segunda-feira, julho 30, 2007
De cabeça baixa
Saiu na Revista do Globo uma matéria com os jovens editores do Rio de Janeiro. Um dos perfilados foi o João Emanuel, editor da Guarda-chuva. No penúltimo paragráfo da matéria ele dá publicamente a informação de que meu primeiro romance, De cabeça baixa, vai sair pela editora.
Agora que o fato já saiu no jornal, posso comentar aqui sobre o livro e a possível data de lançamento. O grosso do romance foi escrito entre maio de 2005 e março de 2006, mas o argumento do livro é bem anterior. Faltava tempo e capacidade para desenvolver uma trama longa, construir personagens críveis e pensar em como seria contada a história. A estrutura é, de certo modo, complexa, embora não complicada, então foi preciso queimar um pouco a mufa para conseguir dar conta de passar no romance o que pretendia.
Desde meados de 2006 fiz (e continuo fazendo) os acertos das muitas arestas que aparecem nas releituras, depois que acreditava que o livro estava praticamente pronto. Não estava. Foram muitas revisões, trechos adicionados, suprimidos, mudança de título etc.
Nesta segunda-feira entreguei mais uma versão do De cabeça baixa para o editor. O livro está em processo editorial, a capa já foi encomendada e brevemente terei outra novidade para contar aqui.
A previsão de lançamento do romance é final de outubro, mas ainda não estão confirmados local ou data. Durante esses meses deverei voltar ao assunto diversas vezes, então, apareçam com mais frequência.
Saiu na Revista do Globo uma matéria com os jovens editores do Rio de Janeiro. Um dos perfilados foi o João Emanuel, editor da Guarda-chuva. No penúltimo paragráfo da matéria ele dá publicamente a informação de que meu primeiro romance, De cabeça baixa, vai sair pela editora.
Agora que o fato já saiu no jornal, posso comentar aqui sobre o livro e a possível data de lançamento. O grosso do romance foi escrito entre maio de 2005 e março de 2006, mas o argumento do livro é bem anterior. Faltava tempo e capacidade para desenvolver uma trama longa, construir personagens críveis e pensar em como seria contada a história. A estrutura é, de certo modo, complexa, embora não complicada, então foi preciso queimar um pouco a mufa para conseguir dar conta de passar no romance o que pretendia.
Desde meados de 2006 fiz (e continuo fazendo) os acertos das muitas arestas que aparecem nas releituras, depois que acreditava que o livro estava praticamente pronto. Não estava. Foram muitas revisões, trechos adicionados, suprimidos, mudança de título etc.
Nesta segunda-feira entreguei mais uma versão do De cabeça baixa para o editor. O livro está em processo editorial, a capa já foi encomendada e brevemente terei outra novidade para contar aqui.
A previsão de lançamento do romance é final de outubro, mas ainda não estão confirmados local ou data. Durante esses meses deverei voltar ao assunto diversas vezes, então, apareçam com mais frequência.
sexta-feira, julho 27, 2007
Jobim-Congonhas
Política é uma coisa muito nojenta mesmo. No meio da maior crise da história da aviação brasileira, eis que o ministro político-aposentado Waldir Pires é demitido por justa-causa. Lula, outra vez, tem a chance de escolher a pessoa mais gabaritada para o cargo: quem ousaria reclamar de uma indicação por merecimento numa hora dessas?
Mas não. O novo ministro da defesa é um juiz. Um juiz! E com pretensões políticas declaradas. Nelson Jobim já queria ser candidato à presidência da república na última eleição, mas entrou água nas prévias do PMDB (contra Garotinho) e o partido do Governo, qualquer governo, preferiu ficar na aba do poder.
Falando em Garotinho, um lembrete para Jobim. O ex-governador do Rio saiu derrotado na eleição presidencial de 2002 e se viu "de férias" por quatro anos. Pensou que era preciso atirar para as estrelas e se empossou como secretário especial contra a violência no governo da sua excelentíssima senhoura. Precisa dizer que não deu certo?
Preciso dizer, Jobim? Lula?
Política é uma coisa muito nojenta mesmo. No meio da maior crise da história da aviação brasileira, eis que o ministro político-aposentado Waldir Pires é demitido por justa-causa. Lula, outra vez, tem a chance de escolher a pessoa mais gabaritada para o cargo: quem ousaria reclamar de uma indicação por merecimento numa hora dessas?
Mas não. O novo ministro da defesa é um juiz. Um juiz! E com pretensões políticas declaradas. Nelson Jobim já queria ser candidato à presidência da república na última eleição, mas entrou água nas prévias do PMDB (contra Garotinho) e o partido do Governo, qualquer governo, preferiu ficar na aba do poder.
Falando em Garotinho, um lembrete para Jobim. O ex-governador do Rio saiu derrotado na eleição presidencial de 2002 e se viu "de férias" por quatro anos. Pensou que era preciso atirar para as estrelas e se empossou como secretário especial contra a violência no governo da sua excelentíssima senhoura. Precisa dizer que não deu certo?
Preciso dizer, Jobim? Lula?
quarta-feira, julho 25, 2007
Um brinde ao fracasso
Então hoje é dia do escritor, como todo mundo sabe. Ontem foi dia do marinheiro mercante (não confundir com o dia do marinheiro militar, 20 de agosto) e amanhã é dia do técnico demitido. Sim, também temos esse dia no calendário.
Ser escritor é um vivenciar um eterno fracasso, dizem. Nunca conseguimos passar exatamente o que pretendemos. Mas o maior fracasso de um escritor é não ser lido. Isso me remete a epígrafe da autobiografia incompleta de Albert Camus, O primeiro homem. A intenção do autor franco-argelino era dedicar este livro, que jamais terminou - morreu antes, num acidente de carro -, para a mãe, analfabeta. A epígrafe já estava pronta: "a você, que não poderá ler este livro".
Fica então aqui a homenagem aos escritores e ao fracasso.
ps: como não quero seguir os ensinamentos de Drummond, "esquecer para lembrar", aí vai o link do post do dia do escritor de 2 anos atrás. Uma dica: CPI.
Então hoje é dia do escritor, como todo mundo sabe. Ontem foi dia do marinheiro mercante (não confundir com o dia do marinheiro militar, 20 de agosto) e amanhã é dia do técnico demitido. Sim, também temos esse dia no calendário.
Ser escritor é um vivenciar um eterno fracasso, dizem. Nunca conseguimos passar exatamente o que pretendemos. Mas o maior fracasso de um escritor é não ser lido. Isso me remete a epígrafe da autobiografia incompleta de Albert Camus, O primeiro homem. A intenção do autor franco-argelino era dedicar este livro, que jamais terminou - morreu antes, num acidente de carro -, para a mãe, analfabeta. A epígrafe já estava pronta: "a você, que não poderá ler este livro".
Fica então aqui a homenagem aos escritores e ao fracasso.
ps: como não quero seguir os ensinamentos de Drummond, "esquecer para lembrar", aí vai o link do post do dia do escritor de 2 anos atrás. Uma dica: CPI.
segunda-feira, julho 23, 2007
Se eu pudesse, e o meu dinheiro desse
As livrarias estão fartas de ótimos lançamentos neste mês. Abaixo algumas indicações...
O filho eterno - Cristovão Tezza
O nascimento de um filho como ruptura na vida de um casal. Uma criança desejada, mas diferente. Nas palavras do pai, na tímida tentativa de explicar para os conhecidos, nos primeiros meses, uma criança com "um pequeno problema. Ele tem mongolismo." De início, o estranhemento, e o pai assume que a urgência não é resolver o tal problema da criança - haveria algo a ser resolvido? -, mas o espaço que o filho ocupará na própria vida.
Espiral de artilharia - Ignacio Padilha
Num país dividido entre a repressão oficial e um misterioso movimento revolucionário, um médico narra os eventos que o levaram à cadeia e ao sanatório. Nesta trama de ambigüidades e contradições, a inocência pode ser apenas mais uma armadilha da memória.
50 contos e 3 novelas - Sergio Sant´anna
Esta antologia do consagrado contista brasileiro traz clássicos como "O duelo", "O monstro" e "O vôo da madrugada", além de quatro contos inéditos em livro. Mestre em recriar o mundo à sua volta e em reverter as convenções literárias, Sérgio Sant'Anna amplia os contornos e questiona os limites do conto.
A literatura na poltrona - José Castello
ver post anterior
Invasão de campo: Adidas e Puma e os bastidores do esporte moderno - Barbara Smit
No início da década de 1920, os irmãos Adi e Rudolf Dassler inovaram ao criar uma fábrica de calçados destinados exclusivamente à prática de esportes. As dificuldades e traições mútuas vividas durante a Segunda Guerra na Alemanha acirraram a briga pelo controle da sociedade e levaram a uma separação drástica: nasciam a Adidas e a Puma, e o mundo dos esportes nunca mais seria o mesmo.
Rakushisha - Adriana Lisboa
Em Rakushisha, a escritora mergulha na cultura japonesa ao narrar os caminhos e descaminhos de Haruki e Celina, dois brasileiros que se conhecem por acaso e acabam viajando juntos para o Japão, ao mesmo tempo que revisita as imagens e a obra do poeta do século XVII Matsuo Bashô.
As livrarias estão fartas de ótimos lançamentos neste mês. Abaixo algumas indicações...
O filho eterno - Cristovão Tezza
O nascimento de um filho como ruptura na vida de um casal. Uma criança desejada, mas diferente. Nas palavras do pai, na tímida tentativa de explicar para os conhecidos, nos primeiros meses, uma criança com "um pequeno problema. Ele tem mongolismo." De início, o estranhemento, e o pai assume que a urgência não é resolver o tal problema da criança - haveria algo a ser resolvido? -, mas o espaço que o filho ocupará na própria vida.
Espiral de artilharia - Ignacio Padilha
Num país dividido entre a repressão oficial e um misterioso movimento revolucionário, um médico narra os eventos que o levaram à cadeia e ao sanatório. Nesta trama de ambigüidades e contradições, a inocência pode ser apenas mais uma armadilha da memória.
50 contos e 3 novelas - Sergio Sant´anna
Esta antologia do consagrado contista brasileiro traz clássicos como "O duelo", "O monstro" e "O vôo da madrugada", além de quatro contos inéditos em livro. Mestre em recriar o mundo à sua volta e em reverter as convenções literárias, Sérgio Sant'Anna amplia os contornos e questiona os limites do conto.
A literatura na poltrona - José Castello
ver post anterior
Invasão de campo: Adidas e Puma e os bastidores do esporte moderno - Barbara Smit
No início da década de 1920, os irmãos Adi e Rudolf Dassler inovaram ao criar uma fábrica de calçados destinados exclusivamente à prática de esportes. As dificuldades e traições mútuas vividas durante a Segunda Guerra na Alemanha acirraram a briga pelo controle da sociedade e levaram a uma separação drástica: nasciam a Adidas e a Puma, e o mundo dos esportes nunca mais seria o mesmo.
Rakushisha - Adriana Lisboa
Em Rakushisha, a escritora mergulha na cultura japonesa ao narrar os caminhos e descaminhos de Haruki e Celina, dois brasileiros que se conhecem por acaso e acabam viajando juntos para o Japão, ao mesmo tempo que revisita as imagens e a obra do poeta do século XVII Matsuo Bashô.
sábado, julho 21, 2007
O entrevistado encastellado
Muito interessante a entrevista do José Castello na TV Cronópios, bela iniciativa que coloca escritores falando sobre seu fazer-literário.
Castello comenta uma questão importante sobre o jornalismo praticado no Brasil. O repórter geralmente chega em uma entrevista armado não apenas com as perguntas, mas com as respostas. Forçam que o outro fale exatamente aquilo que pretendem para fechar a matéria que por vezes já tem até escritas. As aspas são apenas uma confirmação da tese que é sustentada nos parágrafos em tom supostamente neutro da matéria.
A literatura na poltrona, reunião de artigos que José Castello acabou de lançar pela Record, é uma livraço. O primeiro artigo analisa exatamente essa questão de saber escutar usando um causo que o próprio Castello passou ao entrevistar uma francesa especialista em Clarice Lispector.
O segundo artigo é antológico. Mais não falo...
Muito interessante a entrevista do José Castello na TV Cronópios, bela iniciativa que coloca escritores falando sobre seu fazer-literário.
Castello comenta uma questão importante sobre o jornalismo praticado no Brasil. O repórter geralmente chega em uma entrevista armado não apenas com as perguntas, mas com as respostas. Forçam que o outro fale exatamente aquilo que pretendem para fechar a matéria que por vezes já tem até escritas. As aspas são apenas uma confirmação da tese que é sustentada nos parágrafos em tom supostamente neutro da matéria.
A literatura na poltrona, reunião de artigos que José Castello acabou de lançar pela Record, é uma livraço. O primeiro artigo analisa exatamente essa questão de saber escutar usando um causo que o próprio Castello passou ao entrevistar uma francesa especialista em Clarice Lispector.
O segundo artigo é antológico. Mais não falo...
quinta-feira, julho 19, 2007
Fala que eu não tô, dona Maria
Quase dois dias depois da tragédia do avião da TAM e ninguém de peso vem a público sequer expressar suas condolências às famílias do mortos e tentar explicar o que pode ter acontecido desta vez. São espertos, compraram a última edição do livro secreto mais vendido no Brasil: como se safar de um escândalo.
Está lá, escrito em fontes diminutas, capítulo 1: finja-se de morto por algumas semanas. Outro escândalo aparecerá e todo mundo esquecerá de você.
O Globo fez uma excelente série de matérias neste ano falando de impunidade e mostrou que nenhum dos acusados dos grandes escândalos brasileiros dos últimos anos (TRT-SP, Previdência, Pimenta Neves, Propinoduto, Mensalão etc.) está na cadeia cumprindo toda sua pena. A maioria está linda e faceira curtindo o anonimato em outras praias. "Mais uma água de coco, please."
Mas se fosse só isso: ninguém mais fala dos casos da Égua Loira, do menino João Hélio, dos playboys da Barra que espancaram uma empregada doméstica. Eu leio as manchetes dos jornais populares, admito.
Pode ligar a TV Senado daqui a seis meses e lá estará alguém sendo inquirido na comissão de ética por Renan Calheiros, José Genoíno, Antonio Palocci, Valdemar da Costa Neto. A canalhada salivando, com entonação de desaprovação, esgar de ódio, revanche.
No caso do avião, a culpa por enquanto é de todos, mas não de ninguém. Ficando calado, esperando os 10 meses pela perícia nos EUA, todo mundo esquece, ninguém é culpado, e daqui a pouco o consenso geral será de que a culpa foi do piloto, barbeiro, que apertou no pedal de aceleração ao invés do freio. "Mas avião não tem pedal", alguém falará, baixinho, sem querer chamar muita atenção. "Ah, mas alguma culpa ele teve", dirá o coro, e assim teremos a verdade esfumaçada pelo esquecimento.
Quase dois dias depois da tragédia do avião da TAM e ninguém de peso vem a público sequer expressar suas condolências às famílias do mortos e tentar explicar o que pode ter acontecido desta vez. São espertos, compraram a última edição do livro secreto mais vendido no Brasil: como se safar de um escândalo.
Está lá, escrito em fontes diminutas, capítulo 1: finja-se de morto por algumas semanas. Outro escândalo aparecerá e todo mundo esquecerá de você.
O Globo fez uma excelente série de matérias neste ano falando de impunidade e mostrou que nenhum dos acusados dos grandes escândalos brasileiros dos últimos anos (TRT-SP, Previdência, Pimenta Neves, Propinoduto, Mensalão etc.) está na cadeia cumprindo toda sua pena. A maioria está linda e faceira curtindo o anonimato em outras praias. "Mais uma água de coco, please."
Mas se fosse só isso: ninguém mais fala dos casos da Égua Loira, do menino João Hélio, dos playboys da Barra que espancaram uma empregada doméstica. Eu leio as manchetes dos jornais populares, admito.
Pode ligar a TV Senado daqui a seis meses e lá estará alguém sendo inquirido na comissão de ética por Renan Calheiros, José Genoíno, Antonio Palocci, Valdemar da Costa Neto. A canalhada salivando, com entonação de desaprovação, esgar de ódio, revanche.
No caso do avião, a culpa por enquanto é de todos, mas não de ninguém. Ficando calado, esperando os 10 meses pela perícia nos EUA, todo mundo esquece, ninguém é culpado, e daqui a pouco o consenso geral será de que a culpa foi do piloto, barbeiro, que apertou no pedal de aceleração ao invés do freio. "Mas avião não tem pedal", alguém falará, baixinho, sem querer chamar muita atenção. "Ah, mas alguma culpa ele teve", dirá o coro, e assim teremos a verdade esfumaçada pelo esquecimento.
segunda-feira, julho 16, 2007
Pelo visto eu não entendo nada de previsão futebolística. E quando chega ao ponto de eu não entender nada de futebol, a coisa está feia para o meu lado.
*
André de Leones me remete uma carta sobre A história do amor, de Nicole Krauss, o melhor livro que li em 2006. Ele comenta o romance com o tom apaixonado que lhe é peculiar.
*
O mesmo André, o Brancaleone de Goiás, encaminhou por e-mail o Manifesto 00, assinado por ele, Henrique Rodrigues, Lucia Bettencourt, Wesley Peres e Vandre Abreu. Eu me assusto um pouco com essa coisa de manifesto: cheira a regra, ordem, e isto não costuma funcionar muito com arte, sobretudo literatura. O próprio manifesto coloca "abaixo os manifestos" como um dos primeiro tópicos, e, visto a assinatura do Henrique, tenho certeza que todo o tom é farsesco. Concordo com alguns pontos, discordo de outros. Mas, primordialmente, não penso em nada daquilo quando escrevo, então me parece um pouco relevante a querela. É mais uma provocação.
*
André de Leones me remete uma carta sobre A história do amor, de Nicole Krauss, o melhor livro que li em 2006. Ele comenta o romance com o tom apaixonado que lhe é peculiar.
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O mesmo André, o Brancaleone de Goiás, encaminhou por e-mail o Manifesto 00, assinado por ele, Henrique Rodrigues, Lucia Bettencourt, Wesley Peres e Vandre Abreu. Eu me assusto um pouco com essa coisa de manifesto: cheira a regra, ordem, e isto não costuma funcionar muito com arte, sobretudo literatura. O próprio manifesto coloca "abaixo os manifestos" como um dos primeiro tópicos, e, visto a assinatura do Henrique, tenho certeza que todo o tom é farsesco. Concordo com alguns pontos, discordo de outros. Mas, primordialmente, não penso em nada daquilo quando escrevo, então me parece um pouco relevante a querela. É mais uma provocação.
quinta-feira, julho 12, 2007
Notas futebolísticas
Lembram o chocolate que o Brasil deu na Argentina na final da Copa das Confederações, 4 a 1 fora o baile? Pois é só alterar o vencedor com o goleado e aí está minha previsão para a final da Copa América. A Argentina tem sobrado: Riquelme é um senhor craque, parece emular Zidane em campo; Messi é, em seus melhores momentos, uma mistura de Maradona com Ronaldinho Gaúcho pré-Copa 2006, porém ainda toca muito pouco na bola durante toda a partida, que fique claro, ou seja, são raros melhores momentos.
O Brasil? Bem, a seleção brasileira é um time comum, com boa qualidade, atletas individualmente interessantes, mas não craques. No momento, o mito de que o Brasil poderia colocar duas seleções em campo na Copa e a final seria entre ambas não condiz com a realidade. Numa competição de alto nível, este time dificilmente passaria das oitavas.
*
Falando nisso, mesmo contando com um craque, Alexandre Pato, sim, já é um craque, o Brasil colecionou três derrotas em quatro jogos no Mundial sub-20 e voltou para casa com a pior campanha da história. Queria saber onde a CBF encontra despreparados como Nelson Rodrigues para dirigir as equipes inferiores. Nenhum técnico de seleções de base nos últimos quinze anos fez boa carreira no profissional.
*
Obina vai voltar...
Melhor ainda: Renato Augusto, bizarramente preterido pelo técnico na partida contra a Espanha em que o Brasil foi eliminado no sub-20, também. Quero ver segurar o Mengão agora... Náutico, América-RN, Vasco e similares.
Lembram o chocolate que o Brasil deu na Argentina na final da Copa das Confederações, 4 a 1 fora o baile? Pois é só alterar o vencedor com o goleado e aí está minha previsão para a final da Copa América. A Argentina tem sobrado: Riquelme é um senhor craque, parece emular Zidane em campo; Messi é, em seus melhores momentos, uma mistura de Maradona com Ronaldinho Gaúcho pré-Copa 2006, porém ainda toca muito pouco na bola durante toda a partida, que fique claro, ou seja, são raros melhores momentos.
O Brasil? Bem, a seleção brasileira é um time comum, com boa qualidade, atletas individualmente interessantes, mas não craques. No momento, o mito de que o Brasil poderia colocar duas seleções em campo na Copa e a final seria entre ambas não condiz com a realidade. Numa competição de alto nível, este time dificilmente passaria das oitavas.
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Falando nisso, mesmo contando com um craque, Alexandre Pato, sim, já é um craque, o Brasil colecionou três derrotas em quatro jogos no Mundial sub-20 e voltou para casa com a pior campanha da história. Queria saber onde a CBF encontra despreparados como Nelson Rodrigues para dirigir as equipes inferiores. Nenhum técnico de seleções de base nos últimos quinze anos fez boa carreira no profissional.
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Obina vai voltar...
Melhor ainda: Renato Augusto, bizarramente preterido pelo técnico na partida contra a Espanha em que o Brasil foi eliminado no sub-20, também. Quero ver segurar o Mengão agora... Náutico, América-RN, Vasco e similares.
segunda-feira, julho 09, 2007
O policial entra pela porta dos fundos, os poucos passageiros do ônibus suspendem a respiração pela metade. A partir de agora são todos suspeitos, não mais o vigia noturno, a atendente de telemarketing, a empregada doméstica, o escritor de contos eróticos, o atendente da farmácia; um grupo. Ninguém se mexe, ninguém ousa virar o pescoço, o menor dos barulhos pode ser o sinal que ele procura, um cão farejando o medo, a culpa, a oportunidade, o pescoço descoberto.
Por sorte todos sabem seu papel. O policial tem a arma engatilhada apontada para o chão, que treme. O ônibus treme e os passos são curtos, dois, três, quatro, cinco, seis, cada pessoa um suspeito, toda piscada de olhos pode esconder uma mentira, um papelote de cocaína, um irmão preso, uma dor de corno, um falecimento recente, a vontade de jantar a lasanha que sobrou do almoço de domingo, o desejo de transar com a vizinha casada.
Um, dois, três, quatro, cinco, seis, a arma engatilhada, a empunhadura com a mão direita indica preparo, o dedo não está no gatilho, a proximidade da morte lambe cada rosto agora de frente, o policial dá seus passos olhando as faces que tentam esconder o nervosismo, a vontade de espirrar, o cansaço pelo dia longo de trabalho. Tudo pode indicar que.
O policial bate com o cano da arma no ferro. A ninguém é permitido tremer, berrar, o silêncio pétreo, única opção. Ele berra alguma coisa para o motorista, desce do ônibus pesando com suas botas nos dois degraus inocentes.
E então a respiração já pode ser mais alongada, o bocejo é permitido, os cochichos entre desconhecidos para sempre próximos, a primeira marcha na caixa de câmbio. O ônibus pode voltar a andar, a vida segue depois do suspiro impedido.
Por sorte todos sabem seu papel. O policial tem a arma engatilhada apontada para o chão, que treme. O ônibus treme e os passos são curtos, dois, três, quatro, cinco, seis, cada pessoa um suspeito, toda piscada de olhos pode esconder uma mentira, um papelote de cocaína, um irmão preso, uma dor de corno, um falecimento recente, a vontade de jantar a lasanha que sobrou do almoço de domingo, o desejo de transar com a vizinha casada.
Um, dois, três, quatro, cinco, seis, a arma engatilhada, a empunhadura com a mão direita indica preparo, o dedo não está no gatilho, a proximidade da morte lambe cada rosto agora de frente, o policial dá seus passos olhando as faces que tentam esconder o nervosismo, a vontade de espirrar, o cansaço pelo dia longo de trabalho. Tudo pode indicar que.
O policial bate com o cano da arma no ferro. A ninguém é permitido tremer, berrar, o silêncio pétreo, única opção. Ele berra alguma coisa para o motorista, desce do ônibus pesando com suas botas nos dois degraus inocentes.
E então a respiração já pode ser mais alongada, o bocejo é permitido, os cochichos entre desconhecidos para sempre próximos, a primeira marcha na caixa de câmbio. O ônibus pode voltar a andar, a vida segue depois do suspiro impedido.
Trabalham em dupla. A viatura parada no acostamento, as portas abertas. “Sua vez”, o outro diz. Pela terceira vez seguida é a vez dele, mas não discute. É o policial mais novo, recém-formado, e ainda por cima é do interior do estado. Confere a arma no coldre. Agita os braços ostensivamente para o ônibus parar, pensa em fazer o sinal da cruz, mas sente vergonha de o que o parceiro falará.
O ônibus pára. Ele faz sinal para o motorista apontando a porta traseira. É o que diz o manual que recebeu quando chegou ao Rio para o Pan. Deve entrar no ônibus sempre pela porta de trás. O livrinho fala que a arma deve permanecer no coldre, a mão espalmada sobre ela. O parceiro orientou de outra forma depois da primeira inspeção que fizeram juntos. A arma tem de estar engatilhada e apontada para o chão.
Entra pela porta traseira. Ônibus vazio. Mentalmente conta sete pessoas, oito com o motorista, nove com o cobrador. Ninguém se mexe; sente que ninguém sequer respira, vira o pescoço. Para ele é pior, assim sente medo, preferia um murmurinho respeitoso.
Dá os dois primeiros passos já avaliando possíveis suspeitos, a arma engatilhada, apontada para o chão. Não quer abordar ninguém, a não ser que dêem motivo. Sabe que um papelote de cocaína não vale nada, já uma bala disparada por engano, exagero, pode provocar sua expulsão do emprego. Arrimo de família.
Está no meio do ônibus e sente medo, tem agora quatro passageiros às suas costas, descobertas. Por isso o manual fala de trabalho em dupla. O parceiro está lá fora, dentro do carro, mascando chiclete. É o que supõe. Ele mesmo não ousa fazer nenhum movimento suspeito, quase não respira, movimenta-se em câmera lenta evitando assustar qualquer passageiro.
Faz a meia-volta, assusta-se. No fundo do ônibus um garoto negro está sentado no penúltimo banco, perto da janela. Suspeito. Pior: ele não viu o garoto ao entrar. O manual diz que primeiro deve-se checar os passageiros que estão no fundo e que ficarão às suas costas. “Foda-se o manual”, pensa, “vou sair desse ônibus sem revistar ninguém.” Os passos são um pouco mais pesados, rápidos, ele quer pôr logo fim a operação sem sentido.
Acaso entrasse no mesmo ônibus em seguida não reconheceria nove entre os dez passageiros. O garoto sim; é diferente. Sabe que nunca vai esquecer daquele garoto, que sonhará com ele essa noite, e na próxima, e talvez para sempre.
Bate com o cano da arma no ferro e deixa o ônibus pesando seus passos. “E aí?”, o outro pergunta. Ele contorna a viatura e senta do lado do carona. “A próxima é sua.”
O ônibus pára. Ele faz sinal para o motorista apontando a porta traseira. É o que diz o manual que recebeu quando chegou ao Rio para o Pan. Deve entrar no ônibus sempre pela porta de trás. O livrinho fala que a arma deve permanecer no coldre, a mão espalmada sobre ela. O parceiro orientou de outra forma depois da primeira inspeção que fizeram juntos. A arma tem de estar engatilhada e apontada para o chão.
Entra pela porta traseira. Ônibus vazio. Mentalmente conta sete pessoas, oito com o motorista, nove com o cobrador. Ninguém se mexe; sente que ninguém sequer respira, vira o pescoço. Para ele é pior, assim sente medo, preferia um murmurinho respeitoso.
Dá os dois primeiros passos já avaliando possíveis suspeitos, a arma engatilhada, apontada para o chão. Não quer abordar ninguém, a não ser que dêem motivo. Sabe que um papelote de cocaína não vale nada, já uma bala disparada por engano, exagero, pode provocar sua expulsão do emprego. Arrimo de família.
Está no meio do ônibus e sente medo, tem agora quatro passageiros às suas costas, descobertas. Por isso o manual fala de trabalho em dupla. O parceiro está lá fora, dentro do carro, mascando chiclete. É o que supõe. Ele mesmo não ousa fazer nenhum movimento suspeito, quase não respira, movimenta-se em câmera lenta evitando assustar qualquer passageiro.
Faz a meia-volta, assusta-se. No fundo do ônibus um garoto negro está sentado no penúltimo banco, perto da janela. Suspeito. Pior: ele não viu o garoto ao entrar. O manual diz que primeiro deve-se checar os passageiros que estão no fundo e que ficarão às suas costas. “Foda-se o manual”, pensa, “vou sair desse ônibus sem revistar ninguém.” Os passos são um pouco mais pesados, rápidos, ele quer pôr logo fim a operação sem sentido.
Acaso entrasse no mesmo ônibus em seguida não reconheceria nove entre os dez passageiros. O garoto sim; é diferente. Sabe que nunca vai esquecer daquele garoto, que sonhará com ele essa noite, e na próxima, e talvez para sempre.
Bate com o cano da arma no ferro e deixa o ônibus pesando seus passos. “E aí?”, o outro pergunta. Ele contorna a viatura e senta do lado do carona. “A próxima é sua.”
quarta-feira, julho 04, 2007
Flip-se
Hoje começa a Flip, com direito a palestra de Barbara Heliodora sobre Nelson Rodrigues e show da Orquestra Imperial. Festa, dança, cerveja. A Flip começa e, ao contrário dos três anos anteriores, não deverei tropeçar pelas ruas de pedras-quebra-tornozelo e casarios coloniais da cidade. Trabalho, falta de grana, força;
A Flip se repete todo ano não importando muito os convidados, esse ano ótimos, para quem vai lá de penetra, curtir a alegria da cidade, gente bacana reunida. Literatura sim, mas sem perder a ternura. Os livros caros, as palestras que nascem lotadas, muitos temas políticos se infiltrando entre os parágrafos lidos.
Para quem fica, como eu, resta o fetiche da cobertura online, os blogs e matérias de jornais dos que não estão aproveitando o melhor da festa, o nada-fazer de dias de férias, o andar trôpego sem precisar de cerveja, o andar trôpego com cerveja, a possibilidade rara de desplugar do computador por dias e não se sentir culpado. Estava na Flip, desculpe aí, mas não respondi seu spam em forma de e-mail despreocupado.
Abaixo, listo algumas dicas de blogs que farão a cobertura da Flip:
Todo prosa
Flip Recortes
Prosa & Verso
Portal Literal
Idéias
Para terminar, um texto que escrevi para o Paralelos sobre a Flip de 2004. Na ocasião participei de uma oficina literária com o Milton Hatoun. No retorno ao Rio, vi que as impressões da Flip eram bem diferentes das minhas...
Eu não fui á Flip
Foi botar o pé no Rio e as perguntas começaram. E aí, como foi a FLIP? Viu sicrano, viu beltrano? Fez isso, fez aquilo? E não, não, não, não. Talvez tenha sido um aviso quando me atrasei para a palestra de novos escritores, logo na manhã do segundo dia, e perdi por alguns minutos a leitura do Joca Terron que todo mundo elogiou.
No dia anterior já tinha perdido a tal da palestra do Arriguci sobre o Guimarães Rosa que o Milton Hatoum falava de 15 em 15 minutos na Oficina. O show do Wisnik com a canja do Uakti, que o Sergio Sant’anna comentou depois? Também não vi. Estava bebendo cerveja.
Pelo menos tenho esse salvo conduto, perdi muita coisa por estar bebendo cerveja. A palestra do Caetano e do Agualusa, o queridinho das moçoilas, segundo o JB? Não vi. Me contaram depois que o livro do cara esgotou na hora. Passou na TV. Mas eu nunca vi o Agualusa.
Ah, mas o Suplicy você viu? O jornal falou que ele estava em todas. Não! O Veríssimo na festa fechada do Ruy da Travessa? Não. E nesse caso foi ainda pior, porque eu estava na festa – e quando você pensar em festa pense em uma varanda de 20 metros quadrados. De famoso eu vi o Gugu Liberato. Ou foi a cerveja?
O urubu que ganhou o apelido de Urubaldo – não vi. O Ferréz falando sobre desigualdade racial sendo aplaudido de pé numa platéia com apenas três negros na tenda dos autores? Apenas li.
Mas a pelada você jogou. Tenho certeza, você estava na oficina, é louco por futebol. Não. Assistiu pelo menos? Não fui chamado. Não sei nem que dia foi. Já que tomou tanta cerveja você estava na mesa do Luiz Vilela no Beija-Flor? O que é Beija-Flor?
Na pousada dos novos escritores você tava, né? Sim. Então ouviu o cara roncando. Nem um barulhinho sequer. Bêbado tem sono pesado. A zona na pousada, o woodstock literário, nego fumando tanto que o ambiente era só névoa. Aconteceu isso?
Mas teve até aspas sua no JB na matéria da pousada. Pois é, o pior é que nessa eu estava lá, mas não falei bem aquilo. Não? E nem meu nome escreveram certo, percebeu? Mas deixa isso para lá.
Mas então você não aproveitou a FLIP?! Aí que você se engana. O melhor nunca sai nos jornais. Ano que vem eu não vou para a FLIP de novo.
Hoje começa a Flip, com direito a palestra de Barbara Heliodora sobre Nelson Rodrigues e show da Orquestra Imperial. Festa, dança, cerveja. A Flip começa e, ao contrário dos três anos anteriores, não deverei tropeçar pelas ruas de pedras-quebra-tornozelo e casarios coloniais da cidade. Trabalho, falta de grana, força;
A Flip se repete todo ano não importando muito os convidados, esse ano ótimos, para quem vai lá de penetra, curtir a alegria da cidade, gente bacana reunida. Literatura sim, mas sem perder a ternura. Os livros caros, as palestras que nascem lotadas, muitos temas políticos se infiltrando entre os parágrafos lidos.
Para quem fica, como eu, resta o fetiche da cobertura online, os blogs e matérias de jornais dos que não estão aproveitando o melhor da festa, o nada-fazer de dias de férias, o andar trôpego sem precisar de cerveja, o andar trôpego com cerveja, a possibilidade rara de desplugar do computador por dias e não se sentir culpado. Estava na Flip, desculpe aí, mas não respondi seu spam em forma de e-mail despreocupado.
Abaixo, listo algumas dicas de blogs que farão a cobertura da Flip:
Todo prosa
Flip Recortes
Prosa & Verso
Portal Literal
Idéias
Para terminar, um texto que escrevi para o Paralelos sobre a Flip de 2004. Na ocasião participei de uma oficina literária com o Milton Hatoun. No retorno ao Rio, vi que as impressões da Flip eram bem diferentes das minhas...
Eu não fui á Flip
Foi botar o pé no Rio e as perguntas começaram. E aí, como foi a FLIP? Viu sicrano, viu beltrano? Fez isso, fez aquilo? E não, não, não, não. Talvez tenha sido um aviso quando me atrasei para a palestra de novos escritores, logo na manhã do segundo dia, e perdi por alguns minutos a leitura do Joca Terron que todo mundo elogiou.
No dia anterior já tinha perdido a tal da palestra do Arriguci sobre o Guimarães Rosa que o Milton Hatoum falava de 15 em 15 minutos na Oficina. O show do Wisnik com a canja do Uakti, que o Sergio Sant’anna comentou depois? Também não vi. Estava bebendo cerveja.
Pelo menos tenho esse salvo conduto, perdi muita coisa por estar bebendo cerveja. A palestra do Caetano e do Agualusa, o queridinho das moçoilas, segundo o JB? Não vi. Me contaram depois que o livro do cara esgotou na hora. Passou na TV. Mas eu nunca vi o Agualusa.
Ah, mas o Suplicy você viu? O jornal falou que ele estava em todas. Não! O Veríssimo na festa fechada do Ruy da Travessa? Não. E nesse caso foi ainda pior, porque eu estava na festa – e quando você pensar em festa pense em uma varanda de 20 metros quadrados. De famoso eu vi o Gugu Liberato. Ou foi a cerveja?
O urubu que ganhou o apelido de Urubaldo – não vi. O Ferréz falando sobre desigualdade racial sendo aplaudido de pé numa platéia com apenas três negros na tenda dos autores? Apenas li.
Mas a pelada você jogou. Tenho certeza, você estava na oficina, é louco por futebol. Não. Assistiu pelo menos? Não fui chamado. Não sei nem que dia foi. Já que tomou tanta cerveja você estava na mesa do Luiz Vilela no Beija-Flor? O que é Beija-Flor?
Na pousada dos novos escritores você tava, né? Sim. Então ouviu o cara roncando. Nem um barulhinho sequer. Bêbado tem sono pesado. A zona na pousada, o woodstock literário, nego fumando tanto que o ambiente era só névoa. Aconteceu isso?
Mas teve até aspas sua no JB na matéria da pousada. Pois é, o pior é que nessa eu estava lá, mas não falei bem aquilo. Não? E nem meu nome escreveram certo, percebeu? Mas deixa isso para lá.
Mas então você não aproveitou a FLIP?! Aí que você se engana. O melhor nunca sai nos jornais. Ano que vem eu não vou para a FLIP de novo.
segunda-feira, julho 02, 2007
A questão do talento
Pedro já foi me chefe. Idos de 2001, um projeto bacana de fazer o melhor site esportivo da internet brasileira. Eu e mais sete verdinhos entramos como estagiários na Globo.com, a maioria destes ainda se vê e é amigo de tomar chope (ou derrubar, no caso de um deles) com certa periodicidade. Daquela turma quatro ainda trabalham com jornalismo esportivo, três não, eu inclusive, e um outro eu perdi contato. Mas Pedro Paulo não era estagiário. Já estava na área há alguns anos, era editor de capa.
O site acabou de um dia para outro, briga de cachorro grande na organização global. Como numa pegadinha. Acabou. Cada um que chegava recebia a notícia. Pelo menos 60 pessoas receberam a notícia naquele dia; chegava, via todos os funcionários em pé e não acreditava. Mas era verdade, e fomos todos juntos beber. Algumas dúzias de pessoas – fazer o quê? – brindando a própria demissão.
Meses depois, de novo estagiário, soube que Pedro estava participando de um show de samba, ao meio-dia, em pleno Odeon. Fomos, eu e Emiliano (um daqueles estagiários e amigo até hoje). Mas o Pedro toca, canta? Não recordo se sabia, se fiquei sabendo apenas quando começou O samba é minha nobreza. Estava nervoso, por ele, mas bastou a primeira música para perceber que não precisava. O cara era, é bom. O show, espetáculo roda até hoje no cd duplo que vive no som lá de casa. Além de Pedro estavam no palco Teresa Cristina, Pedro Miranda, Cristina Buarque de Holanda e Mariana Bernardes. O que se escuta falar, e se estudará brevemente, como a turma do ressurgimento da Lapa no início do século XXI estava reunido naquele palco de cinema em dia ensolarado na Cinelândia.
Isso em 2002, porque de lá para cá Pedro fez outros belos shows, como Dois bicudos, parceria com Alfredo Del Penho que rendeu um cd. Pude assistir ao show duas vezes, uma vez na versão integral, no CCC, e outro em versão adaptada, no Casarão do Cunha, na Flip de 2004. Pedro fez outros shows, participações, foi fixo semanalmente no Carioca da Gema, participou do espetáculo-homenagem ao grande Lamartine Babo...
Mas, infelizmente, artista no Brasil tem essa encruzilhada. Tinha de equilibrar o trabalho como artista, cantor, com a jornada de funcionário. Num Imprensa que eu gamo, eu na ocasião desempregado, falei para ele que estava escrevendo meu romance, finalmente. Ele comentou, “pois é Izhaki (ele só me chama assim, eram três Flávios quando nos conhecemos), eu estou num ponto da carreira decisivo. Está difícil conjugar os dois trabalhos, e é insuficiente financeiramente apenas cantar. Mas essa é a hora. Se não for agora, quando?”
Pedro estava em cartaz até o último domingo com Sassaricando, mega-sucesso que lotou dois teatros cariocas nos últimos seis meses – a temporada estava prevista, inicialmente, para apenas dois meses. Partem agora (além dele, Soraya Ravenle, Eduardo Dussek, Alfredo Del Penho, Juliana Diniz e Sabrina Korgut) com suas marchinhas para São Paulo, e depois, como disse Dussek, ao final do show: Lisboa, Paris Roma, Nova York. Mas voltam ao Rio, sem dúvida alguma voltarão. E todos aplaudiram, de pé.
Estive no João Caetano no último sábado, penúltimo show da temporada e dia da gravação do dvd – presente que já prometi a alguém. Fomos, eu e Bá, à convite do próprio Pedro, que ainda nos deixou um recado na bilheteria, agradecendo a presença. Quem agradece somos nós, amigo botafoguense. Quem agradece somos nós.
Pedro já foi me chefe. Idos de 2001, um projeto bacana de fazer o melhor site esportivo da internet brasileira. Eu e mais sete verdinhos entramos como estagiários na Globo.com, a maioria destes ainda se vê e é amigo de tomar chope (ou derrubar, no caso de um deles) com certa periodicidade. Daquela turma quatro ainda trabalham com jornalismo esportivo, três não, eu inclusive, e um outro eu perdi contato. Mas Pedro Paulo não era estagiário. Já estava na área há alguns anos, era editor de capa.
O site acabou de um dia para outro, briga de cachorro grande na organização global. Como numa pegadinha. Acabou. Cada um que chegava recebia a notícia. Pelo menos 60 pessoas receberam a notícia naquele dia; chegava, via todos os funcionários em pé e não acreditava. Mas era verdade, e fomos todos juntos beber. Algumas dúzias de pessoas – fazer o quê? – brindando a própria demissão.
Meses depois, de novo estagiário, soube que Pedro estava participando de um show de samba, ao meio-dia, em pleno Odeon. Fomos, eu e Emiliano (um daqueles estagiários e amigo até hoje). Mas o Pedro toca, canta? Não recordo se sabia, se fiquei sabendo apenas quando começou O samba é minha nobreza. Estava nervoso, por ele, mas bastou a primeira música para perceber que não precisava. O cara era, é bom. O show, espetáculo roda até hoje no cd duplo que vive no som lá de casa. Além de Pedro estavam no palco Teresa Cristina, Pedro Miranda, Cristina Buarque de Holanda e Mariana Bernardes. O que se escuta falar, e se estudará brevemente, como a turma do ressurgimento da Lapa no início do século XXI estava reunido naquele palco de cinema em dia ensolarado na Cinelândia.
Isso em 2002, porque de lá para cá Pedro fez outros belos shows, como Dois bicudos, parceria com Alfredo Del Penho que rendeu um cd. Pude assistir ao show duas vezes, uma vez na versão integral, no CCC, e outro em versão adaptada, no Casarão do Cunha, na Flip de 2004. Pedro fez outros shows, participações, foi fixo semanalmente no Carioca da Gema, participou do espetáculo-homenagem ao grande Lamartine Babo...
Mas, infelizmente, artista no Brasil tem essa encruzilhada. Tinha de equilibrar o trabalho como artista, cantor, com a jornada de funcionário. Num Imprensa que eu gamo, eu na ocasião desempregado, falei para ele que estava escrevendo meu romance, finalmente. Ele comentou, “pois é Izhaki (ele só me chama assim, eram três Flávios quando nos conhecemos), eu estou num ponto da carreira decisivo. Está difícil conjugar os dois trabalhos, e é insuficiente financeiramente apenas cantar. Mas essa é a hora. Se não for agora, quando?”
Pedro estava em cartaz até o último domingo com Sassaricando, mega-sucesso que lotou dois teatros cariocas nos últimos seis meses – a temporada estava prevista, inicialmente, para apenas dois meses. Partem agora (além dele, Soraya Ravenle, Eduardo Dussek, Alfredo Del Penho, Juliana Diniz e Sabrina Korgut) com suas marchinhas para São Paulo, e depois, como disse Dussek, ao final do show: Lisboa, Paris Roma, Nova York. Mas voltam ao Rio, sem dúvida alguma voltarão. E todos aplaudiram, de pé.
Estive no João Caetano no último sábado, penúltimo show da temporada e dia da gravação do dvd – presente que já prometi a alguém. Fomos, eu e Bá, à convite do próprio Pedro, que ainda nos deixou um recado na bilheteria, agradecendo a presença. Quem agradece somos nós, amigo botafoguense. Quem agradece somos nós.