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quinta-feira, setembro 30, 2004

Debates

Hoje acontecerão os debates para presidência dos EUA e prefeitura do Rio. Lá como cá, ninguém vai querer debater nada, apenas usar os minutos em televisão com grande audiência para fazer os discursos ensaiados.

Nos EUA a coisa é mais estranha. Um candidato não pode perguntar nada para o outro. Isso não anula o sentido da palavra debate? Será como entrevistas coletivas alternadas dos candidatos com a presença do outro na mesma sala. Pelo menos seria engraçado ver a expressão do Kerry quando o Bush estivesse falando - e vice-versa -, mas nem isso os assessores políticos querem permitir.

Usando o gancho para voltar ao pleito municipal, lembro de certo debate em que Sérgio Cabral Filho era o candidato. Como estava bem nas pesquisas - primeiro ou segundo - os outros deram pancadas nele o debate todo. As câmeras procuravam Cabral Filho para ver sua expressão, mas ele limitava-se a olhar com cara de bobão para frente, como se estivesse hipnotizado pela luz vermelha acessa. Na hora de falar, um desastre também.

Coincidência ou não, jamais voltou a se candidatar para cargos executivos e nas últimas eleições foi o senador mais votado - não precisa de debate neste caso. Bom no VT, péssimo ao vivo.

Eu continuo indeciso sobre meu voto (a qualidade dos candidatos é sofrível) e penso em utilizar o debate, se não tiver nada melhor para fazer (trocar as lâmpadas do meu quarto já serve) para escolher em que votar.

Provavelmente todos os candidatos partirão para o ataque contra César Maia, que tem chance de levar no primeiro turno. Tomara que o prefeito perca a calma de político experiente e produza algumas gafes. Umas risadas não fariam mal nesta noite.

quarta-feira, setembro 29, 2004

O melhor do Festival

Assistam Nina! Um milagre no cinema nacional, que anda variando somente entre a estética global e o panfletarismo social (com alguns sucessos em ambos os casos - feita à ressalva).

terça-feira, setembro 28, 2004

Joel Canabrava.......sóbrio

O Vasco surpreendeu o mundo ao demitir o Geninho e contratar o prancheteiro Joel Canabrava. Isso levou-me a uma reflexão metafísica: já houve algum momento no futebol carioca em que os quatro grandes estavam sendo comandados por seus técnicos-tampão. Vamos a lista válida:

Fla - Carlinhos ou Evaristo de Macedo
Vasco - Joel Santana ou Alcir Portella
Flu - Renato Gaúcho ou Valdir Espinosa
Bota - Dé ou Carlos Alberto Torres

Algum pesquisador do esporte bretão deveria propor este assunto para uma editora!

Entrevista via icq

Caco Belmonte, autor do livrinho de contos "Contos para ler cagando", distribuído gratuitamente na Flip, fez uma entrevista comigo por icq sobre o "Prosas Cariocas". Está lá no blog dele, em versão sem cortes. Tomara que ajude a fazer as pessoas do RS conhecerem o livro.

segunda-feira, setembro 27, 2004

Natalie X

Em filmes recentes parece que o "final" tem alcançado um peso por demais elevado. Natalie X, que assisti ontem no Paissandu, é um desses filmes que funcionariam melhor como livro. É um filme de silêncios, salpicado por diálogos esparsos de uma sexualidade bruta. Aquele clima de que o argumento não desenrola é quebrado por um final "surpresa", embora uma audiência treinada possa detectar o desenlace desde o início do filme.

Com Gérard Depardieu, Fanny Ardant e Emmanuelle Béart atuando pode parecer heresia dizer que o filme é fraco, mas não é culpa dos atores. O roteiro trabalha muito mal as emoções dos personagens, que variam do vazio ao caricato, impossíveis de serem digeridos para o caso de traição e amor.

Os atores parecem atuar sem qualquer orientação, cada um interpretando os silêncios de seus personagens de uma maneira. Individualmente, posso dizer que cada ator cumpriu seu papel, mas faltou "liga" entre os personagens, o que mata um filme de roteiro tão simplório e inverossímil (uma mulher contrata uma prostituta para saber dos "desejos" do marido que a trai).

Vale a pena não...

sábado, setembro 25, 2004

Eduardo Marciano

Fernando Sabino está internado numa Casa de Saúde aqui do lado. Estou com vontade de dar um pulo lá, mas tenho medo de ser desagradável (sei como são essas coisas de hospital).

Que cada pessoa que nas últimas décadas disse em voz baixa ou alta "Eduardo Marciano sou eu" mande um pensamento positivo para esse espetacular escritor.

sexta-feira, setembro 24, 2004

Folga

Acordar tarde
Não escrever nenhuma matéria sobre futebol
Seinfeld
Los Hermanos
Café
A Náusea
Dois filmes do Festival
Cerveja

quinta-feira, setembro 23, 2004

Eu me sinto tão down

Dando uma passada pelo Epiderme, vi que tinha uma entrevista do Cony no JB. O Augusto pinçou uma declaração dele, eu me interessei por outra:

"Quanto ao período em que interrompi a ficção aconteceu o seguinte: em 1972 escrevi Pilatos, achei muito bom e entrei numa ótima fase da minha vida. Arrumei emprego e depois de 1973 não fui mais preso. Mesmo proibido de escrever em jornais e sem lugar no mercado, vivi bem. Acho que o homem feliz não tem por onde escrever nada, o homem feliz trata de viver a vida dele."

Este é um mito que existe no meio: é preciso estar triste para escrever. Eu acho besteira. Sobre certos assuntos pode até ajudar ter aquela dor guardada, que nem precisa ser atual, diga-se de passagem, mas, em linhas gerais, acho que para sentir vontade de escrever é necessário "apenas" algum tipo de desconforto.

O resto da entrevista segue interessante. Eu acho que o Cony fala algumas besteiras, como dizer que o Getúlio foi o único gênio que o Brasil produziu, uma declaração tão infeliz que nem preciso me esforçar para refutar.

No mais, ele fala do desencanto com a política ("jamais irá votar novamente") e que não gosta do Quase Memória, seu livro mais conhecido e que vendeu 200 mil exemplares.

Conta também que em seu próximo romance o personagem dormirá com a Madre Teresa de Calcutá. Misturar pessoas reais com desconhecidos na ficção foi feito recentemente pelo Joca Terron e, anteriormente pelo José Agripino de Paula (devem ter mais exemplos, mas só lembro destes no momento), mas acho que é um artifício que, se bem explorado, fica bem interessante.

Vale a pena ler a entrevista feita pelo Paulo Celso Pereira...

quarta-feira, setembro 22, 2004

O carpinteiro Nazarian

Santiago Nazarian escreveu o livro que mais me impressionou em 2004. O seu "A Morte sem Nome" é original no aspecto mais complicado e positivo de conseguir tal feito: na carpintaria do texto.

A premissa é muito boa: uma mulher que se suicida a cada capítulo. Mas é na escrita que o Nazarian me cativou. Ele literalmente brinca com as palavras, formando textos cheios de poesia e angústia. Uma melancolia vermelha e branca. Como se a personagem estivesse estirada numa poça de sangue e contasse em devaneios claríssimos (se tal expressão existe) sua vida e o que a levou até ali.

Lorena é uma personagem tão boa que merece ser estudada um dia. Assim que comecei a ler, achei que ela parece uma irmã do mundo bizarro da Carmem do Cuenca, embora não sei como a comparação vai soar para os dois.

Deixe-me explicar: no "Corpo Presente" do Cuenca, Carmem são todas e nenhuma é Carmem. É o narrador que sofre por ela, que assume várias formas e personalidades. No "A Morte Sem Nome" do Nazarian, o livro é a Lorena, e os outros (um adolescente, um garçom argentino, os primos etc.), são sombras dela. Lorena vive, pulsa e os homens são apenas anteparos, coadjuvantes, testemunhas da sua morte anunciada.

Os dois são belíssimos escritores e merecem estar na lista de livros a serem lidos de todos que se interessam por literatura.

Para quem quiser saber mais do Nazarian, viste o blog dele, que está sendo atualizado com freqüência agora. Quem tiver dificuldade de achar o livro dele aqui no Brasil, tente em Portugal...

terça-feira, setembro 21, 2004

Livros à mancheia

Paulo Roberto Pires - No.Minimo

21.09.2004 | É curiosa e rara a experiência de viver sem limites a ficção e a realidade, os livros e as pessoas, a narrativa e a vida. No último final de semana me vi diante de uma pequena platéia, ao lado de Ruy Castro e quatro jovens escritores (Rodrigo Lacerda, Marcelo Moutinho, Joca Reiners Terron e Pedro Sussekind), debatendo as relações do escritor com a cidade. O cenário, o Jockey Club carioca, tomado pela Primavera dos Livros, evento que une pequenos e médios editores e consegue dosar em medidas justas feira e festa. E tome discussão, e tome bairrismo, e tome evocação do passado da cidade, de sua singularidade e decadência.

Era o fim de uma semana pesada em noites de autógrafos e, ao defender meu ponto de vista nada original (de que, na ficção, a cidade é melhor como personagem do que paisagem) e evocar um fantasma recorrente (o de Marques Rebêlo), percebi que toda teoria, como acontece muitas vezes, é vã. Discutia-se ali em que medida o Rio tomava conta da ficção mas, pelo menos para mim, a ficção é que tinha se misturado inexoravelmente com o que chamamos de realidade depois de percorrer tantas e distintas narrativas que grudam-se à cidade.

"De cada amor tu herdarás só o cinismo", primeiro romance de Arthur Dapieve, abriu a semana de autógrafos e disparou a estranha mistura de realidades. Nas 14 semanas em que se passa a ação, Dino, o quarentão atormentado por uma típica serial teaser, caça e foge de Adelaide, este o nome da mocinha, por bares, shows e carnavais que têm nome, número e endereço. São caminhos muito conhecidos, muitas vezes percorridos, que subitamente são invadidos por Dinos extraviados ? no balcão do Jobi, um cenário-personagem da história - e Adelaides displicentes, que saíram sorrateiramente das páginas do livro e se multiplicam pela cidade. Ou seria o contrário?

"Heranças do samba" não tem nada de ficção. Inventaria na sensibilidade de Aldir Blanc, Hugo Sukman e Luiz Fernando Vianna algumas das "famílias" artísticas (às vezes também biológicas) que não deixaram a peteca cair na difícil negociação das tradições do samba com a contemporaneidade. Não é e nem quer ser história é, também, mais do que jornalismo sem o ranço das "pesquisas" musicais talibambas.

No lançamento, era indiferente folhear o livro ou olhar em volta: eles estavam ali, zanzando pelo Centro Cultural dos Correios - onde está montada a exposição de mesmo nome, parte do mesmo projeto - e às vezes até cantando. Na saída, dou de cara com um Ford bigode, uma mulher com um relógio na cabeça e um diabo, sentado num banquinho, esperando sua vez. Não, não eram as caipirinhas, mas o set de um filme sobre Noel Rosa, montado ali fora, como um presente. Era demais para uma noite que já tinha me empurrado para a infância no capítulo "Os frutos da tamarineira", que fala do samba nascido no Cacique de Ramos, a quadra da rua Uranos que tanto tem a ver com as memórias da família.

Mais evidente, e nem por isso óbvia, foi a chegada de "Prosas cariocas", volume reunindo 17 jovens escritores que elegeram bairros para ambientar seus contos. O roteiro, coordenado por Flavio Izhaki e Marcelo Moutinho, relaciona cantos pouco cantados da cidade como Lins de Vasconcelos e Pavuna e, surpreendentemente, não inclui a musa recorrente, Ipanema. Na mistura de tantas vozes, há lugar para tudo, do Catete arruinado de Flávio Izhaki à delicada Laranjeiras de Adriana Lisboa. Ou ainda para um híbrido entre crônica e conto de Bianca Ramoneda, "Quando se Muda", relato extraordinariamente sincero das passagens entre subúrbio e Zona Sul que, mais uma vez, confunde minha percepção de memória e das histórias.

Foi assim, nesta nuvem de ficção, que, como numa máquina do tempo, comprei raros exemplares da Editora do Autor, que Fernando Sabino e Rubem Braga mantiveram entre 1960 e 1966. Naquele catálogo, os livros, objetos, eram tão importantes quanto os títulos. Glauco Rodrigues, Carlos Scliar e Bea Feitler eram alguns dos capistas. Por puro fetiche, tenho agora em minha estante o grafismos que Bea fez para "O homem nu", de Sabino, uma linda edição do "Retrato na gaveta", de Otto Lara Resende e poemas de Paulo Mendes Campos ("Testamento do Brasil" e "O Domingo Azul do Mar"). Este livros, reais, são também um pouco ficção: estão novinhos, como tivessem sido lançados agora.

Para culminar tantas viagens, amanheci no sábado dentro de um texto, me vi aprisionado nas colunas de um jornal. Transformado num animal estranho que poderia ter saído do borgiano "Livro dos seres imaginários" ou de uma bad trip de Hunter S. Thompson, virei personagem. Mais uma vez, tive a certeza de que a realidade é um detalhe desagradável e de que ficção é tão somente uma das formas de felicidade, a de conseguir preencher tantos vazios com narrativas tão simples, que transformam até a realidade física e te fazem crer que é possível continuar.

segunda-feira, setembro 20, 2004

Quem poupa tem

E o Flamengo fez quatro gols na mesma partida. Agora só mês que vem.

*

Alguém já assistiu o Esporte Total com o Datena? E pensar que ele ganha um salário de seis cifras. Virou um pastiche do Kajuru - que em geral era outro chato. O programa é tão estranho que a classificação do Brasileirão tem trilha do Prodidy ao fundo.

*

Mas tem programa de esporte pior...aliás, tirando os da TV a cabo, todos são ruins.

Resumo e fotos

Fim de semana longo e excelente, com segundo tempo do lançamento do Prosas Cariocas, no sábado, folga no trabalho, viajem rápida para Itaipuaçu, na sexta, e muita preguiça no domingo.

O melhor, sem dúvida, foi o sábado, na Primavera dos Livros com a cerveja/chopp durante e depois. Não deu muito tempo para ver os estandes, o que foi uma pena, mas pude conversar com muita gente legal no mesmo dia, conhecer outras e reencontrar os amigos sumidos de sempre (mas que não me deixaram na mão na hora do lançamento).

Cheguei atrasado para a palestra, pois estava viajando e tinha me programado para chegar na Primavera às 15h. Peguei apenas o último terço, mas deu para aproveitar.

Depois do lançamento (soube de ótimo número de vendas), fomos para o Nova Capela e a partir daí foi só cerveja por horas e horas. Pena a tentativa frustrada de entrar no Odisséia, lotado, que acabou nos obrigando a rumar para qualquer lugar aberto e não lotado.

sexta-feira, setembro 17, 2004

Experimentos de um jovem cientista


Rafael gostava de esmagar formiguinhas com a pontinha do dedo indicador. Era um prazer solitário, desses cultuados em segredo por crianças sem amigos. Com o tempo, esse simples ato ganhou requintes de crueldade juvenil. Primeiro Rafael encurralava a formiga com as mãos, impedindo que ela deixasse o espaço demarcado. Mas isso era pouco para ele, e adiante vieram os cuspes. Seguidos, repetidos, transparentes em suas bolhas brancas. Verdadeiros lagos para as pobres formiguinhas. Rafael sorria, satisfeito. Para depois salvar a formiguinha - que boa alma! -, que caminhava cambaleante, arrastando a parte anterior, pesada com a água.

Certo dia - ou seria no mesmo dia? - a empregada o flagrou em execução do ato e exclamou com seu vocabulário tão delicado:

- Ah, Rafael, não bulha com inseto tão indefeso.

Deu de ouvidos. Novos cuspes e morte. Mas um dia - e em histórias leves tem sempre que ter um novo dia -, uma formiga dessas grandonas, com barriga vermelha e antenas vistosas, sobreviveu a dois cuspes megatons, uma conjunção de quase um minuto de saliva que Rafael guardava e despejava sem dó.

Então ele passou para a fase seguinte da sua maturidade de torturadorzinho - que os pais, satisfeitos, chamavam de experimentos de futuro cientista. Arrancou sem dó a patinha dianteira da bichinha. Mas a pretinha afobada não desistiu. Saiu cambaleante, tortinha, barriga arrastando pelo chão, perna apoiando e caindo, parecendo uma formiga veterana de guerra em desfile em sua homenagem. Levantou a sobrancelha ao dizer:

- Vamos ver sem duas patas. Mas qual eu tiro?

"Deixe-a Rafael. Essa merece sobreviver", soprei como narrador impertinente no ouvido dele. "E esse menino me escuta?" Para experimentar, tirou a outra da frente. Mas a formiga seguiu adiante, como uma cobra. Melhor teria sido tirar a traseira, deixá-la mais torta - olha eu dizendo o que fazer. Narrador em terceira pessoa dando conselho? Lá vem as pedras dizendo que Rafael sou EU! Mas antes o menino deu um cuspe. Megatom super, já que a lerdeza da formiguinha permitiu.

- Morreu ou não morreu?

Deu um peteleco no inseto, que rolou negro pelo chão de pedra. Pegou a coitadinha pela pata traseira. Sentiu um formigar no dedo. Outra pata já era. E a última também. Agora sim.

A empregada veio chamá-lo para o almoço:

- Cruz-credo. Chega de tanta maldade, garoto. Vem almoçar.

Ele nada ouviu. Muito menos a formiguinha, posto que nessa hora Rafael já tirara as antenas também - por deleite final mesmo - e ficou espiando a sua presa, que não confessou nem delatou.

A imobilidade da formiga cansou Rafael. Brincadeira sem graça, com certeza pensou. Ele levantou, bateu uma mão contra a outra, e deixou os restos do seu caráter para o sol evaporar.

Hora do almoço. Arroz, feijão e bife-com-batata-frita. Depois sorvete, que de propósito deixou pingar no chão da varanda para amanhã brincar mais.

quinta-feira, setembro 16, 2004

Chega de foto

Obrigado aos amigos que estiveram na Travessa ontem à noite, aos colegas escritores que estão no livro (e aos que não estão, mas marcaram presença), as namoradas e namorados (figuram essenciais para aguentar os malucos) e aos que eu não vi ou não pude conversar pelo rebuliço no auge da festa.

Não esqueçam que no sábado tem o segundo tempo, na Primavera dos Livros (Jockey Club às 19h). Aconselho chegar um pouco mais cedo, às 15h, para assistir a palestra sobre O Escritor e a Cidade, que acontecerá no próprio local. O Marcelo representará o Prosas Cariocas e dividirá a mesa com o Paulo Pires (escritor e editor da Ediouro), Ruy Castro (escritor e prefaciador do nosso livro), Rodrigo Lacerda (escritor e editor da CocasNaify), Joca Reiners Terron (escritor, capista e editor da Ciência do Acidente) e Pedro Sussekind (escritor).

Até lá!

Auto-promoção


Antonio Torres - grande presença


Na vitrine da Travessa


quarta-feira, setembro 15, 2004

Nós que cá estamos (no paredão) por vós esperamos

Foto: Vivian Ribeiro

Lançamento

Hoje é o lançamento do livro e espero ver grande parte das pessoas que passarem por aqui logo mais na Travessa (às 20h, na Visconde de Pirajá 572, Ipanema). Me orgulho de ter tirado este projeto tão rapidamente do "papel" para o papel, junto com o Marcelo, grande amigo tão recente (ele escreveu coisas bonitas sobre o livro no Pentimento).

Gostaria de agradecer - e farei isso mais uma vez pessoalmente hoje - aos 16 autores que integram a coletânea. Gente muito boa e de talento que compôs um painel que desvela muito bem o Rio. E este era o objetivo do livro: mostrar a cidade por trás da cidade. Na minha opinião, o melhor do Prosas Cariocas é o conjunto.

Como agradecer é o tema do dia, obrigado também a Casa da Palavra (Martha, Julio, Renata e aos que não conheço pessoalmente), que acreditou que o livro era viável, e ao pessoal da Paralelos, que empurrou com uma dúzia de mãos a literatura carioca neste último ano.

E, para finalizar, a minha galera daqui de casa: minha irmã, Elisa, a Bá, e, principalmente, meus pais.

Chega de pieguice. Com tantos agradecimentos parace que ganhei alguma coisa (tomara que o Cláudio Assis não apareça para me chamar de escroto). Aproveitem à noite que a cerveja é por conta da Casa (da Palavra).

segunda-feira, setembro 13, 2004

Ladrões trapalhões acabam no Zôo

São tantas piadas possíveis, que é até difícil escolher uma. O declaração do delegado é a melhor da semana. Se o Globo (que deu a matéria) não fizer uma suíte com uma declaração dos ladrões, ele não é um jornal sério:

"Uma perseguição a dois ladrões de carros acabou numa confusão no Jardim Zoológico, em São Cristóvão, ontem pela manhã. Depois de roubar um Vectra na Avenida Marechal Rondon, no Rocha, por volta das 6h, Felipe Nascimento de Magalhães, de 20 anos, e Alexsandro Pinheiro Araújo, de 18, foram perseguidos por policiais militares e presos dentro do recinto destinado a veados e antas no Zôo.

A perseguição em São Cristóvão começou após os dois ladrões abandonarem o Vectra, que apresentou defeito, próximo à Quinta da Boa Vista. Um morador percebeu a movimentação e alertou PMs do 4 BPM (São Cristóvão) que passavam pelo local. A prisão ocorreu às 6h50m, dentro do Zoológico. Os rapazes tinham um revólver calibre 38, mas não houve troca de tiros. Os dois foram presos em flagrante e conduzidos pelos PMs à 18 DP (Praça da Bandeira). À tarde, foram transferidos para a Polinter.

Segundo o delegado-adjunto Carlos Alberto da Silva Magalhães, da 18 DP, os bandidos podem ser condenados a penas de quatro a dez anos de prisão, por roubo.

- A situação foi inusitada pela forma pitoresca como eles foram presos. Na perseguição, um deles chegou a retirar um dos veados de dentro de sua toca para se esconder. Pensamos até que eles iriam fazer os animais de reféns. Os bichos ficaram assustados. Mas poderia ser pior, se eles caíssem no tanque dos jacarés, por exemplo - comentou o delegado.

Os dois responderão ainda pelo roubo de outro carro, um Saveiro, na noite de sábado, na área da 25 DP (Engenho Novo). Ambos os veículos foram recuperados e devolvidos aos proprietários."

Fla-Flu rodriguiano

Pior que ver o Flamengo perder injustamente para o Fluminense é ter que escrever a matéria ao mesmo tempo, sem poder assimilar o golpe. Só restou ser o 1274o jornalista na história do clássico que apelou para o Sobrenatural de Almeida.

*

Sobre o livro, saíram mais duas matérias nas edições do jornal de bairros de Globo:

Zona Norte

Ilha

*

Vai, pisa, me chama de fragmentário. Recolhe meus pedaços pelo chão. Junta meus bloquinhos de letras e bate no liquidificador. Pega um martelo e destroça meu corpo em várias partes. Mas não esquece de colar e fazer um mosaico colorido depois. Carrega no verde e no azul. Me leva debaixo do braço e coloca em cima da sua TV para eu te ver todas as noites. Me leia antes de dormir assistindo Jô Soares e outras baboseiras. Me esqueça como decoração na sua prateleira cheia de porta-retratos e livros de arte.

sábado, setembro 11, 2004

Prosas Cariocas e Paralelos no Globo

Hoje o Prosa & Verso fez uma edição histórica. Deu capa para o aniversário de um ano da Paralelos, em matéria assinada pela editora-assistente Rachel Bertol, e, na página central, fez um mapa sobre a produção dos "novíssimos"(na falta de nome mais escroto da minha parte) em todo Brasil.

Uma dessas matérias foi sobre o Prosas Cariocas, o que me alegrou bastante (veja íntegra abaixo - para ver a bela foto que ilustra a matéria, só comprando o jornal). No Globo On também saiu uma matéria muito boa, assinada pela Juliana Sartore, e o início de alguns contos do livro como amostra grátis.


"Dezessete contos, o valor do novo mapa do Rio

José Figueiredo

São bacanas, sacanas, modernos, bambas, craques etc. Mas, acima de tudo, os 17 escritores de Prosas cariocas - Uma nova cartografia do Rio de Janeiro (editora Casa da Palavra) não gostam de dias nublados para a sua literatura. Com o lançamento da coletânea de contos na próxima quarta-feira, na Livraria da Travessa de Ipanema e, no sábado, no Jockey Club, dentro da Primavera dos Livros, a maioria deles busca a visibilidade negada até agora para a sua obra.

No livro, cada um dos participantes ambienta o seu conto no bairro onde mora ou com o qual tem uma relação especial. O resultado final é um mapa literário de um Rio formado por Ilha, Pavuna, Madureira, Lins de Vasconcelos, Maracanã, Muda, Jacarepaguá, Barra, Gávea, Leblon, Copacabana, Urca, Catete, Centro, Santa Teresa, Laranjeiras e Cosme Velho. Os organizadores do volume, Marcelo Moutinho e Flávio Izhaki, nem esperam a pergunta que não quer calar - um mapa do Rio sem Ipanema? - para responder:

- Fizemos questão de fugir de clichês. Na nossa geografia não entraram Ipanema e Botafogo, mas estão Pavuna e Madureira. Ou será que só se faz boa literatura na Zona Sul? - brinca Moutinho, que participa da obra com um conto sobre a sua Urca.

O projeto do livro nasceu de uma indignação de Moutinho, que já tem dois livros publicados e (sem repercussão alguma). Inspirado pelas duas antologias (Geração 90 - organizadas por Nelson de Oliveira, que jogou luz sobre um número expressivo de novos escribas, ele resolveu fazer algo parecido, mas com cores cariocas:

- O trabalho de Nelson é fundamental, mas ele priorizou bem mais os autores de São Paulo.

O projeto começou a ganhar corpo depois de uma conversa entre Moutinho e Izhaki, que chegou a propor a criação de uma série com textos da nova geração literária do Rio com veiculação em algum site, possivelmente o Paralelos;.

- Mas acabamos optando mesmo pela publicação do livro. Ainda existe um preconceito grande em relação a blogs, vistos muitas vezes, erradamente, como diários íntimos sem valor. Muitos podem até ser assim, mas há um sem-número deles que são vitrines de ótimas prosas e poesias - explica Moutinho.

Só na semana passada os dois organizadores viram pela primeira vez todos os 17 textos do livro reunidos. E gostaram do que leram.

- O livro é bem eclético, mas tem organicidade e, o que é melhor, contos de excelente qualidade - garante Moutinho.

O espírito que domina 'Prosas cariocas' - que tem entre seus autores Adriana Lisboa, Bianca Ramoneda e João Paulo Cuenca - pode ser resumido pela frase de Marques Rebelo (tirada de uma entrevista dada por ele a Clarice Lispector nos anos 70) que servirá como epígrafe do livro: 'Cada bairro tem uma personalidade própria: o Rio é uma cidade com muitas cidades dentro?.'

quinta-feira, setembro 09, 2004

Lançamentos do Prosas Cariocas - uma nova cartografia do Rio



Resultado de muito suor, mas acima de tudo muito prazer, Prosas Cariocas - Uma nova cartografia do Rio será lançado na semana que vem. Organizado por mim e pelo amigo Marcelo Moutinho, com o apoio fundamental do pessoal da Casa da Palavra, o livro reúne textos de 17 jovens autores, que ambientaram seus contos em diferentes bairros da cidade. Estão na coletânea a minha Urca, Ilha do Governador (por Cecilia Giannetti), Pavuna (Mariel Reis), Lins de Vasconcelos (Marcelo Alves), Madureira (Vinicius Martinelli Jatobá), Maracanã (Sidney Silveira), Muda (Bianca Ramoneda), Jacarepaguá (Henrique Rodrigues), Barra (Ana Beatriz Guerra), Leblon (Juva Batella), Gávea (Antonia Pellegrino), Copacabana (Augusto Sales), Catete (Flávio Izhaki), Centro (Miguel Conde), Santa Teresa (Mara Coradello), Laranjeiras (Adriana Lisboa) e Cosme Velho (João Paulo Cuenca).

Nas narrativas, sobressai um pouco do talento de cada um desses autores, que generosamente se dispuseram a participar do projeto. Prosas Cariocas, que pretendeu mapear a literatura que se faz hoje no Rio, tem prefácio assinado por Ruy Castro.

Serão dois lançamentos: no dias 15 (quarta-feira que vem, às 20, na Mega Travessa de Ipanema) e no dia 18 (às 19h, durante a Primavera dos Livros, no Jockey Club). Quem perder o primeiro, não tem desculpa para deixar de ir ao segundo, já que a Primavera por si só é uma grande pedida.

O Prosas Cariocas, aliás, estará representado também no debate Literatura e Cidade, realizado dentro da Primavera no próprio sábado, dia 18, só que um pouco mais cedo: às 15h. Ao lado de Ruy Castro, Paulo Roberto Pires, Joca Reinors Terron e Pedro Sussekind, o Marcelo fará parte da mesa, falando sobre nosso livro. Conto com a presença de vocês!

quarta-feira, setembro 08, 2004

Anda, menina. Vai contar carneirinhos. São 3h20 da manhã.

segunda-feira, setembro 06, 2004

A cabeça no travesseiro é o início do fim.

domingo, setembro 05, 2004

João-sem-medo

Ao contrário da maioria das pessoas, este, para mim, foi um fim de semana esticado às avessas. Minha folga foi na sexta e no sábado, mas hoje, domingo, segunda e terça são dias de trabalho normal.

Não importa. Aproveitei bem minha folguinha, em ótima companhia, com direito a Capela, Plebeu, Travessa, Lagoa, flores, cinema e outras coisas mais. Entre elas, uma visita a Feira de Antiguidades-Cacarecos-Pulgas? na Rua do Lavradio.

Comprei sim. Mas, como pessoa óbvia que sou - e não somos todos para os que realmente nos conhecem?-, comprei um livro. Uma biografia para ser mais exato. Um perfil para ser mais justo.

O personagem (e bota personagem nisso): João Alves Jobim Saldanha, o João-sem-medo.

Jornalista, cronista, técnico de futebol e outras funções menos votadas. Livrinho simpático, escrito pelo também simpático João Máximo, que divertiu minha noite de domingo.

Após o livro, dei um google em João Saldanha, para ver se saia mais alguma coisa. Nada de muito novo aparecia...referências a outros dois livros que já li - Subterrâneos do Futebol e O trauma da bola (sobre a Copa de 1982), até que...

...eis que, das profundezas da não-divulgação, surge o site do Canal 100 - o mítico programete de futebol que ia ao ar antes das sessões de cinema dos anos 60 e 70. Para quem gosta, é ver os gols do título Mundial do Fla de 1981 e dormir feliz.

quarta-feira, setembro 01, 2004

Eu, cá, quietinho, escrevo meus textos e começo a ficar meio incomodado que as histórias não saem mais com aquela facilidade. Eu me considerava mais narrador que escritor, mas recentemente tenho me preocupado muito mais com a carpintaria do texto do que com o todo.

Escrevo, escrevo, e quando vejo saiu uns troços até interessantes, mas falta um pouco de estrutura narrativa. Muito sentimento, ritmo, musicalidade e tal, mas a trama quase não existe. Ou é por demais interna, lírica.

"É fase", disse o Marcelo ontem à noite.

Pois é, deve ser. Não tenho dúvida que estou melhorando, conseguindo criar alguns sinais particulares de linguagem que acho que fazem bem ao autor.

Mas essa fase me faz ter extrema dificuldade para criar desenlaces nos contos. Escrevo partes, abandono. Fico fazendo brincadeirinhas linguisticas, que acho que poucos perceberiam. Sei lá. Caminhando e tentando melhorar. Escritor ainda não sou, de qualquer jeito. Ao menos, que não acabe como punheteiro literário.

Diarinho

Dia raramente musical ontem. De dia, escutando o cd do Gotan Project: tango, jazz e eletrônico. Gostoso de ouvir trabalhando.

À noite, show de samba dos Dois Bicudos, no CCC, e alguns chopinhos para molhar a garganta.

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