legendas, tem que conferir o site do The Guardian.
E eles não falam só da turma deles. Ao comentarem o fato do meio campista Gerrard nunca ter perdido uma partida com a camisa do English Team, não deixaram de lembrar o recorde absoluto e imbatível do nosso Garrincha, que só perdeu um jogo com a malha da Seleção. E, para quem não sabe, foi justamente a última partida do nosso craque, na estranha Copa de 66, quando perdemos para a Hungria, com Garrincha em campo - se não me engano marcando um gol de falta - e fomos eliminados ainda na primeira fase.
"Will, but Gerrard - or anyone else for that matter - has got a long way to go to beat Garrincha in the longest-winning period stakes.
Sean DeLoughry points out: "Brazil's brilliant winger played in 60 internationals, won two World Cups, and was only on one losing Brazilian team - in his 60th and final match, against Hungary in the 1966 World Cup finals."
As that was 11 years after Garrincha first made his debut, against Chile in the Maracana in 1955 (ending a run of 52 wins and seven draws), we doubt anyone will be able to top that."
Quem quiser ler um jornalismo esportivo diferente, com altas doses de ironia e ótimos títulos e legendas, tem que conferir o site do The Guardian.
E eles não falam só da turma deles. Ao comentarem o fato do meio campista Gerrard nunca ter perdido uma partida com a camisa do English Team, não deixaram de lembrar o recorde absoluto e imbatível do nosso Garrincha, que só perdeu um jogo com a malha da Seleção. E, para quem não sabe, foi justamente a última partida do nosso craque, na estranha Copa de 66, quando perdemos para a Hungria, com Garrincha em campo - se não me engano marcando um gol de falta - e fomos eliminados ainda na primeira fase.
"Will, but Gerrard - or anyone else for that matter - has got a long way to go to beat Garrincha in the longest-winning period stakes.
Sean DeLoughry points out: "Brazil's brilliant winger played in 60 internationals, won two World Cups, and was only on one losing Brazilian team - in his 60th and final match, against Hungary in the 1966 World Cup finals."
As that was 11 years after Garrincha first made his debut, against Chile in the Maracana in 1955 (ending a run of 52 wins and seven draws), we doubt anyone will be able to top that."
Palestras sobre literatura
Acabei de receber esse e-mail:
O Forum de Ciência e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) convida para:
O escritor brasileiro na virada do século ao vivo e em cores - Série de encontros que debate a produção literária no Brasil na virada do século XX para o século XXI.
Dia 19 – Jorge Viveiros de Castro e Autran Dourado
Jorge Viveiros de Castro é editor da Sette Letras e autor de De todas as únicas maneiras & outras, em que estão organizados seus textos que haviam sido originalmente publicados de modo disperso. Autran Dourado escreveu mais de vinte livros. Um deles, Ópera dos Mortos, figura na Coleção de Obras Representativas da Literatura Universal da Unesco. Foi o vencedor da edição 2000 do Prêmio Camões, o mais importante da literatura em língua portuguesa.
Dia 26 – Paulo Roberto Pires e Silviano Santiago
Paulo Roberto Pires é autor de Hélio Pellegrino: a paixão indignada e de Do amor ausente, sua estréia na ficção. Além de escritor, é jornalista, professor e um dos editores que trouxe a editora espanhola Planeta para o Brasil. Silviano Santiago é Professor de Literatura Brasileira. Foi presidente da Associação Brasileira de Literatura Comparada (ABRALIC) e tem vários livros publicados sobre crítica literária, além de livros de contos e romances, como Stella Manhattan e Viagem ao México.
Dezembro – 2003
Dia 3 – Alberto Mussa e Godofredo de Oliveira Neto
Alberto Mussa é autor de Elegbara (1997) e O trono da rainha Jinga (1999). O primeiro mereceu apresentação de Antônio Houaiss e o último ganhou o Prêmio da Biblioteca Nacional. Godofredo de Oliveira Neto é professor da Faculdade de Letras da UFRJ e autor de diversos livros, dentre eles, Ana e a margem do rio, lançado em 2002 pela editora Record.
Dia 10 – Adriana Lisboa e Marcílio Moraes
Adriana Lisboa é considerada uma revelação na literatura. Publicou os romances Os Fios da Memória (1999) e Sinfonia em Branco (2001). Este último rendeu-lhe em 2003 o Prêmio Literário José Saramago. Marcílio Moraes é roteirista e escritor. Com seus textos para o teatro, ganhou prêmios como o de Revelação de Autor da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Escreveu durante mais de vinte anos para a Rede Globo, onde permanceu até 2002. Seu primeiro romance, O crime da Gávea, foi lançado este ano pela Sette Letras.
Dia 17 – Mauro Pinheiro e Per Johns
O primeiro romance de Mauro Pinheiro, Cemitério de navios, foi lançado pela Rocco em 1993. São também de sua autoria: Aquidauana; Concerto para corda e pescoço e Quando só restar o mundo, de 2002. Romancista brasileiro, de origem dinamarquesa, Per Johns é autor de romances como A revolução de Deus (1977), As aves de Cassandra (1991) e Navegante de opereta (1998). Suas obras estão publicadas no Brasil e na Dinamarca. Graças à sua condição bilïngüe, traduziu diversos autores dinamarqueses.
Mediador: Professor e Escritor Godofredo de Oliveira Neto
O evento acontece sempre a partir das 17h no Auditório do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC), situado no prédio anexo do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), 3º andar. Avenida Pasteur, 250, Urca. Campus da Praia Vermelha.
Para mais informações, contacte (21) 3873-5150 ou (21) 3873-5156 ou mande um e-mail para pacc@forum.ufrj.br.
Acabei de receber esse e-mail:
O Forum de Ciência e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) convida para:
O escritor brasileiro na virada do século ao vivo e em cores - Série de encontros que debate a produção literária no Brasil na virada do século XX para o século XXI.
Dia 19 – Jorge Viveiros de Castro e Autran Dourado
Jorge Viveiros de Castro é editor da Sette Letras e autor de De todas as únicas maneiras & outras, em que estão organizados seus textos que haviam sido originalmente publicados de modo disperso. Autran Dourado escreveu mais de vinte livros. Um deles, Ópera dos Mortos, figura na Coleção de Obras Representativas da Literatura Universal da Unesco. Foi o vencedor da edição 2000 do Prêmio Camões, o mais importante da literatura em língua portuguesa.
Dia 26 – Paulo Roberto Pires e Silviano Santiago
Paulo Roberto Pires é autor de Hélio Pellegrino: a paixão indignada e de Do amor ausente, sua estréia na ficção. Além de escritor, é jornalista, professor e um dos editores que trouxe a editora espanhola Planeta para o Brasil. Silviano Santiago é Professor de Literatura Brasileira. Foi presidente da Associação Brasileira de Literatura Comparada (ABRALIC) e tem vários livros publicados sobre crítica literária, além de livros de contos e romances, como Stella Manhattan e Viagem ao México.
Dezembro – 2003
Dia 3 – Alberto Mussa e Godofredo de Oliveira Neto
Alberto Mussa é autor de Elegbara (1997) e O trono da rainha Jinga (1999). O primeiro mereceu apresentação de Antônio Houaiss e o último ganhou o Prêmio da Biblioteca Nacional. Godofredo de Oliveira Neto é professor da Faculdade de Letras da UFRJ e autor de diversos livros, dentre eles, Ana e a margem do rio, lançado em 2002 pela editora Record.
Dia 10 – Adriana Lisboa e Marcílio Moraes
Adriana Lisboa é considerada uma revelação na literatura. Publicou os romances Os Fios da Memória (1999) e Sinfonia em Branco (2001). Este último rendeu-lhe em 2003 o Prêmio Literário José Saramago. Marcílio Moraes é roteirista e escritor. Com seus textos para o teatro, ganhou prêmios como o de Revelação de Autor da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Escreveu durante mais de vinte anos para a Rede Globo, onde permanceu até 2002. Seu primeiro romance, O crime da Gávea, foi lançado este ano pela Sette Letras.
Dia 17 – Mauro Pinheiro e Per Johns
O primeiro romance de Mauro Pinheiro, Cemitério de navios, foi lançado pela Rocco em 1993. São também de sua autoria: Aquidauana; Concerto para corda e pescoço e Quando só restar o mundo, de 2002. Romancista brasileiro, de origem dinamarquesa, Per Johns é autor de romances como A revolução de Deus (1977), As aves de Cassandra (1991) e Navegante de opereta (1998). Suas obras estão publicadas no Brasil e na Dinamarca. Graças à sua condição bilïngüe, traduziu diversos autores dinamarqueses.
Mediador: Professor e Escritor Godofredo de Oliveira Neto
O evento acontece sempre a partir das 17h no Auditório do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC), situado no prédio anexo do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), 3º andar. Avenida Pasteur, 250, Urca. Campus da Praia Vermelha.
Para mais informações, contacte (21) 3873-5150 ou (21) 3873-5156 ou mande um e-mail para pacc@forum.ufrj.br.
quarta-feira, novembro 12, 2003
Memória dos barcos
Sexta passada tomei um agradável chopp com o amigo e escritor Marcelo Moutinho, no Plebeu. Conversamos bastante sobre literatura, mas não tivemos oportunidade de falar no último livro dele, Memória dos barcos (7Letras), que ele me entregara um dia antes. Fica para um próximo chopp, dê preferência quando a taxa de quantidade etílica no sangue ainda estiver baixa.
O Marcelo me contou que fará uma matéria para a revista do Lobão que estará nas bancas nos próximos meses. A pauta, sugerida por ele mesmo, é sobre a Adriana Lisboa, autora de Sinfonia em Branco, que faturou um prêmio importantíssimo em Portugal, mas continua pouco falada por aqui.
Sobre o livro do Marcelo, que aliás terá seu link remanejado de indicações de blog para literatura, posto aqui uma passagem do seu livro que achei muito interessante:
"As luzes do palco foram trocadas pelas lâmpadas fraquinhas do espelho. Em cima da cômoda, a bacia d'água. Aos poucos, ele foi tirando a tinta do rosto, limpando com um pedacinho de algodão cada parte da pintura. Sujava cada chumaço e o jogava no lixo. Como se o branco, o vermelho, o azul e o verde pudessem esconder o que em si já é escuro, levantassem um muro para esconder o tremor que vinha de dentro daquele quarto, arvorando-se em sair, pois, ao contrário da cômoda, as coisas não ficam paradas, a realidade não fica acordada o tempo todo."
Sexta passada tomei um agradável chopp com o amigo e escritor Marcelo Moutinho, no Plebeu. Conversamos bastante sobre literatura, mas não tivemos oportunidade de falar no último livro dele, Memória dos barcos (7Letras), que ele me entregara um dia antes. Fica para um próximo chopp, dê preferência quando a taxa de quantidade etílica no sangue ainda estiver baixa.
O Marcelo me contou que fará uma matéria para a revista do Lobão que estará nas bancas nos próximos meses. A pauta, sugerida por ele mesmo, é sobre a Adriana Lisboa, autora de Sinfonia em Branco, que faturou um prêmio importantíssimo em Portugal, mas continua pouco falada por aqui.
Sobre o livro do Marcelo, que aliás terá seu link remanejado de indicações de blog para literatura, posto aqui uma passagem do seu livro que achei muito interessante:
"As luzes do palco foram trocadas pelas lâmpadas fraquinhas do espelho. Em cima da cômoda, a bacia d'água. Aos poucos, ele foi tirando a tinta do rosto, limpando com um pedacinho de algodão cada parte da pintura. Sujava cada chumaço e o jogava no lixo. Como se o branco, o vermelho, o azul e o verde pudessem esconder o que em si já é escuro, levantassem um muro para esconder o tremor que vinha de dentro daquele quarto, arvorando-se em sair, pois, ao contrário da cômoda, as coisas não ficam paradas, a realidade não fica acordada o tempo todo."
Caixote
Nova edição do Caixote no ar, a 12a, última de 2003. Dois contos meus, Procura-se empacotador e Edifício Primavera, podem ser lidos através deste link
Visitem que vale a pena (o site muito mais que os meus contos, diga-se de passagem).
Nova edição do Caixote no ar, a 12a, última de 2003. Dois contos meus, Procura-se empacotador e Edifício Primavera, podem ser lidos através deste link
Visitem que vale a pena (o site muito mais que os meus contos, diga-se de passagem).
Um mês de blog
Obrigado pelas visitas e comentários!
Obrigado pelas visitas e comentários!
segunda-feira, novembro 10, 2003
EXPERIMENTALISMOS 2
Postais do mar do Caribe
Acabaram na parede da boate e foi ali que fui concebida, num sarro-transa, num gozo suado, só dele, e num riso nervoso, o dela, dois meses depois, quando, finalmente, decidiu por não abortar daquela vez por pura solidão. Sou fruto disso: uma parede gelada e um gozo mal curtido, por um bêbado e uma dependente de afeto. Eu nasci assim, branquinha, cabelos pretos brilhantes, olhos azuis da cor do mar do Caribe e essa tristeza toda.
Leia o texto todo.
Postais do mar do Caribe
Acabaram na parede da boate e foi ali que fui concebida, num sarro-transa, num gozo suado, só dele, e num riso nervoso, o dela, dois meses depois, quando, finalmente, decidiu por não abortar daquela vez por pura solidão. Sou fruto disso: uma parede gelada e um gozo mal curtido, por um bêbado e uma dependente de afeto. Eu nasci assim, branquinha, cabelos pretos brilhantes, olhos azuis da cor do mar do Caribe e essa tristeza toda.
Leia o texto todo.
Índigo
Ontem à noite cheguei ao site da Índigo por algum desses caminhos sinuosos da Internet, que nos jogam de links em links como ondas que quebram seguidamente sem deixar um peixe pequeno passar da arrebentação.
Sem blá, blá, blá...cheguei. Não a conhecia - nem de nome. Mas adianto para os apressadinhos: ótima surpresa. Ah, se trata de uma escritora, campinense radicada em São Paulo.
Por coincidência vai lançar dois livros ao mesmo tempo amanhã (veja vocês, dois livros de uma vez - que coragem!), um pela Editora Hedra e outro pela Altana.
Festa da Mexerica (denominada pela escritora como literatura pop digital)
&
Caixinha de Madeira (romance épico-epistolar)
O lançamento será numa festa, com dj e perfomances no Sacolão da Vila Madalena, Rua Medeiros de Albuquerque 252, às 20h.
Dado o serviço, falemos da escritora e de seu site. Eu achava que o Caixote era o site de literatura mais bonito da rede, mas terei que reformular minha opinião. O mais bonito é o da Índigo, com um layout inovador para cada conto. Que chique! Dando os louros para quem merece, o design do site é de uma pessoa chamada pela escritora de Garota de Botas.
Índigo escreve contos curtos, alguns curtíssimos, mas que misturam com qualidade histórias e sentimentos, coisa dificílima de ser alcançada. As referências dela não poderiam ser mais urbanas e pops - psicologas, cinema, livros, depressão - mas tudo tratado com simplicidade e bom gosto, que consegue atingir tanto o cara que ama literatura como aquele que não é muito afeito a parar por alguns minutos para ler um livro. Taí, na minha opinião, a melhor qualidade dos contos da Índigo, extrapolar o pequenino grupo literário sem perder a ternura.
Ontem à noite cheguei ao site da Índigo por algum desses caminhos sinuosos da Internet, que nos jogam de links em links como ondas que quebram seguidamente sem deixar um peixe pequeno passar da arrebentação.
Sem blá, blá, blá...cheguei. Não a conhecia - nem de nome. Mas adianto para os apressadinhos: ótima surpresa. Ah, se trata de uma escritora, campinense radicada em São Paulo.
Por coincidência vai lançar dois livros ao mesmo tempo amanhã (veja vocês, dois livros de uma vez - que coragem!), um pela Editora Hedra e outro pela Altana.
Festa da Mexerica (denominada pela escritora como literatura pop digital)
&
Caixinha de Madeira (romance épico-epistolar)
O lançamento será numa festa, com dj e perfomances no Sacolão da Vila Madalena, Rua Medeiros de Albuquerque 252, às 20h.
Dado o serviço, falemos da escritora e de seu site. Eu achava que o Caixote era o site de literatura mais bonito da rede, mas terei que reformular minha opinião. O mais bonito é o da Índigo, com um layout inovador para cada conto. Que chique! Dando os louros para quem merece, o design do site é de uma pessoa chamada pela escritora de Garota de Botas.
Índigo escreve contos curtos, alguns curtíssimos, mas que misturam com qualidade histórias e sentimentos, coisa dificílima de ser alcançada. As referências dela não poderiam ser mais urbanas e pops - psicologas, cinema, livros, depressão - mas tudo tratado com simplicidade e bom gosto, que consegue atingir tanto o cara que ama literatura como aquele que não é muito afeito a parar por alguns minutos para ler um livro. Taí, na minha opinião, a melhor qualidade dos contos da Índigo, extrapolar o pequenino grupo literário sem perder a ternura.
domingo, novembro 09, 2003
Tolstoi
Conversando com a Maria, minha ex-colega de ECO, no Arruaça, o papo rumou para literatura. Ela me contou que o último livro que leu foi A Morte de Ivan Ilitch, novela de Leon Tolstoi.
Tá aí uma dica para quem está procurando boa literatura nas veias. Este livrinho do Tolstoi (em tamanho, em tamanho - 100 páginas no pocket da L&PM) é de fazer chorar. Literalmente. É o tipo de livro que te faz questionar muitas coisas e vai te perseguir por uns bons dias em cada ato que fizer.
Deixo aqui postado o texto da contracapa do livro, escrito por Paulo Ronái:
Muitos críticos consideram "A Morte de Ivan Ilitch" como a novela mais perfeita da literatura mundial; a agonia de um burocrata insignificante serve de pretexto ao autor para nos contar uma história que diz respeito ao destino de cada um de nós e que é impossível ler sem um frêmito de angústia e purificação.
Conversando com a Maria, minha ex-colega de ECO, no Arruaça, o papo rumou para literatura. Ela me contou que o último livro que leu foi A Morte de Ivan Ilitch, novela de Leon Tolstoi.
Tá aí uma dica para quem está procurando boa literatura nas veias. Este livrinho do Tolstoi (em tamanho, em tamanho - 100 páginas no pocket da L&PM) é de fazer chorar. Literalmente. É o tipo de livro que te faz questionar muitas coisas e vai te perseguir por uns bons dias em cada ato que fizer.
Deixo aqui postado o texto da contracapa do livro, escrito por Paulo Ronái:
Muitos críticos consideram "A Morte de Ivan Ilitch" como a novela mais perfeita da literatura mundial; a agonia de um burocrata insignificante serve de pretexto ao autor para nos contar uma história que diz respeito ao destino de cada um de nós e que é impossível ler sem um frêmito de angústia e purificação.
Maratona etílica
Completei minha maratona etílica com louvor ontem à noite, na abertura do Arruaça, em Laranjeiras. O bar estava lotado, com dezenas de pessoas bebendo na rua mesmo, no estilo Baixo Gávea, o que não sei se é bom ou ruim. Mas noite de abertura é assim mesmo. Muita gente de passagem e correria.
Tomara que o bar dê certo e se torne uma boa alternativa para a galera que mora nesta área: Laranjeiras-Cosme Velho-Flamengo-Botafogo.
Completei minha maratona etílica com louvor ontem à noite, na abertura do Arruaça, em Laranjeiras. O bar estava lotado, com dezenas de pessoas bebendo na rua mesmo, no estilo Baixo Gávea, o que não sei se é bom ou ruim. Mas noite de abertura é assim mesmo. Muita gente de passagem e correria.
Tomara que o bar dê certo e se torne uma boa alternativa para a galera que mora nesta área: Laranjeiras-Cosme Velho-Flamengo-Botafogo.
Pay per viewing (shit)
Só mesmo a medíocre transmissão do pay per view do jogo entre Flamengo e Fortaleza para me deixar mais puto do que a derrota de goleada. O narrador, chamado Victor Hannover - aquele mesmo que inventou o factóide Clodoaldo é matador - acompanhado pelo comentarista, Luis Norões, torceram descaradamente a partida inteira pelo time cearense. Só faltou gritar "é nossa" quando a bola saia pela lateral. Fora isso fizeram de tudo.
Como o Fortaleza está para cair, eles sabem muito bem que o empreguinho maroto deles está na marca do pênalti. Narração e comentários pra lá de tendenciosos que devem ter irritado todos os assinantes do pacote do Brasileirão, ou alguém acha que algum não rubro-negro estaria em sã consciência assistindo aquela partida?
A qualidade técnica da transmissão, por sinal, foi do nível da narração. Como a partida foi disputada entre 15h e 17h do horário de Fortaleza, a maioria do gramado estava sob forte sol, impedindo que se enxergasse a bola em várias ocasiões. A técnica da transmissão fez alguma coisa para melhorar a qualidade da transmissão? Óbvio que não, portanto eu, e todos os malucos que pagaram, repetindo, pagaram - e muito - para ver o jogo não conseiguiram enxergar a bola por incrível deficiência da transmissão.
Quando foi implantado o sistema de pay per view no Brasil, supunha-se que além de transmitir todos os jogos da sua equipe, o assinante teria direito a uma transmissão diferenciada, que o preço cobrado pela NET atestaria. Mas isso não acontece. As transmissões "gratuitas" dos canais abertos e do próprio Sportv têm muito mais estrutura que o pay per view. Triste, mas o jeito é tirar o som da TV e ligar o rádio.
Só mesmo a medíocre transmissão do pay per view do jogo entre Flamengo e Fortaleza para me deixar mais puto do que a derrota de goleada. O narrador, chamado Victor Hannover - aquele mesmo que inventou o factóide Clodoaldo é matador - acompanhado pelo comentarista, Luis Norões, torceram descaradamente a partida inteira pelo time cearense. Só faltou gritar "é nossa" quando a bola saia pela lateral. Fora isso fizeram de tudo.
Como o Fortaleza está para cair, eles sabem muito bem que o empreguinho maroto deles está na marca do pênalti. Narração e comentários pra lá de tendenciosos que devem ter irritado todos os assinantes do pacote do Brasileirão, ou alguém acha que algum não rubro-negro estaria em sã consciência assistindo aquela partida?
A qualidade técnica da transmissão, por sinal, foi do nível da narração. Como a partida foi disputada entre 15h e 17h do horário de Fortaleza, a maioria do gramado estava sob forte sol, impedindo que se enxergasse a bola em várias ocasiões. A técnica da transmissão fez alguma coisa para melhorar a qualidade da transmissão? Óbvio que não, portanto eu, e todos os malucos que pagaram, repetindo, pagaram - e muito - para ver o jogo não conseiguiram enxergar a bola por incrível deficiência da transmissão.
Quando foi implantado o sistema de pay per view no Brasil, supunha-se que além de transmitir todos os jogos da sua equipe, o assinante teria direito a uma transmissão diferenciada, que o preço cobrado pela NET atestaria. Mas isso não acontece. As transmissões "gratuitas" dos canais abertos e do próprio Sportv têm muito mais estrutura que o pay per view. Triste, mas o jeito é tirar o som da TV e ligar o rádio.
sexta-feira, novembro 07, 2003
Diálogos 1 - Sig-nós
Um casal que se conheceu há duas horas troca beijos e juras de amor:
- Isso é bem coisa de pisciano.
- O que é coisa de pisciano?
- Se apaixonar sempre que conhece uma pessoa nova e achar que ela é perfeita.
- Mas eu também sou pisciano.
(os olhos dela brilharam)
(ele não conseguiu segurar o sorriso da perfeição)
- Mas não acredito nesse papo de signos.
(os olhos dela apagaram)
- Me dá seu celular.
(e apagou o número que colocara na memória 12 minutos antes)
- Apagou seu número, né?
(ela dissimulou)
- Já decorei o número de qualquer jeito. Posso ligar?
(ela olhou espantada)
- Você não é pisciano. É leonino. Só pode ser!
(ele olhando o decote dela)
- Combina?
- Lógico!
- Como você adivinhou?
Um casal que se conheceu há duas horas troca beijos e juras de amor:
- Isso é bem coisa de pisciano.
- O que é coisa de pisciano?
- Se apaixonar sempre que conhece uma pessoa nova e achar que ela é perfeita.
- Mas eu também sou pisciano.
(os olhos dela brilharam)
(ele não conseguiu segurar o sorriso da perfeição)
- Mas não acredito nesse papo de signos.
(os olhos dela apagaram)
- Me dá seu celular.
(e apagou o número que colocara na memória 12 minutos antes)
- Apagou seu número, né?
(ela dissimulou)
- Já decorei o número de qualquer jeito. Posso ligar?
(ela olhou espantada)
- Você não é pisciano. É leonino. Só pode ser!
(ele olhando o decote dela)
- Combina?
- Lógico!
- Como você adivinhou?
Edifício
Reclamaram - mas não vou revelar quem - que o Edifício Primavera, meu outro blog, está muito abandonado. Não é verdade. Vez ou outra eu publico um textinho lá. Mas sei que para ler textos de ficção as pessoas geralmente precisam estar em um ritmo diferente do que estão quando passam aqui pelo Bohemias, um blog-blog mesmo.
De qualquer jeito, fica o recado: passem lá.
Não tem caixa de comentários, mas qualquer coisa é só mandar um e-mail para mim que respondo com todo prazer. O meu e-mail é esse aqui: flavio_izhaki@hotmail.com
Reclamaram - mas não vou revelar quem - que o Edifício Primavera, meu outro blog, está muito abandonado. Não é verdade. Vez ou outra eu publico um textinho lá. Mas sei que para ler textos de ficção as pessoas geralmente precisam estar em um ritmo diferente do que estão quando passam aqui pelo Bohemias, um blog-blog mesmo.
De qualquer jeito, fica o recado: passem lá.
Não tem caixa de comentários, mas qualquer coisa é só mandar um e-mail para mim que respondo com todo prazer. O meu e-mail é esse aqui: flavio_izhaki@hotmail.com
Vitória para um grande rubro-negro
Emocionante virada do Mengão ontem à noite. De algum lugar - provavelmente debaixo da terra mesmo - Ary Barroso, que hoje completaria 100 anos, deve ter ficado extremamente feliz.
Eu não assisti a partida, pois estava no samba. Comportamento que o compositor rubro-negro certamente aprovaria.
Emocionante virada do Mengão ontem à noite. De algum lugar - provavelmente debaixo da terra mesmo - Ary Barroso, que hoje completaria 100 anos, deve ter ficado extremamente feliz.
Eu não assisti a partida, pois estava no samba. Comportamento que o compositor rubro-negro certamente aprovaria.
Ituano elimina RS e enfrenta RS na próxima fase? Sim, é possível!
Essa notícia, que saiu no Lancenet, foi-me enviada pelo amigo Gustavo Marques. Leiam com atenção e reparem como é esdrúxula a fórmula da Série C, que classifica até equipe derrotada em mata-mata, baseada em "critérios técnicos".
O José Roberto Torero, escritor e colunista de esportes da Folha, que criou dois personagens chamados Tico e Teco para zoar com os erros nos regulamentos nos campeonatos brasileiros, terá um prato cheio ao saber disso.
Três equipes se classificam na rodada da tarde na Série C
Três equipes se classificaram para a quinta fase da Série C do Brasileiro em dois jogos disputados na tarde desta quarta-feira. O Palmas-TO venceu o CFZ-DF, por 1 a 0, no Estádio Adonir Guimarães, no Distrito Federal, ese classificou pelo Grupo 74 para a próxima fase da Terceirona.
O Palmas havia vencido a partida de ida, por 2 a 0, em Palmas. Já o Ituano-SP perdeu para o RS-RS, por 3 a 1, no estádio dos Quero-Queros, em Porto Alegre, mas assegurou a classificação ao vencer na cobrança de pênaltis, por 4 a 3. No jogo de ida a equipe de Itu havia vencido por 3 a 1.
O RS-RS, time do treinador Paulo César Carpegiani, dirigido pelo filho do técnico, Rodrigo Carpegiani, uma vez que o velho Carpegiani está trabalhando na Arábia Saudita, perdeu, mas está classificado para a disputa da quinta fase da competição por índice técnico.
O curioso é que na próxima fase Ituano e RS Futebol voltam a seenfrentar. Já o Palmas vai encarar o vencedor do duelo entre Botafogo-PB e Confiança.
Essa notícia, que saiu no Lancenet, foi-me enviada pelo amigo Gustavo Marques. Leiam com atenção e reparem como é esdrúxula a fórmula da Série C, que classifica até equipe derrotada em mata-mata, baseada em "critérios técnicos".
O José Roberto Torero, escritor e colunista de esportes da Folha, que criou dois personagens chamados Tico e Teco para zoar com os erros nos regulamentos nos campeonatos brasileiros, terá um prato cheio ao saber disso.
Três equipes se classificam na rodada da tarde na Série C
Três equipes se classificaram para a quinta fase da Série C do Brasileiro em dois jogos disputados na tarde desta quarta-feira. O Palmas-TO venceu o CFZ-DF, por 1 a 0, no Estádio Adonir Guimarães, no Distrito Federal, ese classificou pelo Grupo 74 para a próxima fase da Terceirona.
O Palmas havia vencido a partida de ida, por 2 a 0, em Palmas. Já o Ituano-SP perdeu para o RS-RS, por 3 a 1, no estádio dos Quero-Queros, em Porto Alegre, mas assegurou a classificação ao vencer na cobrança de pênaltis, por 4 a 3. No jogo de ida a equipe de Itu havia vencido por 3 a 1.
O RS-RS, time do treinador Paulo César Carpegiani, dirigido pelo filho do técnico, Rodrigo Carpegiani, uma vez que o velho Carpegiani está trabalhando na Arábia Saudita, perdeu, mas está classificado para a disputa da quinta fase da competição por índice técnico.
O curioso é que na próxima fase Ituano e RS Futebol voltam a seenfrentar. Já o Palmas vai encarar o vencedor do duelo entre Botafogo-PB e Confiança.
quinta-feira, novembro 06, 2003
Kfouri na Cultura
Está na coluna Ooops, da Folha Online:
Ao trabalho
Juca Kfouri assinou contrato nesta terça-feira com a TV Cultura e volta a comandar o programa "Cartão Verde" provavelmente a partir de 16 de novembro.
Incompatibilidade
Juca disse à Ooops! que o motivo principal que o levou a deixar a Rede TV foi o fato de se recusar a fazer merchandising no "Bola na Rede", que agora ficará sob o comando de Roberto Avallone (ex-Gazeta). "Me recuso a fazer merchandising. Sou jornalista, não sou garoto-propaganda", afirmou.
Volta à velha casa
Juca Kfouri, 53, afirmou que sua saída de Rede TV foi pacífica e que a direção disse que nem sequer cogitou sugerir que ele começasse a fazer merchandisings --que está virando a principal fonte de renda de emissoras como Gazeta, Rede TV e Band. "(Merchandising) está virando uma febre nas TVs", disse Juca. Além da Cultura, o jornalista segue como colunista do jornal "Lance" e como comentarista da CBN. Fora as palestras que dá.
Curioso...
...foi o troca-troca completo de cadeiras nas mesas redondas esportivas. Isso nunca havia acontecido na história da TV. Juca foi para o lugar de Flavio Prado na Cultura, que foi para o lugar de Avallone na Gazeta, que, por sua vez, substituirá Juca na Rede TV.
Como carioca eu só fui conhecer esse tal de Avallone agora que ele foi demitido da Gazeta, que nem pega aqui no Rio. Um chato de galocha (exclamação)! Participou de tudo quanto foi programa de esportes e variedades nas últimas semanas. Bom que agora ele arrumou um emprego para ficar falando o time do Palmeiras de 51 e parar de encher o saco em programas que assisto.
O Juca é um cara que tem bons ideais, mas seu programa era "inassistível" para qualquer não corintiano. Como bem disse meu amigo Cauê, aquela mesa com Kfouri, Back e com as presenças constantes de Sócrates, Citadini e qualquer jogador do Timão que saiba conjugar verbos era insuportável.
O Flávio Prado eu acho um cara bacana. Vai ser uma pena que ele fique exilado na Gazeta.
Está na coluna Ooops, da Folha Online:
Ao trabalho
Juca Kfouri assinou contrato nesta terça-feira com a TV Cultura e volta a comandar o programa "Cartão Verde" provavelmente a partir de 16 de novembro.
Incompatibilidade
Juca disse à Ooops! que o motivo principal que o levou a deixar a Rede TV foi o fato de se recusar a fazer merchandising no "Bola na Rede", que agora ficará sob o comando de Roberto Avallone (ex-Gazeta). "Me recuso a fazer merchandising. Sou jornalista, não sou garoto-propaganda", afirmou.
Volta à velha casa
Juca Kfouri, 53, afirmou que sua saída de Rede TV foi pacífica e que a direção disse que nem sequer cogitou sugerir que ele começasse a fazer merchandisings --que está virando a principal fonte de renda de emissoras como Gazeta, Rede TV e Band. "(Merchandising) está virando uma febre nas TVs", disse Juca. Além da Cultura, o jornalista segue como colunista do jornal "Lance" e como comentarista da CBN. Fora as palestras que dá.
Curioso...
...foi o troca-troca completo de cadeiras nas mesas redondas esportivas. Isso nunca havia acontecido na história da TV. Juca foi para o lugar de Flavio Prado na Cultura, que foi para o lugar de Avallone na Gazeta, que, por sua vez, substituirá Juca na Rede TV.
Como carioca eu só fui conhecer esse tal de Avallone agora que ele foi demitido da Gazeta, que nem pega aqui no Rio. Um chato de galocha (exclamação)! Participou de tudo quanto foi programa de esportes e variedades nas últimas semanas. Bom que agora ele arrumou um emprego para ficar falando o time do Palmeiras de 51 e parar de encher o saco em programas que assisto.
O Juca é um cara que tem bons ideais, mas seu programa era "inassistível" para qualquer não corintiano. Como bem disse meu amigo Cauê, aquela mesa com Kfouri, Back e com as presenças constantes de Sócrates, Citadini e qualquer jogador do Timão que saiba conjugar verbos era insuportável.
O Flávio Prado eu acho um cara bacana. Vai ser uma pena que ele fique exilado na Gazeta.
Prêmio Literário
Ontem saiu o resultado do 1o Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira, que pagava a bagatela de R$ 100.000 para o primeiro colocado, 30 para o segundo e 20 para o terceiro. O resultado me deixou frustrado. O júri, composto por sete críticos literários, decidiu dividir o prêmio entre os autores Bernardo Carvalho (por Nove Noites) e Dalton Trevisan (Pico na Veia).
Eu li os dois livros, então posso comentar com alguma propriedade o resultado. Sem medo de ser polêmico eu afirmo: não é possível comparar Nove Noites e Pico na Veia. O livro do Dalton Trevisan é uma bobagem, enquanto o livro do Bernardo é excelente (mas não melhor que o seu livro de contos - Aberração).
O que pesou na escolha dos críticos foi a história do Trevisan na literatura, que, de fato, é de suma importância. O Vampiro de Curitiba, com 78 anos, foi agraciado pelo seu conjunto da obra, como uma espécie de homenagem. Acho uma pena que um prêmio que pretende escolher o melhor do ano acabe virando um Oscar por conjunto da obra. Minha sugestão seria acabar com a premiação para o terceiro colocado, pagar "apenas" vintinho para o segundo e dar estes trinta para um escritor pelo conjunto da obra.
Seria mais justo. Ano que vem um Zé das Couves lança um livro espetacular, mas, por ter 30 anos, acaba perdendo a bolada para um Rubem Fonseca da vida, que carrega toda uma linda história literária, mas está decadente.
Só para exemplificar ainda mais essa idéia de prêmio homenagem que se tornou o Telecom (logo em sua primeira edição), o segundo lugar foi para o poeta Sebastião Uchoa Leite, de 68 anos, e o terceiro lugar para Mario Chamie (70).
Ontem saiu o resultado do 1o Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira, que pagava a bagatela de R$ 100.000 para o primeiro colocado, 30 para o segundo e 20 para o terceiro. O resultado me deixou frustrado. O júri, composto por sete críticos literários, decidiu dividir o prêmio entre os autores Bernardo Carvalho (por Nove Noites) e Dalton Trevisan (Pico na Veia).
Eu li os dois livros, então posso comentar com alguma propriedade o resultado. Sem medo de ser polêmico eu afirmo: não é possível comparar Nove Noites e Pico na Veia. O livro do Dalton Trevisan é uma bobagem, enquanto o livro do Bernardo é excelente (mas não melhor que o seu livro de contos - Aberração).
O que pesou na escolha dos críticos foi a história do Trevisan na literatura, que, de fato, é de suma importância. O Vampiro de Curitiba, com 78 anos, foi agraciado pelo seu conjunto da obra, como uma espécie de homenagem. Acho uma pena que um prêmio que pretende escolher o melhor do ano acabe virando um Oscar por conjunto da obra. Minha sugestão seria acabar com a premiação para o terceiro colocado, pagar "apenas" vintinho para o segundo e dar estes trinta para um escritor pelo conjunto da obra.
Seria mais justo. Ano que vem um Zé das Couves lança um livro espetacular, mas, por ter 30 anos, acaba perdendo a bolada para um Rubem Fonseca da vida, que carrega toda uma linda história literária, mas está decadente.
Só para exemplificar ainda mais essa idéia de prêmio homenagem que se tornou o Telecom (logo em sua primeira edição), o segundo lugar foi para o poeta Sebastião Uchoa Leite, de 68 anos, e o terceiro lugar para Mario Chamie (70).
5 bares em 6 noites
Devo admitir que estou com as minhas obrigações etílicas, que ter um blog chamado Bohemias implicam, rigorosamente em dia.
Segunda fui com o Luiz (e amigos) no Sindicato do Leme. Ontem tomei três choppinhos com a Bá no Paraíso do Chopp, no Catete. Hoje é dia de beber com meu amigo Medina (em local à confirmar) e depois rumar para o CCC para o aniversário de uma amiga da Bá.
Ainda agendado para esta semana: finalmente beber algumas Bohemias com o Marcelo, no Plebeu, e uma passada na inauguração no Arruaça, em Laranjeiras, no sábado.
Cadê o pessoal do guia de Bares e Botequins que não me chama como jurado?
Devo admitir que estou com as minhas obrigações etílicas, que ter um blog chamado Bohemias implicam, rigorosamente em dia.
Segunda fui com o Luiz (e amigos) no Sindicato do Leme. Ontem tomei três choppinhos com a Bá no Paraíso do Chopp, no Catete. Hoje é dia de beber com meu amigo Medina (em local à confirmar) e depois rumar para o CCC para o aniversário de uma amiga da Bá.
Ainda agendado para esta semana: finalmente beber algumas Bohemias com o Marcelo, no Plebeu, e uma passada na inauguração no Arruaça, em Laranjeiras, no sábado.
Cadê o pessoal do guia de Bares e Botequins que não me chama como jurado?
quarta-feira, novembro 05, 2003
A despedida do mar de Ipanema
Segura o livro com a mão direita espalmada por trás da capa. Ela murmura cada palavra lida como uma prece. Murmura sem produzir nenhum ruído perceptível para o homem que está ao seu lado no ônibus. A observo da fileira detrás, na diagonal, e sorvo todas as palavras lidas. Cada tremida do lábio superior, contato da língua com os dentes, toda virada de página que mostra um relance da capa preta. O ônibus balança, a prece cessa por alguns segundos e o homem olha devotamente para os seios da menina que comungam.
Desvio o olhar por um instante, à procura de uma explicação para a balbúrdia na calçada do outro lado da rua. Uma velha está caída no chão, com as mãos sangrando. Sem dúvida tomou um daqueles tombos tão sem sentido quanto costumeiros para pessoas da nossa idade. Dois jovens e um porteiro a socorrem e ela levanta chorando, não tanto pela dor, mas pela humilhação de não conseguir mais andar sozinha sem se machucar.
A reconheço quando levanta. Era uma antiga vizinha de vila. É quatro anos mais nova que eu. Adorava brincar de pique, subir na árvore de pitanga. Lembro que chorou bastante no dia em que os pais se mudaram. A reconheci pelo jeito de chorar, porque os olhos já perderam o brilho, a boca murchou e a pele enrugou. Todos que conheço daquela época estão assim agora. Quase irreconhecíveis. E estes têm que dar graças a Deus por estarem vivos.
O ônibus anda novamente e balança muito. A menina também esticou o pescoço para ver a queda da velha. Todos os passageiros fizeram isso, percebo agora. Sorrio para a menina e utilizo uma expressão que outrora era meu rosto de flerte. Nenhum resultado. Nem indignação consigo arrancar mais das mulheres. Nada. Foi como se não fosse com ela. Um velho lhe fez uma cara esquisita, mas deixa para lá.
Levanto, tento tocar a sineta no teto do ônibus, mas meu braço já não se eleva mais que 45 graus. Desisto e caminho, apoiando as duas mãos nas cadeiras do ônibus, até a porta da frente. Peço para o motorista para descer nesta esquina, uma antes do ponto. Ele não me escuta. Meu tom de voz já é bem mais baixo do que antigamente. Grito desta vez. O motorista faz que não ouve. Grito novamente e ele responde que não pode abrir porque posso me machucar ao saltar fora do ponto e aí ele estaria em apuros. Me reprova por querer saltar antes do ponto, algo tão natural, ora essa. Mais uma humilhação que a idade nos faz passar.
Salto no ponto. Um passo de cada vez. Um estudante, que espera para entrar no ônibus, me dá o braço para ajudar a descer o último degrau. Eu faço um meneio de cabeça de que não há necessidade, mas mesmo assim ele agarra meu braço e me coloca com segurança na calçada. Espera por um obrigado que não vem, e fecha a cara. Não pedi auxílio, ora bolas.
Caminho vagarosamente até a próxima esquina. A rua está vazia. Os carros estão parados no sinal fechado. Em outros tempos, nem tão longínquos assim, atravessaria correndo a rua e continuaria no pique até a praia, onde mergulharia no impulso, não sem antes dar uma cambalhota nas ondas que chegam mansas à areia.
Sei que correr está fora de questão agora. Mergulhar dando cambalhotas nem se fala. Mas continuo andando devagar e chego à esquina. Espero o sinal fechar novamente e atravesso a rua com o passo mais apressado que consigo dar. Conheço este sinal. Sei que ele abre rapidamente. Mesmo com toda pressa só consigo alcançar a calçada do outro lado da rua com a luz amarela piscando.
Caminho em direção a praia de Ipanema. Esquina com a Garcia Dávila. Cresci neste quarteirão e vivi aqui por mais de sessenta anos. Vivia brincando pela rua, passava as tardes na praia. Conheci minha falecida esposa nestas areias. Namorávamos no banco do calçadão que ficava em frente ao extinto Bar Brasil. Fiz questão de continuar morando no bairro mesmo depois de casado.
Quantas recordações. Agora estou morando em Botafogo. Em um conjugado. Exigência da minha filha que cismou que eu não poderia morar tão longe dela depois do falecimento da minha esposa Rosa.
Vez por outra dou minha fugidinha logo de manhã cedo para dar um passeio na praia. Hoje aproveitei que minha filha está em São Paulo, em viagem de negócios, coloquei meu velho calção de banho vinho, vesti uma bermuda, camisa regata branca e vim.
Cá estou agora, já no calçadão da minha praia. O sol ainda está fraco, pois são 8h, e me entusiasmo a tirar os chinelos do pé para sentir o contato com a areia gelada e dura da manhã. Pelo menos costumava ser assim. A areia está muito fofa, meu pé afunda e fica cada vez mais difícil andar. E como meu pé arde. Não é possível a areia estar tão quente a essa hora. Nunca foi assim.
Continuo andando devagar. Mesmo com as solas dos pés queimando me recuso a colocar os chinelos. Chegar na parte da areia molhada é um refresco, mas não resolve completamente minhas dores. Molho meus pés na água e sinto de volta a sensação de tranqüilidade de décadas atrás. Mas tudo se evapora rapidamente quando uma marolinha tira meu equilíbrio e quase caio. Uma moça que passava fazendo cooper grita para o vovô ter cuidado. Eu entendo perfeitamente que é comigo, mas dessa vez sou eu que me faço de surdo.
Fico com os pés na beirinha da água por mais alguns segundos e caminho de volta até a areia seca, onde sento em cima do meu chinelo para não sujar a bermuda. Hoje em dia, vejo que todo mundo faz isso, mas na minha época eu fui o pioneiro. Mas disso ninguém sabe. E mesmo que soubesse, quem daria bola?
Tudo está tão diferente. Pessoas queridas morreram, bares e lojas fecharam. A areia está mais fofa e quente, mas a água do mar continua a mesma. Eu envelheci, mas ela não. Conheço cada possível buraco nestas areias, cada corrente marinha que empurram sempre para a esquerda. O vento. Ah, o vento continua fraco, mais parecendo uma brisa. Como nadei nestas águas.
Decido repentinamente que preciso voltar a nadar nesta praia. E terá de ser hoje, agora, porque da próxima vez estarei mais velho e frágil do que neste momento. Tiro minha camisa regata sorrindo. Tiro também minha bermuda. Dobro as duas peças de roupa com cuidado.
A praia vazia me dá cobertura. Com ela cheia jamais permitiriam um senhor da minha idade nadar sem ninguém por perto. Venço com algum esforço as marolas iniciais e mergulho com vontade na água gelada. As correntes são minhas parceiras e devolvem meus pés a areia com a suavidade dos meus tempos de garoto. Que sentimento gostoso se apossa de mim.
Sinto-me confiante para dar umas braçadas de despedida neste mar que tanto fez parte da minha vida. Começo a nadar e a sensação de bem-estar continua. É verdade que tenho de fazer cada vez mais força para não afundar ou ser arrastado pelas ondas, mas isso é detalhe perto da felicidade que este momento está me trazendo.
Quando, de repente, alguém agarra afoito minha cintura e começa a gritar coisas ininteligíveis. Tento me desvencilhar batendo o pé mais forte, mas não consigo. Fugir mergulhando também não dá certo. Acabo engolindo muita água. Até que apago.
Não sei por quanto tempo fiquei desacordado, mas ao abrir os olhos senti o sol forte invadir minha retina. Estou deitado na areia. Resolvo fechar novamente os olhos, mas sinto que dezenas de pessoas estão em pé a minha volta. Escuto uma pessoa dizer que me salvou. Que o velho estava se afogando, mesmo estando na beirinha, a menos de três metros da areia.
Tusso duas, três vezes, as pessoas fazem silêncio para ver se acordo. Resolvo permanecer com os olhos fechados. Eu poderia estar mesmo me afogando, não tenho dúvida disso. Mas a verdade é que por alguns segundos, enquanto batia a perna e os braços, mesmo que fosse na beirinha, como disse o meu salva-vidas, me senti de um jeito tão bom como não me sentia há quatro décadas. E é me apegando nesta sensação que permaneço mais um pouco de olhos fechados, me agarrando à memória recente da minha despedida do mar.
Segura o livro com a mão direita espalmada por trás da capa. Ela murmura cada palavra lida como uma prece. Murmura sem produzir nenhum ruído perceptível para o homem que está ao seu lado no ônibus. A observo da fileira detrás, na diagonal, e sorvo todas as palavras lidas. Cada tremida do lábio superior, contato da língua com os dentes, toda virada de página que mostra um relance da capa preta. O ônibus balança, a prece cessa por alguns segundos e o homem olha devotamente para os seios da menina que comungam.
Desvio o olhar por um instante, à procura de uma explicação para a balbúrdia na calçada do outro lado da rua. Uma velha está caída no chão, com as mãos sangrando. Sem dúvida tomou um daqueles tombos tão sem sentido quanto costumeiros para pessoas da nossa idade. Dois jovens e um porteiro a socorrem e ela levanta chorando, não tanto pela dor, mas pela humilhação de não conseguir mais andar sozinha sem se machucar.
A reconheço quando levanta. Era uma antiga vizinha de vila. É quatro anos mais nova que eu. Adorava brincar de pique, subir na árvore de pitanga. Lembro que chorou bastante no dia em que os pais se mudaram. A reconheci pelo jeito de chorar, porque os olhos já perderam o brilho, a boca murchou e a pele enrugou. Todos que conheço daquela época estão assim agora. Quase irreconhecíveis. E estes têm que dar graças a Deus por estarem vivos.
O ônibus anda novamente e balança muito. A menina também esticou o pescoço para ver a queda da velha. Todos os passageiros fizeram isso, percebo agora. Sorrio para a menina e utilizo uma expressão que outrora era meu rosto de flerte. Nenhum resultado. Nem indignação consigo arrancar mais das mulheres. Nada. Foi como se não fosse com ela. Um velho lhe fez uma cara esquisita, mas deixa para lá.
Levanto, tento tocar a sineta no teto do ônibus, mas meu braço já não se eleva mais que 45 graus. Desisto e caminho, apoiando as duas mãos nas cadeiras do ônibus, até a porta da frente. Peço para o motorista para descer nesta esquina, uma antes do ponto. Ele não me escuta. Meu tom de voz já é bem mais baixo do que antigamente. Grito desta vez. O motorista faz que não ouve. Grito novamente e ele responde que não pode abrir porque posso me machucar ao saltar fora do ponto e aí ele estaria em apuros. Me reprova por querer saltar antes do ponto, algo tão natural, ora essa. Mais uma humilhação que a idade nos faz passar.
Salto no ponto. Um passo de cada vez. Um estudante, que espera para entrar no ônibus, me dá o braço para ajudar a descer o último degrau. Eu faço um meneio de cabeça de que não há necessidade, mas mesmo assim ele agarra meu braço e me coloca com segurança na calçada. Espera por um obrigado que não vem, e fecha a cara. Não pedi auxílio, ora bolas.
Caminho vagarosamente até a próxima esquina. A rua está vazia. Os carros estão parados no sinal fechado. Em outros tempos, nem tão longínquos assim, atravessaria correndo a rua e continuaria no pique até a praia, onde mergulharia no impulso, não sem antes dar uma cambalhota nas ondas que chegam mansas à areia.
Sei que correr está fora de questão agora. Mergulhar dando cambalhotas nem se fala. Mas continuo andando devagar e chego à esquina. Espero o sinal fechar novamente e atravesso a rua com o passo mais apressado que consigo dar. Conheço este sinal. Sei que ele abre rapidamente. Mesmo com toda pressa só consigo alcançar a calçada do outro lado da rua com a luz amarela piscando.
Caminho em direção a praia de Ipanema. Esquina com a Garcia Dávila. Cresci neste quarteirão e vivi aqui por mais de sessenta anos. Vivia brincando pela rua, passava as tardes na praia. Conheci minha falecida esposa nestas areias. Namorávamos no banco do calçadão que ficava em frente ao extinto Bar Brasil. Fiz questão de continuar morando no bairro mesmo depois de casado.
Quantas recordações. Agora estou morando em Botafogo. Em um conjugado. Exigência da minha filha que cismou que eu não poderia morar tão longe dela depois do falecimento da minha esposa Rosa.
Vez por outra dou minha fugidinha logo de manhã cedo para dar um passeio na praia. Hoje aproveitei que minha filha está em São Paulo, em viagem de negócios, coloquei meu velho calção de banho vinho, vesti uma bermuda, camisa regata branca e vim.
Cá estou agora, já no calçadão da minha praia. O sol ainda está fraco, pois são 8h, e me entusiasmo a tirar os chinelos do pé para sentir o contato com a areia gelada e dura da manhã. Pelo menos costumava ser assim. A areia está muito fofa, meu pé afunda e fica cada vez mais difícil andar. E como meu pé arde. Não é possível a areia estar tão quente a essa hora. Nunca foi assim.
Continuo andando devagar. Mesmo com as solas dos pés queimando me recuso a colocar os chinelos. Chegar na parte da areia molhada é um refresco, mas não resolve completamente minhas dores. Molho meus pés na água e sinto de volta a sensação de tranqüilidade de décadas atrás. Mas tudo se evapora rapidamente quando uma marolinha tira meu equilíbrio e quase caio. Uma moça que passava fazendo cooper grita para o vovô ter cuidado. Eu entendo perfeitamente que é comigo, mas dessa vez sou eu que me faço de surdo.
Fico com os pés na beirinha da água por mais alguns segundos e caminho de volta até a areia seca, onde sento em cima do meu chinelo para não sujar a bermuda. Hoje em dia, vejo que todo mundo faz isso, mas na minha época eu fui o pioneiro. Mas disso ninguém sabe. E mesmo que soubesse, quem daria bola?
Tudo está tão diferente. Pessoas queridas morreram, bares e lojas fecharam. A areia está mais fofa e quente, mas a água do mar continua a mesma. Eu envelheci, mas ela não. Conheço cada possível buraco nestas areias, cada corrente marinha que empurram sempre para a esquerda. O vento. Ah, o vento continua fraco, mais parecendo uma brisa. Como nadei nestas águas.
Decido repentinamente que preciso voltar a nadar nesta praia. E terá de ser hoje, agora, porque da próxima vez estarei mais velho e frágil do que neste momento. Tiro minha camisa regata sorrindo. Tiro também minha bermuda. Dobro as duas peças de roupa com cuidado.
A praia vazia me dá cobertura. Com ela cheia jamais permitiriam um senhor da minha idade nadar sem ninguém por perto. Venço com algum esforço as marolas iniciais e mergulho com vontade na água gelada. As correntes são minhas parceiras e devolvem meus pés a areia com a suavidade dos meus tempos de garoto. Que sentimento gostoso se apossa de mim.
Sinto-me confiante para dar umas braçadas de despedida neste mar que tanto fez parte da minha vida. Começo a nadar e a sensação de bem-estar continua. É verdade que tenho de fazer cada vez mais força para não afundar ou ser arrastado pelas ondas, mas isso é detalhe perto da felicidade que este momento está me trazendo.
Quando, de repente, alguém agarra afoito minha cintura e começa a gritar coisas ininteligíveis. Tento me desvencilhar batendo o pé mais forte, mas não consigo. Fugir mergulhando também não dá certo. Acabo engolindo muita água. Até que apago.
Não sei por quanto tempo fiquei desacordado, mas ao abrir os olhos senti o sol forte invadir minha retina. Estou deitado na areia. Resolvo fechar novamente os olhos, mas sinto que dezenas de pessoas estão em pé a minha volta. Escuto uma pessoa dizer que me salvou. Que o velho estava se afogando, mesmo estando na beirinha, a menos de três metros da areia.
Tusso duas, três vezes, as pessoas fazem silêncio para ver se acordo. Resolvo permanecer com os olhos fechados. Eu poderia estar mesmo me afogando, não tenho dúvida disso. Mas a verdade é que por alguns segundos, enquanto batia a perna e os braços, mesmo que fosse na beirinha, como disse o meu salva-vidas, me senti de um jeito tão bom como não me sentia há quatro décadas. E é me apegando nesta sensação que permaneço mais um pouco de olhos fechados, me agarrando à memória recente da minha despedida do mar.
Um certo mentiroso
A Coleção Rocinante, da Editora 7 Letras, tem lançado muita gente boa no mercado. Já comentei aqui no Bohemias sobre o livro da Mara, mas este não foi o primeiro título da coleção que tive o prazer de ler.
O Mentiroso, do escritor paulista Tony Monti, me encantou logo no primeiro conto, uma preciosidade sobre a vida de um mendigo e, principalmente, sua companheira de rua. Tudo muito lírico, sem as cruezas e violência que se pode esperar ao se tratar de um tema tão batido como este.
O livro ganhou o prêmio Nascente de 2002, prestigiado concurso da USP, com pessoas como Carlos Heitor Cony no júri.
Fica aqui a dica de leitura e também o link do blog do Tony, que achei no google após ler o seu Mentiroso e ficar curioso para saber mais sobre o autor que é descrito deste modo na orelha do livro:
Tony Monti é paulista. Lê e escreve. Contrariando as previsões mais otimistas, terá trinta anos antes do fim da década. Quando você telefonar para sua casa, ele estará dormindo. Em seus sonhos, ainda mora na casa onde passou a infância. Não pretende mudar, por enquanto.
A Coleção Rocinante, da Editora 7 Letras, tem lançado muita gente boa no mercado. Já comentei aqui no Bohemias sobre o livro da Mara, mas este não foi o primeiro título da coleção que tive o prazer de ler.
O Mentiroso, do escritor paulista Tony Monti, me encantou logo no primeiro conto, uma preciosidade sobre a vida de um mendigo e, principalmente, sua companheira de rua. Tudo muito lírico, sem as cruezas e violência que se pode esperar ao se tratar de um tema tão batido como este.
O livro ganhou o prêmio Nascente de 2002, prestigiado concurso da USP, com pessoas como Carlos Heitor Cony no júri.
Fica aqui a dica de leitura e também o link do blog do Tony, que achei no google após ler o seu Mentiroso e ficar curioso para saber mais sobre o autor que é descrito deste modo na orelha do livro:
Tony Monti é paulista. Lê e escreve. Contrariando as previsões mais otimistas, terá trinta anos antes do fim da década. Quando você telefonar para sua casa, ele estará dormindo. Em seus sonhos, ainda mora na casa onde passou a infância. Não pretende mudar, por enquanto.
Arruaça
O mais novo bar do Rio já tem nome, horário e local para abrir sua primeira cerveja. Como comentei há alguns dias, meu amigo Rodrigo e mais +3 parceiros estão inaugurando um bar.
Chama-se Arruaça e fica na Sebastião Lacerda, número 4, quase esquina com a Rua das Laranjeiras (em frente a Rua Alice - quem não sabe onde fica a Rua Alice pergunta para o pai, que ele há de saber).
As portas serão abertas neste sábado, às 16h, e só fecharão quando o último bebum desmaiar na porta do bar e for lambido no rosto por um pitbull fêmea, daqueles malhados, tão fofinhos.
Como ainda não consegui falar com o Rodrigo, quem me passou o serviço foi a Rosana, por e-mail. Estarei lá no sábado bebendo algumas Bohemias e dando um abraço nos amigos.
O mais novo bar do Rio já tem nome, horário e local para abrir sua primeira cerveja. Como comentei há alguns dias, meu amigo Rodrigo e mais +3 parceiros estão inaugurando um bar.
Chama-se Arruaça e fica na Sebastião Lacerda, número 4, quase esquina com a Rua das Laranjeiras (em frente a Rua Alice - quem não sabe onde fica a Rua Alice pergunta para o pai, que ele há de saber).
As portas serão abertas neste sábado, às 16h, e só fecharão quando o último bebum desmaiar na porta do bar e for lambido no rosto por um pitbull fêmea, daqueles malhados, tão fofinhos.
Como ainda não consegui falar com o Rodrigo, quem me passou o serviço foi a Rosana, por e-mail. Estarei lá no sábado bebendo algumas Bohemias e dando um abraço nos amigos.
iBEST
Não se assustem pelo título. Não é o meu blog, tão jovem, que está concorrendo ao prêmio, e sim o BliGSports, onde escrevo semanalmente uma coluna sobre basquete ou futebol.
Para aqueles que gostam de esportes e não encontram conteúdo diferenciado nos jornais e revistas especializadas, o BliGSports é uma ótima opção. Quem escreve são jornalistas das mais variadas opiniões e procedências. Já atraímos uma audiência bastante qualificada e opinativa e pretendemos crescer ainda mais.
Portanto, mais do que o voto de cada um no iBEST, eu peço para que visitem o site, pois vale a pena.
Ah, e minha coluna desta semana é sobre o LeBron James, o novo fenêomeno da NBA.
Não se assustem pelo título. Não é o meu blog, tão jovem, que está concorrendo ao prêmio, e sim o BliGSports, onde escrevo semanalmente uma coluna sobre basquete ou futebol.
Para aqueles que gostam de esportes e não encontram conteúdo diferenciado nos jornais e revistas especializadas, o BliGSports é uma ótima opção. Quem escreve são jornalistas das mais variadas opiniões e procedências. Já atraímos uma audiência bastante qualificada e opinativa e pretendemos crescer ainda mais.
Portanto, mais do que o voto de cada um no iBEST, eu peço para que visitem o site, pois vale a pena.
Ah, e minha coluna desta semana é sobre o LeBron James, o novo fenêomeno da NBA.
terça-feira, novembro 04, 2003
Rachel de Queiroz
A escritora Rachel de Queiroz morreu nesta terça-feira, dormindo, aos 92 anos. Muito justo que uma pessoa que batalhou tanto faleça descansando. Rachel foi a primeira mulher a ocupar uma cadeira na ABL, quando, em 1977, há exatos 26 anos, pasmém, num mesmo dia 4 de novembro, sentou-se na poltrona 5 da Casa de Machado.
Nunca li nenhum livro dela, serei sincero, nem ao menos assisti a minissérie de Memorial de Maria Moura que a Globo produziu na década de 90, mas sei que foi uma guerreira das letras em um tempo que as mulheres eram muito discriminadas.
Acho indispensável que seja eleita uma escritora para o lugar da autora de O Quinze. Tomara que nenhum político, jornalista ou sociólogo queira a cadeira. O mais legal seria eleger uma escritora de livros infantis, como a Ana Maria Machado ou a Ruth Rocha, afinal, todos começamos lendo aqueles livrinhos finos, cheio de ilustrações e aventuras, para, um dia, chegar a ler um Quinze da vida.
A escritora Rachel de Queiroz morreu nesta terça-feira, dormindo, aos 92 anos. Muito justo que uma pessoa que batalhou tanto faleça descansando. Rachel foi a primeira mulher a ocupar uma cadeira na ABL, quando, em 1977, há exatos 26 anos, pasmém, num mesmo dia 4 de novembro, sentou-se na poltrona 5 da Casa de Machado.
Nunca li nenhum livro dela, serei sincero, nem ao menos assisti a minissérie de Memorial de Maria Moura que a Globo produziu na década de 90, mas sei que foi uma guerreira das letras em um tempo que as mulheres eram muito discriminadas.
Acho indispensável que seja eleita uma escritora para o lugar da autora de O Quinze. Tomara que nenhum político, jornalista ou sociólogo queira a cadeira. O mais legal seria eleger uma escritora de livros infantis, como a Ana Maria Machado ou a Ruth Rocha, afinal, todos começamos lendo aqueles livrinhos finos, cheio de ilustrações e aventuras, para, um dia, chegar a ler um Quinze da vida.
Epiderme e Paralelos
Ontem recebi um e-mail da escritora Mara Coradello, que faz parte do conselho editorial da revista (e também site) Paralelos, elogiando um texto meu e dizendo que o mini-conto Bocejos, que publiquei aqui, será incluído na próxima edição do site. A Paralelos, para quem não sabe, é um projeto que busca mapear e apresentar os novos escritores do Rio de Janeiro.
Hoje, ao entrar no Epiderme, blog do escritor e editor da Paralelos Augusto Sales, vi meu texto postado lá, o que me alegrou bastante.
Agradeço aos dois e dou boas-vindas aos que chegaram ao Bohemias através do link no Epiderme.
Voltem sempre!
Ontem recebi um e-mail da escritora Mara Coradello, que faz parte do conselho editorial da revista (e também site) Paralelos, elogiando um texto meu e dizendo que o mini-conto Bocejos, que publiquei aqui, será incluído na próxima edição do site. A Paralelos, para quem não sabe, é um projeto que busca mapear e apresentar os novos escritores do Rio de Janeiro.
Hoje, ao entrar no Epiderme, blog do escritor e editor da Paralelos Augusto Sales, vi meu texto postado lá, o que me alegrou bastante.
Agradeço aos dois e dou boas-vindas aos que chegaram ao Bohemias através do link no Epiderme.
Voltem sempre!
Vasquinho
Aposto 11 centavos como o Euricão vencerá a eleição vascaína desta terça.
Aposto 11 centavos como o Euricão vencerá a eleição vascaína desta terça.
segunda-feira, novembro 03, 2003
Links
Adicionei dois links na barra lateral. Na seção literatura, o blog da Mara Coradello - O Caderno Branco de Mora Mey, que, por falta de espaço, constará apenas como O Caderno Branco. Sorry.
O outro link é o Doctor Bee, blog do Nestor, o editor da 359 Online, que ano que vem estará engrossando o coro gremista na Série B.
Adicionei dois links na barra lateral. Na seção literatura, o blog da Mara Coradello - O Caderno Branco de Mora Mey, que, por falta de espaço, constará apenas como O Caderno Branco. Sorry.
O outro link é o Doctor Bee, blog do Nestor, o editor da 359 Online, que ano que vem estará engrossando o coro gremista na Série B.
Listas - Piores comentaristas esportivos da TV*
1 - Dácio "Vamo garoto" Campos - SPORTV
2 - Regis "Tim Duncan é amarelão" Nestrovski - ESPN
3 - Benjamin "Nois somo tudo maloqueiro! Timão ê ô" Back - Rede TV
4 - Pedro "sindicato" Costa - CNT
5 - Osmar "aquele neguinho do Vitória" de Oliveira - Record
* sem qualquer ordem específica
1 - Dácio "Vamo garoto" Campos - SPORTV
2 - Regis "Tim Duncan é amarelão" Nestrovski - ESPN
3 - Benjamin "Nois somo tudo maloqueiro! Timão ê ô" Back - Rede TV
4 - Pedro "sindicato" Costa - CNT
5 - Osmar "aquele neguinho do Vitória" de Oliveira - Record
* sem qualquer ordem específica
Caixa de livraria: uma profissão bizarra
Tirando uma ou outra exceção, as caixas de livrarias, especialmente as que trabalham em redes, nunca leram um livro. Portanto, são completamente alheias a tudo que as cerca dentro do seu local de trabalho. Fui comprar o livro do Cuenca na Livraria Galileu do Largo do Machado e ouvi o seguinte diálogo ao entregar o livro no caixa.
- Ai, que susto.
Como eu não dei bola, a outra caixa assumiu a conversa.
- Que houve?
- Olha só esse nome: João Paulo Cueeeenca.
A outra só riu. Eu fiquei com medo do comentário que viria.
- Ele deveria chamar logo João Paulo Cueca para facilitar.
A outra riu de novo.
- Me dá o livro do Cueca? Tem o livro do Cueca?
Poderia ser pior. Ah, se poderia...
Sobre o livro eu comento outro dia.
Tirando uma ou outra exceção, as caixas de livrarias, especialmente as que trabalham em redes, nunca leram um livro. Portanto, são completamente alheias a tudo que as cerca dentro do seu local de trabalho. Fui comprar o livro do Cuenca na Livraria Galileu do Largo do Machado e ouvi o seguinte diálogo ao entregar o livro no caixa.
- Ai, que susto.
Como eu não dei bola, a outra caixa assumiu a conversa.
- Que houve?
- Olha só esse nome: João Paulo Cueeeenca.
A outra só riu. Eu fiquei com medo do comentário que viria.
- Ele deveria chamar logo João Paulo Cueca para facilitar.
A outra riu de novo.
- Me dá o livro do Cueca? Tem o livro do Cueca?
Poderia ser pior. Ah, se poderia...
Sobre o livro eu comento outro dia.
Nelson Motta
Esqueci de comentar sobre outra pessoa que estava no show dos Los Hermanos na quinta. O boa praça Nelson Motta também estava sentado na arquibancada, sorridente, com camisa hering branca e seu jeito despojado.
Nelsinho - aliás, poucos podem ser chamados carinhosamente pelo diminutivo por estranhos com tanta tranquilidade - é um símbolo do Rio. Já fez muito agito nas "noites cariocas" e está sempre apresentando boas novidades musicais. Li outro dia que ele "descobriu" outra grande cantora que promete estourar nos próximos meses para rivalizar com o sucesso de crítica e, infelizmente, de marketing que se tornou a filha da Elis.
Post sem sentido, mas é que acho o Nelson Motta muito simpático.
Esqueci de comentar sobre outra pessoa que estava no show dos Los Hermanos na quinta. O boa praça Nelson Motta também estava sentado na arquibancada, sorridente, com camisa hering branca e seu jeito despojado.
Nelsinho - aliás, poucos podem ser chamados carinhosamente pelo diminutivo por estranhos com tanta tranquilidade - é um símbolo do Rio. Já fez muito agito nas "noites cariocas" e está sempre apresentando boas novidades musicais. Li outro dia que ele "descobriu" outra grande cantora que promete estourar nos próximos meses para rivalizar com o sucesso de crítica e, infelizmente, de marketing que se tornou a filha da Elis.
Post sem sentido, mas é que acho o Nelson Motta muito simpático.
domingo, novembro 02, 2003
Um weekend com você
Queria agradecer minha linda namorada, já curada da catapora que a exilou na Barra por uma semana, pelo ótimo fim de semana que passamos juntos.
Zoem à vontade. É o amor!
Queria agradecer minha linda namorada, já curada da catapora que a exilou na Barra por uma semana, pelo ótimo fim de semana que passamos juntos.
Zoem à vontade. É o amor!